Em março de 2011, enquanto vivia uma das melhores temporadas de sua carreira no Barcelona, o defensor francês Éric Abidal foi diagnosticado com um câncer no fígado. Em entrevista ao jornal inglês Daily Mail, o ex-jogador revelou que o lateral brasileiro Daniel Alves, à época seu colega de equipe, ofereceu a ele parte do fígado, para lhe ajudar no tratamento da doença.

No Barça há quatro temporadas, o prata da casa do Monaco e ex-jogador de Lille e Lyon foi convocado a fazer uma avaliação de sua forma física, e os médicos constataram a grave enfermidade. "Na época eu não entendi. Sempre fui cuidadoso com meu corpo e minha saúde. Minhas performances em campo eram boas. Então, quando soube que tinha a doença, fiquei chocado", afirmou.

"Quando anunciei que precisava de um transplante de fígado, Dani Alves me ofereceu seu fígado", afirmou Abidal (Foto: Dani Pozo/AFP/Getty Images)

"(O câncer) Pode acontecer com qualquer um, em qualquer idade. Não importa o trabalho que você esteja fazendo. Você pode ter todo o dinheiro do mundo, ter tudo que você quer, mas nada pode prepará-lo para o câncer", concluiu.

Na fase final da Uefa Champions League 2010/2011, Abidal retornou aos gramados depois de se recuperar de uma intervenção cirúrgica. Foi peça importante no título do Barça, conquistado após a vitória de 3 a 1 sobre o Manchester United na decisão, em Wembley. Capitão dos culés, o zagueiro espanhol Carles Puyol transferiu a braçadeira ao francês naquele jogo, permitindo-lhe levantar a taça do torneio continental.

Foto: Laurence Griffiths/Getty Images

Apesar disso, os problemas não cessaram. Em março de 2012, o defensor recebeu a notícia de que deveria passar por um transplante de fígado. É aí que Daniel Alves entra na história. "Quando anunciei que precisava de um transplante de fígado, Dani Alves me ofereceu seu fígado. Ele estava falando sério, mas eu não pude aceitar isso. Ele também tem uma família e uma carreira. Era demais", disse Abidal.

"Durante sete meses, eu não fiz nada. Não tinha forças. Não praticava esporte, não treinava. Foram dias difíceis. Eu tinha medo de não poder voltar a jogar. Não deixava os jogadores do Barça virem ao hospital porque não queria que as pessoas me vissem do jeito que eu estava", explanou.

Realizada no mês seguinte, a operação foi bem sucedida. O zagueiro, que também jogava na posição de lateral, retornou às atividades no segundo semestre. A primeira partida pós-vitória contra o câncer foi um jogo-treino do Barcelona B contra o Istres, da França, em março de 2013.

Em abril, voltou a disputar uma partida oficial ao substituir o zagueiro Gerard Piqué no segundo tempo do duelo frente ao Mallorca, vencido pelo clube catalão por 5 a 0. No momento da entrada, foi ovacionado pelos torcedores no Camp Nou. Duas semanas mais tarde, jogou os 90 minutos da vitória de 1 a 0 sobre o Levante.

Campeão nacional na temporada 2012/2013, o Barcelona viu o troféu da liga espanhola ser levantado por Abidal e Tito Vilanova. Técnico da equipe àquele tempo, Vilanova também lutava contra um câncer - por sua vez, na garganta - e veio a falecer em abril de 2014.

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Após o título, o francês se despediu do Barça e retornou ao Monaco, primeiro clube de sua carreira. Pendurou as chuteiras no final de 2014, no Olympiacos. Duas passagens rápidas, mas que, para o próprio Abidal, tiveram grande significado: jogar depois de vencer uma doença a qual faz mais vítimas a cada ano. Hoje, o ex-atleta mantém a Éric 22 Abidal Foundation, que ajuda pessoas com câncer. O número 22 é uma alusão à numeração de sua camisa enquanto jogava.