No próximo sábado (4), o Chile entrará em campo mirando um sonho. Contra a Argentina, a seleção anfitriã da Copa América de 2015 buscará o primeiro título oficial de sua história. Até hoje, a maior glória de La Roja é o terceiro lugar na Copa do Mundo de 1962, ano em que sediou o maior torneio de futebol do planeta. Na competição continental, quatro vice-campeonatos (1955, 1956, 1979 e 1987) foram os melhores desempenhos.

A atual geração de jogadores chilenos é considerada a melhor da história do país. Na Copa realizada em terras brasileiras, o Chile foi vice-líder do Grupo B, que também contava com as atuais campeã e vice-campeã mundiais (Espanha e Holanda, respectivamente). Os sul-americanos somaram seis pontos e ficaram atrás somente da Holanda. Nas oitavas, jogaram de igual para igual com a seleção anfitriã do torneio e sucumbiram nos pênaltis.

Mas como o Chile se tornou uma seleção respeitável no continente americano? O trabalho consolidado pelo técnico argentino Jorge Sampaoli começou na valorização de jogadores da base. Em 2007, os chilenos ficaram em terceiro lugar na Copa do Mundo Sub-20, no Canadá, sendo este o melhor resultado do selecionado nacional no mundial da categoria.

Àquele ano, a seleção contava com o volante Arturo Vidal (28 anos) e o atacante Alexis Sánchez (26 anos), principais nomes do elenco atual. Hoje eles também são peças importantes da Juventus e do Arsenal, respectivamente. Também estavam naquele plantel da Sub-20 e marcam presença no atual grupo principal o lateral-direito Mauricio Isla e o zagueiro Gary Medel - da Juventus e da Internazionale, respectivamente; ambos com 27 anos.

Alexis Sánchez (à esquerda) e Arturo Vidal (centro), destaques no Mundial Sub-20 de 2007 e grandes nomes da seleção principal, ao lado de Eduardo Vargas (à direita), hoje artilheiro da Copa América com quatro gols (Foto: AFP/Getty Images)

Os jovens talentos mais recentes são o lateral-esquerdo Eugenio Mena (26), do Cruzeiro, o meia Charles Aránguiz (26), do Internacional, e o atacante Eduardo Vargas (25), do Napoli. A promessa da vez é o atacante Ángelo Henríquez (21), jogador da base do Manchester United e o mais jovem da delegação que disputa a Copa América.

Como toda seleção que se preze, o Chile mescla juventude com experiência. Entre os atletas mais experientes estão Claudio Bravo (32), jogador com mais partidas por La Roja (93) e goleiro do Barcelona, o zagueiro José Rojas (32), da Universidad de Chile, os meias Jorge Valdívia (31) e Jean Beausejour (31) - de Palmeiras e Colo-Colo, respectivamente -, e o atacante Mauricio Pinilla (31), do Genoa.

Terceiro jogador mais velho entre os convocados para a Copa América (superado apenas pelo meia David Pizarro, 35, e pelo também goleiro Johnny Herrera, 34), o goleiro e capitão Claudio Bravo, 32, é o nome que mais vezes vestiu a camisa da seleção chilena (Foto: Getty Images)

Nomes como esses ajudaram o Chile a se classificar para as duas últimas Copas do Mundo (2010 e 2014), depois de o país ter ficado ausente das duas edições anteriores (2002 e 2006). O legado começou com Marcelo Bielsa, técnico entre 2007 e 2011. Nesse período, a equipe chegou às quartas da Copa América de 2007 - sucumbiu diante da Seleção Brasileira -, ficou em segundo lugar nas Eliminatórias para o Mundial de 2014 e caiu nas oitavas da Copa - o Brasil novamente foi o algoz.

Após trocar farpas com Jorge Segovia, então presidente da federação chilena, "El Loco" deixou o cargo. Para seu lugar veio o compatriota Claudio Borghi, que comandou a seleção por apenas um ano e nove meses e saiu depois de colecionar maus resultados.

Eis que o treinador passa a ser o também argentino Jorge Sampaoli, discípulo de Bielsa. Após um ótimo trabalho na Universidad de Chile, com três títulos do campeonato nacional (duas edições do Apertura, de 2011 e 2012, e uma do Clausura, de 2011) e uma taça da Copa Sul-Americana (2011), "Don Sampa" veio com a missão de levar o Chile ao Mundial do Brasil. E conseguiu: a vaga veio com o terceiro lugar nas Eliminatórias.

Trabalho que deu ao Chile maior prestígio entre as seleções da Conmebol começou com Marcelo Bielsa (Foto: Getty Images)
"Bielsista" declarado, Jorge Sampaoli quer entrar para a história da seleção do Chile com um título em território chileno (Foto: Getty Images)

Adepto de um estilo de jogo ofensivo, que ocupa os lados do campo e pressiona bastante a defesa adversária, Sampaoli estuda os oponentes da forma mais aprofundada possível, para se sobressair em campo. Três defensores, dois laterais, um volante, um meia armador, dois pontas e um centroavante são o esboço de sua formação usual.

Como é de praxe no futebol, vê-se que não basta ter bons jogadores. Também é necessário treinar a parte tática e exigir de cada um o máximo de dedicação. Com um grupo unido e qualificado e um técnico que a cada jogo ganha mais respeito, La Roja quer conquistar sua primeira taça.

Na Copa América deste ano, são quatro vitórias (2 a 0 contra o Equador, 5 a 0 sobre a Bolívia, 1 a 0 diante do Uruguai e 2 a 1 no clássico frente ao Peru) e um empate (2 a 2 com o México). Em todas elas, viu-se um futebol de encher os olhos. Agora, o sonho de uma nação está separado por um jogo. Apoio é o que não vai faltar em casa.