O que era apenas uma questão de tempo para acontecer, aconteceu. O Real Madrid anunciou na tarde deste sábado (11) a saída do goleiro Iker Casillas, que seguirá rumo ao Porto. Foram 25 anos de serviços ao clube merengue, desde as categorias de base, com a famosa "La Fábrica", nome dado ao "sistema" das categorias de base merengue, até a sua última partida com o uniforme merengue, mais exatamente no dia 23 de maio deste ano, quando o Real Madrid derrotou o Getafe por 7 a 3.

Começo duro, mas sonho atingível

Nascido na comunidade de Móstoles, que fica em Madrid, Casillas sempre considerou a capital da Espanha como sua cidade. Como já dito, Casillas começou muito cedo na base merengue, mais exatamente em 1990. Oriundo de uma família pobre, Iker sempre sonhou em ser jogador de futebol. Seu pai, José Luis Casillas, era um civil no Ministério da Educação em Madrid, enquanto sua mãe, María del Carmen Fernández González, era cabelereira, e ambos queriam o melhor para o filho, apoiando na decisão do próprio em ser jogador.

Após passar oito anos nas categorias de base do clube, Casillas foi finalmente para as "bases de cima" do clube, mais exatamente o Real Madrid C, ficou entre 1998 e 1999, e para o Real Madrid Castilla, ou Real Madrid B, onde atuou em apenas quatro jogos, subindo para o time principal em 1999 de forma oficial, já que em 27 de novembro de 1997, com apenas 16 anos, ele foi chamado para compor o banco no jogo contra o Rosenborg, pela fase de grupos da Uefa Champions League daquele ano.

Chegada ao time principal e dificuldade no começo

Casillas chegou ao clube principal em 1999, com apenas 18 anos, chegando, claro, como banco do goleiro alemão Bodo Illgner. Iker sabia que teria que lutar bastante para ser titular no gol merengue, ainda mais por toda a história que aquela posição representava. Durante boa parte da temporada 1999/2000, Illgner foi o titular, mas no final da mesma, Casillas ganhou a vaga como titular e chegou a disputar a grande final da Uefa Champions League daquele ano, quando os merengues venceram o Valencia por 3 a 0. Naquela oportunidade, Iker tinha apenas 19 anos, se tornando o goleiro mais novo da história à disputar uma decisão de UCL.

Com muita moral, tudo indicava que Casillas seria o goleiro na temporada 2000/01, e foi o que aconteceu. Iker, que começou a usar o uniforme #25 naquela temporada, fez uma boa temporada, atuando em 47 partidas naquela oportunidade, fazendo até que Bodo Illgner deixasse o clube após o fim daquela temporada. Naquela temporada, o Real Madrid campeão da La Liga e eliminado na fase semifinal da Uefa Champions League.

Diferente da temporada 2000/01, e já com a camisa #1, Casillas teve muitas dificuldades na temporada 2001/02, muito por conta de péssimas atuações em sequência durante a temporada, tanto que Iker acabou perdendo a posição para Cesar Sanchez no meio da temporada. Na final da Uefa Champions League, contra o Bayer Leverkusen, Sanchez foi o goleiro, mas nos minutos finais teve de ser substituído por Iker, que fez defesas espetaculares no final e garantiu mais um título da UCL para os merengues.

Período de "seca" na Uefa Champions League, titular absoluto e um dos melhores goleiros da Europa

Depois de altos e baixos nos seus primeiros anos pelo clube, Casillas finalmente conseguiu se firmar como arqueiro merengue. As grandes atuações voltaram a aparecer e o jovem goleiro de Móstoles já era um dos jogadores mais respeitados não só no futebol espanhol, mas como em todo o mundo. A regularidade estava parecendo sobre Iker.

Entre a temporada 2002/03 e a temporada 2009/10, o Real Madrid passou por muitos altos e baixos. Mesmo com a fase dos Galáticos, com Zidane, Roberto Carlos, Figo, Beckham e Ronaldo, os merengues, que ainda são os maiores campeões da Uefa Champions League, passaram por uma seca gigante no torneio mais importante de clubes da Europa, mas Casillas passava de longe de ser um dos responsáveis por aquela sina, até porque o camisa 1 merengue foi sensacional durante estes anos, se tornando, até, um dos melhores goleiros da Europa e, quem sabe, do mundo.

Durante estas oito temporadas, Casillas foi campeão, com o Real Madrid, da La Liga (3x; 2002/03, 2006/07 e 2007/08) e da Supercopa da Espanha (2x; 2003 e 2008), além conquistar alguns títulos individuais, dentre eles, Casillas venceu o famoso Zamora Trophy, dado ao goleiro que menos gols sofreu na La Liga. Naquela oportunidade, Iker sofreu incríveis 32 gols em apenas 36 jogos. Foi, provavelmente, a melhor época da carreira de Casillas com os merengues.

Turbulência, irregularidade e insatisfação da torcida terminam em saída do ídolo

Esta década foi bastante complicada para Casillas. Mesmo acumulando sete títulos pelos merengues durante estes cinco anos, não foram bons dias para Iker no gol merengue. A chegada de Jose Mourinho era muito esperada e tudo se mostrava acabar em dias melhores para o Real Madrid... mas não para Casillas. Ok, nas duas primeiras temporadas com Mourinho no comando, Casillas foi titular absoluto, mas na temporada 2012/13 tudo começou a desandar para o arqueiro.

É normal ver alguns times terem dois grandes goleiros no plantel e fazerem um certo "rodízio" no elenco, mas a história era um pouco diferente no Real Madrid. Mourinho começou a usar Diego Lopez com mais frequência, deixando Casillas "de lado". Rumores de problemas de relacionamento entre ele e Mourinho acabaram com o português deixando o cargo. Casillas fez um total de 26 partidas pelo clube naquela temporada.

Com Carlo Ancelotti a história prometia ser diferente... só prometia. Na temporada 2013/14, Casillas passou por alguns problemas de contusão, além de que Ancelotti continuava o rodízio deixado por Mourinho, utilizando Diego Lopez apenas na La Liga, enquanto Casillas atuava na UCL e na Copa del Rey. Deu certo e os merengues foram campeões da UCL e da Copa do Rei, mas a insatisfação continuava.

Veio a temporada 2014/15, e com a saída de Diego Lopez, mesmo com a chegada de Keylor Navas, esperava-se que Casillas atuasse mais... e foi o que aconteceu. Mas algumas falhas importantes e vaias, sim, vaias da torcida merengue, foram o ponto final de uma linda história.

Real Madrid perde mais que um grande jogador: perde um ídolo

Não são apenas títulos que marcam a passagem de Casillas pelo Real Madrid. Tudo que ele representa na história do clube é coisa de outro mundo. Toda a entrega, desde pequeno à serviço do clube, são fatores para se levar em conta. Os merengues não perdem um jogador qualquer, e sim um dos maiores ídolos da história do clube.

Sim, podemos colocar Casillas ao lado de jogadores como Alfredo Dí Stefano, Fernando Hierro, Zinedine Zidane e Raul Gonzalez entre os grandes ídolos da história de um dos maiores clubes da história do futebol. Os torcedores que vaiaram Casillas em algumas partidas sentirão uma leve dor no coração por conta da saída de um grande ídolo, um verdadeiro ícone merengue.

Não são apenas torcedores do Real Madrid que sentem um aperto no coração ao saber da saída de Casillas. Muitos admiradores do futebol também ficam tocados com o fim de uma era no futebol espanhol. Um dos grandes ícones do futebol na Espanha parte para novos rumos. Nosso grande obrigado e boa sorte na sua nova caminhada, Iker. #GracíasIker

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