Depois de ter comprado o clube há 20 anos atrás, no qual foi presidente por 18, Massimo Moratti, hoje é apenas mais um torcedor na arquibancada. Mesmo ainda tendo parte das ações do clube, ele se desligou totalmente do time nerazzurro, e numa entrevista longa ao jornal Corriere dello Sport ele fez revelações inéditas durante o tempo em que esteve em Milão como dono e presidente do clube.

Para muitos ele ainda está lá, já outros dizem que ele sera sempre o único presidente. Os títulos, as contratações e o seu lado torcedor conquistaram e fizeram de Massimo Moratti um ídolo, que sempre será reverenciado no lado nerazzurro de Milão. Completados 20 anos em que a sua família retornava e comprava de volta a Internazionale, clube no qual seu Pai, Angelo Moratti, nos anos 60 e 70, havia começado a escrever a história em que Massimo Moratti daria continuidade anos depois. Após montar o time dos sonhos e conquistar a triplice coroa com a Internazionale, Moratti hoje está longe de seu amado time. Depois de vender 70% das ações para o indonésio Erick Thohir, em novembro de 2013, ele se desligou de uma vez ao renunciar aos cargos que ele e seus filhos haviam sido nomeados no conselho administrativo do time.

Em entrevista longa ao jornal Corriere dello Sport, o ex-mandatário nerazzurro fez revelações inéditas sobre sua gestão, fatos que ninguém, ainda, tinham conhecimento. Moratti disse que na sua chegada a Milão, as primeiras contratações que tinha em mente era a de Roberto Mancini, hoje treinador da Internazionale e o técnico mais vitorioso na sua era, e Éric Cantona, que teria vindo a Milão se não fosse aquela voadora:

“Quando cheguei, a primeira ideia que eu tinha, no momento da compra da equipe, era contratar Cantona e Mancini. Eu fui a Londres e assisti aquele jogo em que Cantona aplicou um chute de kung fu no torcedor do Crystal Palace, e depois daquilo ele decidiu ficar em Manchester. Já Mancini era intransferível, o presidente da Sampdoria não queria causar um mal estar com a torcida. Seria uma dupla fantástica, digno da tradição da Inter" - disse Massimo, afirmando ainda que Cantona esteve bem próximo de se transferir a Itália.

Sem Cantona e Mancini, Moratti resolveu então investir em outro jogador do momento, e que surpreendeu a muitos no futebol mundial, e ele sabia disso: “Em Junho de 1997 contratamos Ronaldo, foi o melhor investimento desses meus 18 anos como presidente da Inter. Ele era forte, inalcançável com sua habilidade e velocidade, e ninguém se quer pensava que poderíamos trazê-lo, afinal, ele era do Barcelona"- afirmou o ex-mandatário do clube.

Massimo também rasgou elogios a outro atacante, Zlatan Ibrahimovic: "Ele (Ibrahimovic) tem dons extraordinários, mas, sobretudo, te faz vencer. Com ele conquistamos três campeonatos. Dias atrás eu revi o jogo contra o Parma, em maio de 2008 (no qual Ibra fez dois gols e foi um dos principais atletas na conquista do 16º scudetto da Internazionale). Ibrahimovic foi um grande jogador, uma pena não ter conquistado o que queria jogando na Inter” – disse Moratti, que ainda revelou uma “profecia” do sueco na sua despedida:

“Após a última sessão de treinos com a equipe nos Estados Unidos, antes de tomar o avião e voar para Barcelona para assinar com o clube catalão, cumprimentou seus companheiros de equipe e disse que havia sido muito bom ter jogado ao lado deles, mas que sem ele não ganharíamos mais nada. Felizmente isso não aconteceu" – recordou aos risos o ex-presidente, que no ano seguinte a saída de Zlatan comemorou as conquistas da tríplice coroa, feito de poucos na Europa.

Moratti também revelou que em 2007 tentou contratar Francesco Totti, mas não obteve sucesso: "Eu estava em Roma com o presidente Sensi, estávamos fechando a contratação de Chivu e falei que se ele quisesse vender o Totti era só dizer o preço. Mas ele nem sequer pensou um segundo, disse que não, Totti permaneceria em Roma e jamais seria vendido” - concluiu.

De final, o ex-mandatário disse o porque vendeu a maioria de suas ações e explicou o porque deixou o conselho administrativo do clube: "Eu nunca pensei em ser o presidente o resto da vida, e quando eu percebi que era necessário mudar, para dar impulso ao time, decidi vender a parte majoritária. Thohir é jovem, ele quer mudar e vai fazer isso muiti bem. Sua família tem grandes recursos financeiros, ele quer administrar e com razão. Com o meu filho e Ghelfi decidimos sair porque havíamos criado uma situação não muito agradável. O silêncio dos líderes após as palavras de Mazzarri sobre mim não foi agradável. Mas eu sou amigo de Thohir e este episódio não afetou nosso relacionamento, que permanece excelente. Acho que agora ele entendeu que a Inter é um clube diferente de qualquer outro. Primeira e única. E isso se aplica a todos: gestores, treinadores e jogadores" - conclui assim Massimo Moratti, que segue frequentando as tribunas do Giuseppe Meazza, mas agora é apenas mais um torcedor esperançoso na arquibancada.