Invicto na Copa Libertadores da América de 2015, o Tigres UANL vem chamando a atenção dos acompanhantes da competição continental. Atuais vice-campeões do Torneio Apertura da Liga MX - sucumbiram diante do América -, os Felinos foram donos do segundo melhor ataque da fase de grupos da Libertadores: 16 gols em seis jogos, atrás apenas dos 19 gols do Boca Juniors. Lideraram o Grupo 6 com 14 sobras, superando ninguém mais e ninguém menos que o gigante River Plate, que se classificou aos trancos e barrancos na segunda posição. A equipe treinada por Ricardo Ferretti somou 14 pontos, acumulados com quatro vitórias (4 a 0 e 1 a 0 sobre o San José e 3 a 0 e 5 a 4 diante do Juan Aurich) e dois empates (ambos frente ao River: 2 a 2 e 1 a 1).
Nas oitavas de final, o time mexicano teve pela frente o surpreendente Universitario de Sucre. A vitória por 2 a 1, de virada, em território boliviano encaminhou a vaga às quartas. Assim como na ida, ela veio com muito suor. Um empate por um gol em casa bastou para a segunda presença entre os oito melhores do certame - a primeira foi em 2005, logo na primeira participação. Agora, tem pela frente o Emelec, que eliminou o Atlético Nacional em eliminatória dramática - depois de vencer na ida por 2 a 0, teve de se segurar com um homem a menos no jogo da volta desde o final do primeiro tempo e saiu derrotado pelo placar mínimo, o suficiente para se classificar.
O presidente Alejandro Rodríguez já garantiu que os Universitarios não querem parar por aí. "A torcida quer a Copa Libertadores, então vamos lutar por ela", disse em entrevista coletiva.
Um clube do México, país cuja federação pertence à Concacaf mas participa de competições da Conmebol como "convidado de honra", jamais conquistou a Copa Libertadores. Os escretes os quais chegaram mais perto foram Cruz Azul - em 2001, quando foi derrotado pelo Boca Juniors nos pênaltis - e Chivas Guadalajara - em 2010, depois de cair diante do Internacional. Para chegar ao tão sonhado topo da América, o Tigres deposita sua esperança em diversos jogadores.
Artilheiro do time no Clausura da Liga MX, o atacante Rafael Sóbis, ex-Internacional, Bétis e Fluminense, é uma das estrelas do elenco. Com sete gols no campeonato nacional e três na Libertadores - foi o autor do tento da classificação diante do Universitario de Sucre -, o brasileiro vem caindo nas graças da torcida. Seus companheiros na posição são o equatoriano Joffre Guerrón e o mexicano Enrique Esqueda.
Outro velho conhecido da torcida brasileira - conquistou a Libertadores com a LDU em 2008, contra o Fluminense, e defendeu Cruzeiro e Atlético-PR -, Gerrón divide a artilharia da equipe na competição internacional justamente com Esqueda: cada um balançou as redes quatro vezes. Ao todo, são 26 gols em 39 jogos pelo clube. Já o mexicano está emprestado pelo Pachuca e, até então, vem correspondendo: fez hat-trick na épica vitória sobre o Juan Aurich no Peru e foi responsável por um dos tentos no último clássico contra o Monterrey, vencido pelo UANL por 3 a 0.
Na volância destaca-se o experiente uruguaio Egidio Arévalo, de 33 anos, presente com a Celeste nas duas últimas Copas do Mundo e campeão da Copa América de 2011. O cabeça de área coleciona mais de 30 jogos pelo Tigres e marcou dois gols na atual edição da Libertadores. Mais à frente, no meio-campo, a mira dos holofotes é o argentino naturalizado mexicano Damián Álvarez. Presente nos Auriazules desde 2010, acumula mais de 150 jogos.
Com a contusão do zagueiro brasileiro Juninho, ex-Coritiba, Botafogo e São Paulo e outro integrante de longa data do clube - no Tigres desde 2010, é um ícone da equipe -, a braçadeira de capitão tem como proprietário o também zagueiro Hugo Ayala. Assim como Ayala e Juninho, o lateral Jorge Torres Nilo também está no clube da cidade de San Nicolas de los Garza desde 2010. A experiência dos defensores é importante para o entrosamento e a solidez no setor.
A responsabilidade de fechar a meta cabe ao argentino Nahuel Guzmán, goleiro da equipe desde o ano passado.
O papel de guiar o elenco está nas mãos do brasileiro Ricardo Ferretti. Cidadão mexicano desde 2006, "Tuca" está em sua terceira passagem pelo Tigres UANL. A primeira foi de 2000 a 2003, a segunda durou apenas uma temporada (2006), e a atual se inicou em 2010, sendo a mais longa até então. Toda a carreira de Ferretti na área técnica se resume ao futebol mexicano: também já treinou Pumas, Chivas Guadalajara, Toluca e Morelia. Como jogador, defendeu os cariocas Botafogo, Vasco e Bonsucesso e se consolidou no México, ao vestir as camisas de Atlas, Pumas, Deportivo Neza, Monterrey e Toluca.
Conhecido por assumir times em situações complicadas e levá-los à parte de cima da tabela, Ricardo Ferretti é um dos treinadores mais vitoriosos do México. Possui três títulos de primeira divisão (com Chivas, Pumas e Tigres), um da Copa MX (com o Tigres) e um Campeón de Campeones (uma espécie de Supercopa do México, com o Toluca). A conquista mais importante é a da Concachampions de 2003, também com o Toluca. "Tuca" é adepto do futebol ofensivo e tem temperamento alto: seu estilo "mão de ferro" e suas declarações polêmicas já lhe renderam diversas expulsões e suspensões. Apesar disso, é bastante respeitado em solo mexicano.
O Tigres UANL não se destaca somente dentro de campo nesta Copa Libertadores. Fora dele, a torcida vem exercendo papel fundamental, sempre comparecendo em bom número ao Estádio Universitário e apoiando o escrete. A média de público na fase de grupos foi de 37.764 torcedores por jogo, e x pessoas estiveram presentes na partida contra o Universitario de Sucre. Considerada uma das torcidas mais fervorosas do México, a hinchada dos Felinos é mais uma arma dos mexicanos na caminhada rumo ao sonho de conquistar a América.
Costuma-se dizer que as equipes do México deixam a Libertadores de lado, mas os Auriazules garantem que priorizam o torneio e vão em busca da taça. "Sabemos da responsabilidade que temos e o mínimo é que vamos fazer de tudo dentro de campo para conquistar vitórias", disse o lateral Torres Nilo em recente entrevista coletiva.
Já eliminados do Clausura da Liga MX - lideraram a primeira fase com 29 pontos e sucumbiram diante do Santos Laguna nas quartas de final -, os tigres universitários devem jogar todas as fichas na Copa Libertadores. Para eles, o céu é o limite.