O mundo do futebol ainda é cheio de segredos, apesar de toda a tecnologia existente dentro e no entorno dos campos do globo inteiro. Uma das atividades que segue sendo pouco revelada de maneira integral é a do olheiro. Na Itália, um time se destaca mais do que os demais, a Udinese, da família Pozzo (dona também do Watford [ING] e do Granada [ESP]) que gasta quase € 7 milhões por ano com profissionais em busca dos melhores talentos em torno do planeta e o balanço do clube só da razão a tal prática e a venda.

Já pensou na carga horária? Viajar praticamente todos os dias, vendo jogos nos mais diversos níveis, seja por televisão ou , sob chuva para ver aquele armador, aquele atacante ou o vigoroso zagueiro que provavelmente nem sabe que você está ali. Este é o olheiro, vivendo nas sombras dos olofotes gigantescos do futebol profissional em prol de algo que poucos clubes têm: dinheiro. Ora, nem todo talento é para ser usado pelo seu clube ao qual defende, mas como todo profissional este jogador pode servir a outra agremiação. Esta é a vida de 124 olheiros contratados pelos 20 clubes da Serie A italiana.

A Lazio é uma equipe que, ao menos de maneira oficial, não demonstra mas o excelente contato com agentes faz o time revelar nomes como Keita, Tounkara e Perea sem nem ter um olheiro mas poucos são assim. A Udinese é a campeã absoluta, como citamos, mas nem mesmo a atual tricampeã Juventus chega perto. O time de Turim gasta € 1,2 milhão anual com seus 11 olheiros espalhados, enquanto a Udinese gasta com 15, o que evidencia a frequência com que os contratados viajam e a diferença do primeiro e do segundo nesta tabela sem pontos.

Enquanto a Juve há anos não revela talentos que se tornam titulares na equipe, como Marchisio (desde os 7 anos no clube, hoje com 27), a outra bianconera não só trouxe Alexis Sánchez (em 2006) por € 1 milhão junto ao Cobreloa, da Colômbia, como o vendeu ao Barcelona cinco anos depois por € 37 milhões, dando a chamada plusvalência um sinal de que coisas podem ser feitas, sem contar no talento do chileno que ajudou o time sem pretenções de titulos a disputar competições europeias.

Com a crise, o número diminuiu: o Chievo tinha 16 e passou para oito; a Inter tinha quase 20 e agora tem nove, e com esses gastos, € 800 mil por ano, – e isto não quer dizer que se "bisbilhota" de maneira pior em sertames de vários níveis, mas sim que a fórmula muda de uma diretoria para a outra e as finanças – é que ditam as leis.

O Palermo voltou da Serie B agora, mas Javier Pastore, hoje no Paris Saint-Germain, rendeu muito dinheiro ao clube anos atrás: € 15 milhões para trazê-lo do Huracan. Preço alto? Praticamente dois meses depois de sua chegada à ilha da Sicília, os parisienses o compram por € 45 milhões em 2011. O clube rosa e negro não revela o quanto gasta com seus cinco olheiros, porém deu certo com o argentino. Genoa com seis e Napoli com quatro também não revelam o valor, mas os sulistas deverão faturar muito caso vendam Mertens (adquirido por € 9,5 milhões), ou como Lavezzi e Cavani, vendidos por fortunas ao PSG em anos distintos.

Um caso curioso é o de Kaká: quando deixou o São Paulo, em 2003, por € 8,3 milhões, o jogador se tornou o melhor do mundo no Milan e venceu inúmeros títulos. Além deste dinheiro, sua venda de € 67 milhões para o Real Madrid em 2009, apesar da raiva da torcida com o presidente Sílvio Berlusconi, acarretou em quitação de muitas dívidas, evidenciando a crise já existente.

Um clube interessante a se fazer uma análise nos anos próximos é a Roma. A nova rica, digamos assim, gasta € 200 mil com cinco olheiros espalhados, mas além disso a intuição dos diretores Sabatini, Beccaccioli e Massara, que pagam o aplicativo WyScout na versão mais cara, custando € 3900 por mês (!) para ver do seu computador jogos menores e jogadores em todos os cantos do mundo mas mesmo assim hoje em dia compra mais do que revela. Qual o melhor, qual dá certo? Dará certo? Dúvidas comuns no incerto mundo do futebol.

A riqueza dos clubes, aparentemente, é em grande parte das vendas de camisas e direitos de televisão, além de ingressos, patrocinadores e etc., mas há também os clubes que fazem o seu caixa se enxer, em grande parte por conta de talentos que vem e vão depois de deixar seu futebol, exibí-lo, encantar outro clube que vai e compra. Sánchez, Asamoah, Benatia, Isla, Pereyra, Basta e tantos... Chile, Gana, Ásia, América, qualquer lugar que uma bola estiver rolando, lá estará alguém... Interessado ou não, pelo talento ele procura, com o talento do jovem ele faz mágica, ele faz chover... dinheiro.