Neste domingo (30), Napoli e Juventus se enfrentam mais uma vez, com a promessa de uma grande partida, válida pela 31ª rodada da Serie A, no estádio San Paolo, em Nápoles.

Ambos os times vem de vitória na última rodada, os azzurri partenopei venceram o Catania por 4 a 2, fora de casa, enquanto a Juve venceu o Parma por 2 a 1, em casa. Mas os 3 pontos servem para ambições diferentes neste momento. O Napoli deseja a vitória para se manter na cola da Roma na briga pela 2ª colocação, que dá a vaga direta para a fase de grupos da UEFA Champions League. Enquanto a Juventus, vem a cada rodada confirmando seu tricampeonato com vitórias consecutivas, e abrindo grande vantagem aos concorrentes mais próximos, justamente Roma e Napoli.

História:

A cidade de Nápoles já vive a expectativa de mais um clássico entre Napoli e Juventus, pela Serie A. Não é exatamente um Derby, como o Napoli tem com a Roma, e a Juventus tem com o Torino e a Inter, por exemplo. Mas é um jogo de rivalidade muito forte, que nasceu antes da criação das duas equipes. Um clássico que já teve 149 jogos, com 69 vitórias da Juventus, 49 empates e 31 vitórias do Napoli.

A rivalidade nasceu muito antes dos times: nasceu em 1860, em tempos de unificação italiana, quando o reino dos piemonteses (região onde se localiza Turim), invadiu o reino das duas Sicílias (onde se localizava Nápoles). E foi se aumentando com a rivalidade entre os povos. Especialmente, o povo do norte, terra industrializada, rica e bem desenvolvida, contra o povo do sul, terra mais agrária e menos favorecida. Ambos se segregam entre si. Os nortistas apelam com "lá eles tem a máfia, cuidado com sua carteira", além dos estereótipos de que "o povo do sul não gosta de trabalhar". Já os sulistas apelam com "O povo do norte é muito frio" e "A nossa culinária é melhor".

Os nortistas chamam os sulistas de "terrones", devido a uma história de que um habitante do sul, ao ver uma banheira, desconhecendo sua função, resolveu colocar terra e cultivar uma horta, ao invés de a lavar. Nasceu aí o termo "terrone", que é um dos principais para a discriminação ao povo do Sul italiano. Outro fato que é citado nos recentes fatos de discriminação é o de quando o Vesúvio entrou em erupção e destruiu a cidade de Pompéia, em 79 d.c. O fato é citado em cânticos discriminatórios em jogos contra o Napoli e até em jogos contra torcidas "irmãs" dos napolitanos, como Genoa e Catania, em cânticos como "Vesuvio, lavali col fuoco". Em tradução isso seria "Vesúvio, lave-os com fogo", em um claro pedido para que o Vesúvio destrua a região novamente. Estes cânticos discriminatórios fecharam a "Curva Sud" no Juventus Stadium durante uma partida da Serie A, e foram repetidos por outras torcidas, como as de Bologna e Roma.

Estes fatos explicam muito o porque do ódio dos napolitanos em relação principalmente aos juventinos. Jogadores famosos já vestiram as camisas dos dois clubes, como Dino Zoff, que se transferiu do Napoli para a Juventus em 1972, e a partir daí começou a fazer história no clube bianconero. Muitos já sentiram o ódio de se trocar Nápoles por Turim, como Fabio Quagliarella, em 2010, ou sentiram o ódio de uma simples especulação de uma ida para a Juventus, como Camilo Zúñiga, que teve sua ida para a Juventus altamente especulada, o que gerou revolta da torcida. Somente em casos raros, os jogadores conseguem sobreviver ao ódio entre os dois e virar ídolo das duas equipes, o que é o caso de Ciro Ferrara e Fabio Cannavaro, ambos formados no Napoli, e que posteriormente fizeram história na Juventus após fazer história no Napoli.

A rivalidade teve seu auge nos anos 80, nas lutas pelo Scudetto em que a Juventus, capitaneada por Platini, e o Napoli, capitaneado por Maradona, brigavam pelo título, e tiveram suas grandes batalhas pelo Scudetto em 1985-86, quando a Juve venceu o Scudetto, e em 1986-87, quando o Napoli deu o troco e venceu o Scudetto, com a Juve sendo vice-campeã. Rivalidade que teve capítulo internacional, com o duelo entre as duas equipes da Copa da UEFA na temporada 1988-89, em que o Napoli eliminou a Juventus com uma vitória por 3 a 0 no segundo jogo, mesmo com a Juve vencendo por 2 a 0 o primeiro. Mas a entressafra pós-Platini na Juventus, e logo depois, a grave crise financeira pós-Maradona a partir de 1991, que vitimaria o Napoli com a falência em 2004, pareciam acabar com a rivalidade dentro das quatro linhas.

Mas em 2006-07, os caminhos dos dois voltaram a se cruzar na Serie B, quando a Juventus, rebaixada após o Calciopoli, reencontrava o Napoli, que havia acabado de subir da Serie C1. Na mesma temporada, ambos voltaram a primeira divisão. Mas seus confrontos voltaram a pegar fogo especialmente em 2011-12, quando Juventus e Napoli se enfrentaram em Roma, pela final da Coppa Italia, na qual o Napoli foi campeão, conquistando seu primeiro título pós-Maradona. O troco bianconero veio em Pequim, com a vitória na Supercoppa, muito contestada pelos napolitanos graças a expulsões de Pandev e Zúñiga, que revoltaram os azzurri partenopei, que não foram a premiação naquele dia. O Scudetto de 2012-13 prometia, e Juventus e Napoli brigaram pelo título, com a Juventus sendo campeã, e ficando invicta no confronto direto contra os napolitanos, vencendo em Turim por 2 a 0 e empatando em Nápoles por 1 a 1.

Os duelos quentes entre os dois em 2012-2013, mais as provocações entre jogadores via imprensa esquentaram de vez o clássico. Em janeiro de 2013, o meia Claudio Marchisio, da Juventus, em uma entrevista ao Corriere della Sera, quando perguntado qual o jogador que ele mais tinha antipatia, ele declarou: "Não é um jogador em especial, mas uma equipe, o Napoli. Algo me acende quando enfrento eles." A declaração irritou os napolitanos, o que fez Marchisio pedir desculpas publicamente. Um ano depois, outra demonstração provocativa entre os dois foi dada por José Callejón, do Napoli, que foi fotografado usando uma camisa da Juventus como uma espécie de "papel higiênico". Estes fatos, além do último clássico, apimentam o jogo deste domingo.

Último jogo:

Juventus 3-0 Napoli:

No último duelo entre as duas equipes, a Juventus venceu com autoridade o Napoli, que apesar do placar, teve um duelo “igual” em termos de jogo, que começou com gol de Llorente a 1 minuto de jogo, após chute de Isla com desvio de Tevez. Um gol que os napolitanos reclamaram a posição irregular do espanhol no lance, mas o gol foi validado. O Napoli tentava o empate em suas subidas ao ataque, mas não conseguia concluí-las em gol, graças a Buffon, em grande noite. Os napolitanos ainda reclamaram um pênalti em que Ogbonna teria puxado Higuaín na área, mas o árbitro nada marcou. O jogo consistia em chances para os dois lados, tanto de bianconeros, quanto de azzurri partenopei. O segundo tempo teve em boa parte o Napoli tentando o empate e a Juventus chegando através de contra-ataques. A reação partenopei chegava, até que em falta próxima ao gol de Reina aos 29 minutos, o banho de água fria: Pirlo cobrou a falta no ângulo de Reina e marcou o segundo da Juve. O Napoli ainda tentou diminuir, mas sofreu o tiro de misericórdia aos 35 minutos, quando Pogba, após receber de Vidal, dominou a bola na meia altura e chutou forte, sem chances de defesa para Reina, e fechou o placar em 3 a 0 para a Juventus.

Napoli:

Boas notícias antes do clássico para os napolitanos. Primeiro, o lateral-esquerdo Ghoulam volta de suspensão. Segundo, o atacante Mertens volta de lesão, e começará no banco. Além do descanso dos titulares habituais, como o atacante Higuaín, que ficou no banco na vitória por 4 a 2 sobre o Catania no meio de semana. O Napoli continua com os desfalques de Maggio e Mesto, lesionados, na lateral-direita, mas a preocupação quanto a isso diminuiu graças a boa partida de Henrique na quarta-feira na posição. Para a partida, além da volta de Higuaín, teremos também as voltas de Inler e Albiol ao time titular, após serem poupados na última partida.

Para a partida deste domingo, o treinador Rafa Benítez não abrirá mão de seu habitual esquema 4-2-3-1 para tentar vencer a Juventus, que os azzurri partenopei não vencem há 4 jogos.

Desfalques: Zúñiga, Rafael, Maggio (lesionados)

Pendurados: Pandev, Dzemaili, Maggio, Mertens

Provável banco: Doblas, Colombo, Reveillere, Britos, Behrami, Mertens, Bariti, Dzemaili, Radosevic, Zapata, Pandev

Fique de olho:

Higuaín não é talvez o jogador mais amado dos napolitanos á toa. Além da identificação com a torcida, o atacante vem fazendo valer o investimento que fez o Napoli buscar o atacante argentino junto ao Real Madrid. Ele é o terceiro na lista de artilheiros da Serie A, com 14 gols, e só fez menos gols que Tevez, da Juventus (18 gols), e Immobile, do Torino (17 gols). Além disso, ele é o artilheiro do Napoli na temporada com 21 gols em todas as competições. Nos clássicos nesta temporada, marcou nos dois duelos contra o Milan, marcou no duelo contra a Roma na Coppa Italia, além de ter marcado nos clássicos contra a Internazionale, e nos dois contra a Lazio nesta temporada.

Juventus:

Ao contrário do Napoli, a Juventus vem com um grande desfalque para o clássico. Nada mais, nada menos do que o artilheiro da Juve na temporada, e o artilheiro da Serie A, o argentino Tevez, que recebeu o terceiro cartão amarelo na vitória no meio de semana contra o Parma por 2 a 1. Para a partida contra o Napoli, o treinador Antonio Conte aposta em Osvaldo para substituir Tevez. O ítalo-argentino marcou 2 vezes em 10 partidas jogadas desde que chegou a Juve, em janeiro, por empréstimo junto ao Southampton. É pouca a probabilidade de Marchisio estar no time titular que Antonio Conte levará ao San Paolo para a partida. O mesmo caso se aplica para Isla e Giovinco.

Para vencer e se aproximar cada vez mais do tricampeonato, Antonio Conte também não abrirá mão de seu esquema original, o 3-5-2:

Desfalques: Ogbonna, Peluso, Pepe, Barzagli (lesionados), Tevez (suspenso)

Pendurados: Llorente, Vidal

Provável banco: Storari, Rubinho, Romagna, Isla, Marchisio, Padoin, Giovinco, Quagliarella, Vucinic

Fique de olho:

Llorente é o vice-artilheiro da Juventus na Serie A, ao lado de Vidal, com 11 gols, e deve virar o centro das atenções no ataque bianconero nesta partida, pois o principal "matador" da equipe, o argentino Carlos Tevez, não joga por estar suspenso. É o terceiro na lista de artilheiros da Juve na temporada, atrás dos próprios Tevez e Vidal, com 19 e 18 gols, respectivamente. Em grandes duelos, Llorente marcou nas duas partidas contra o Real Madrid, pela UEFA Champions League. Nos clássicos, Llorente marcou contra o próprio Napoli no primeiro turno, e contra Milan e Lazio, no segundo turno.

(Fotos: Getty Images)

(Escalações prováveis: La Gazzetta dello Sport)