Nestas últimas semanas, a Juventus anunciou seu novo camisa 10 para a próxima temporada. O francês Paul Pogba, de apenas 22 anos, ganhou a honra de utilizar um número de tamanha importância na história da Vecchia Signora, herdando do argentino Carlitos Tévez.

A recente janela de transferências foi providencial na relação de Pogba com a Juventus, pois o atleta rejeitou várias propostas de outros clubes para permanecer na equipe de Turim, aumentando mais ainda o carinho dos torcedores pelo jovem jogador. Portanto, logo após a saída de Tévez rumo ao Boca Juniors, quase que nenhum outro jogador bianconero poderia merecer a camisa 10 da Vecchia Signora como Pogba.

A entidade Juventus Football Club foi fundada em 1897 e, em como todos os grandes clubes do mundo, seus respectivos camisas 10 representam o principal jogador, o ídolo, a grande referência do clube em campo. Nestes 118 anos de história, não foram poucos os bons jogadores que vestiram o uniforme alvinegro da Juventus, muito menos aqueles que obtiveram a honra de usar a principal numeração do time.

Já passaram pela Vecchia Signora muitos jogadores mundialmente conhecidos como Pavel Nedved, Zinedine Zidane, Paolo Rossi, Dino Zoff, Michael Laudrup, entre outros. Mas os atletas que vestiram a número 10 da Juventus foram mais do que grandes jogadores, mas ídolos de uma nação preta e branca, serão referências para sempre na história do clube.

Assim, a VAVEL Brasil preparou um especial sobre os maiores camisas 10 da Juventus.

Giampiero Boniperti

Atualmente com 87 anos de vida, Giampiero Boniperti foi o primeiro grande jogador da Juventus a vestir e honrar a camisa 10 da Juve. Rápido, forte, inteligente e fazedor de gols, são algumas características do atleta que até hoje é considerado um dos maiores jogadores da história do futebol italiano. Ele também foi nomeado por Pelé como um entre os 125 maiores atletas da história que o rei do futebol viu jogar.

A carreira inteira de Boniperti foi dedicada especialmente à Juventus. No total, jogou 15 temporadas no clube de Turim, entrando em campo 444 vezes e marcando 178 gols. O atacante é o segundo maior artilheiro da história do clube, sendo ultrapassado 40 anos depois após sua aposentadoria,por outro camisa 10, Alessandro Del Piero.

Boniperti também é o sexto jogador que mais vezes vestiu a camisa da Vecchia Signora. O atacante estreou na Juventus quando tinha apenas 16 anos, em um jogo contra o Milan, no ano de 1947.

O amor de Boniperti pela Juventus dura até os dias de hoje, pois o ex-jogador ainda trabalha no clube, sendo presidente honorário. Na Seleção Italiana, Boniperti não obteve o mesmo sucesso como jogador da Juventus. Em 38 jogos pela Azzurra, marcou apenas sete gols, disputando as Copas do Mundo de 1950 e 1954, mundiais que o qual a Itália fez péssimas campanhas. Em sua carreira, Boniperti conquistou cinco scudetti e duas Copas da Itália.

Omar Sívori

Após a aposentadoria de Boniperti, foi o argentino Omar Sivori quem herdou o trono do italiano. Audacioso, driblador e com uma precisão de passe incrível, o “Fio de Esperança” como era conhecido, ganhou muitos prêmios individuais, sendo hoje em dia considerado um dos maiores jogadores da história do futebol mundial.

Sivori era ambidestro e baixinho, ninguém o parava. Era conhecido como o rei das canetas, pois sua principal jogada era aplicar o famoso drible de passar a bola entre as pernas do adversário, deixando seus marcadores malucos. Nascido na cidade de San Nicolás, em 1935, Sivori faleceu em 2005 aos 69 anos, na sua cidade natal, por conta de um câncer pancreático.

Omar Sívori, o argentino foi grande referência na equipe da Juventus

No total, foram oito temporadas a serviços da Juventus, atuando em 215 jogos e marcando 135 gols. Conquistou na Vecchia Signora três Serie A e outras três Copas da Itália. Sivori deixou a equipe de Turim em 1965, após ter se desentendido com até então técnico Heriberto Herrera. Em 1961, o argentino entrou na história da Juventus depois de marcar seis gols em uma mesma partida. Os seis gols feitos foram durante a massacrante vitória da Juve por 9 a 1 sobre a Internazionale.

Além da Juventus, Sivori também atuou no River Plate, clube que o revelou para o mundo do futebol, e no Napoli, onde encerrou a carreira. O último jogo como profissional de Sivori, curiosamente, foi contra a Juventus, mas o argentino foi expulso do jogo após chutar Eminio Favalli, sendo suspenso por seis jogos.

O argentino atuou por duas seleções, a de seu país natal, a Argentina, e a italiana. Na Albiceleste, jogou 19 partidas e marcou nove gols; pela Azzurra atuou em nove jogos e marcou oito gols. Sivori ganhou o prêmio Bola de Ouro, no ano de 1961.

Após o término da sua gloriosa carreira, Sivori foi treinador de diversos clubes argentinos, passando por Rosario Central, Estudiantes, a seleção da Argentina e, por último, Racing. Após 1979, em seu último trabalho como técnico no clube de Avellaneda, resolveu se aposentar em definitivo do futebol.

Fabio Capello

Mesmo sendo atualmente mais conhecido por sua carreira como treinador, Fabio Capello foi um excelente meio-campista, chegou até a vestir a famosa e pesada camisa 10 da Juventus. Foram seis temporadas como atleta da Vecchia Signora, atuando em 165 jogos e marcando 27 gols.

O começo de sua trajetória na Juventus foi desastroso, uma vez que o até então atual treinador do time, Armando Picchi, recebeu duras críticas de Capello publicamente, acontecendo uma rixa entre ambos. Mas logo após o episódio, Picchi foi diagnosticado com câncer, acabou afastado e pediu para que Capello não recebesse uma punição do clube. A vida do ex-jogador na Juve começou a mudar somente após a chegada do treinador Cestmír Vycpálek.

Mesmo fazendo mais história como treinador, Capello foi um dos honrados a utilizar a 10 da Juventus

O tcheco deu muitas oportunidades ao polêmico Capello, e a partir daí que a relação de amor do atleta com a Juventus começou. Jogando como titular e com a camisa 10 bianconera, Capello conquistou quatro scudetti, chegando também à final da Uefa Champions League em duas oportunidades, não ganhando nenhuma delas.

Fabio Capello encerrou sua carreira como atleta em 1980, atuando no rival Milan. Dois anos depois, começou a gloriosa carreira como treinador. Capello comandou a Juventus por duas temporadas, chegou em 2004 e saiu em 2006, quando o time foi rebaixado por manipular resultados da Serie A. Conquistou na equipe alvinegra dois Campeonatos Italianos, chegando também duas vezes nas quartas de final da Uefa Champions League, sendo eliminada por Arsenal e Liverpool, respectivamente.

Liam Brady

Até então único atleta da Grã-Bretanha a usar na história a camisa 10 da Juventus, Liam Brady nasceu na Irlanda, e por duas temporadas usou o mágico número da Vecchia Signora. O atleta é considerado um dos maiores jogadores da história do futebol irlandês, e chegou à Juventus em 1980. Na zebre, jogou 76 jogos e marcou 15 gols.

Brady chegou ao clube de Turim após um jogo do Arsenal contra a Juventus, pela Recopa Europeia. Os dirigentes da Juve ficaram impressionados com a habilidade do irlandês, sendo imediatamente contratado por 500 mil libras.

Liam Brady, o único atleta da Grã-Bretanha a utilizar a famosa 10 da Juve

Após sua chegada, Brady ofuscou o até então ídolo da torcida juventina, Roberto Bettega, cujo acabou entrando em um grande declínio na carreira. Nas duas temporadas na Juventus, Brady ajudou a equipe a conquistar dois Campeonatos Italianos, encerrando um jejum de dois anos sem ganhar absolutamente nada.

Mesmo sendo a grande estrela do clube, Brady deixou a Juventus após a chegada de Platini, rumando para outra equipe italiana, a Sampdoria. Ainda atuou na Internazionale, no Ascoli e encerrou sua carreira no West Ham, da Inglaterra.

Michel Platini

Um dos maiores jogadores de todos os tempos, Michel Platini foi um dos mais importantes camisas 10 de toda a história da Juventus. O francês chegou à equipe italiana em um período de ouro. Ele tinha como colegas de equipe nada mais nada menos que Dino Zoff, Claudio Gentile, Gaetano Scirea, Massimo Bonini, Paolo Rossi e, principalmente, o polonês Zbigniew Boniek.

Em meio a tantas estrelas, foi difícil Platini se adaptar no futebol italiano, mesmo já sendo muito reconhecido tanto pelos seus jogos na Seleção Francesa como no Saint-Étienne. O astro francês chegou em 1982, e logo na sua primeira temporada, conseguiu ser artilheiro da Serie A, uma raridade aos jogadores estreantes.

Michel Platini chegou com desconfiança, mas logo conquistou os torcedores bianconeri

Platini ajudou a Juventus a vencer dois scudetti, uma Copa da Itália e sobretudo a conquista da Uefa Champions League, na temporada 1984/85, em cima do Liverpool. Neste período na Juventus, Platini ganhou três vezes seguidas a Bola de Ouro, sendo também por três vezes seguidas artilheiro do Campeonato Italiano. No total, atuou em 147 jogos e marcou 68 gols.

Michel Platini encerrou sua carreira com apenas 32 anos, ainda no seu auge, deixando a Juventus órfã de um grande craque. Após sua saída, em 1987, a Vecchia Signora voltaria a ganhar o Campeonato Italiano somente nove anos após sua última conquista, que tinha sido a Serie A de 1986.

Roberto Baggio

Na Itália no início dos anos 90, um tal jogador de apenas 1,74 e cujo era chamado de “Il Codino Divino” (“O Rabo de Cavalo Divino”, em tradução livre) estava brilhando na Fiorentina, clube o qual era idolatrado. Mas ele, Roberto Baggio, mesmo contra sua vontade, foi apresentado oficialmente na Juventus em 1990, para herdar a número 10 do glorioso Michel Platini.

A venda de Baggio para a Juventus, por € 8 milhões à época, foi a transferência mais cara da história do futebol. Tal atitude da diretoria da Viola não agradou nenhum pouco os torcedores da Fiorentina, que no dia da oficialização do acordo entre ambos os clubes pelo atleta depredaram e destruíram tudo o que viam pela frente na cidade de Florença. O caso teve muitas pessoas machucadas, e precisou até da polícia para interver os manifestantes da transferência de Baggio. Os dirigentes da Fiorentina precisaram viver sob a guarda de muitos seguranças. O jogador na época se defendeu falando: “Eu fui obrigado a assinar com a Juventus”.

Após este episódio, em 1991, Baggio se recusou a bater um pênalti contra a sua amada Fiorentina, e mesmo usando as cores pretas e brancas da Juventus, declarou todo seu amor pela Viola, beijando em lágrimas um cachecol roxo da Fiorentina, voltando a ser glorificado por seus torcedores, gerando uma grande revolta nos tifosi bianconeri, que por muito pouco não o lincharam.

Em relação a títulos, Baggio foi o que menos conquistou com a camisa da Juventus. Nas cinco temporadas na equipe de Turim, conquistou dois Campeonatos Italianos, uma Copa da Itália e uma Uefa Europa League. Apesar de todas as divergências, Baggio, já em 1993, era comparado a Platini e também era idolatrado pelos torcedores. Ganhando até o prêmio de melhor jogador do mundo em 1992.

Nas cinco temporadas a serviços da Juventus, Baggio atuou em 200 partidas, marcando 115 gols. O jogador deixou a Vecchia Signora para assinar com o Milan, deixando a Juve novamente com carência de um grande camisa 10, que logo foi resolvido.

Alessandro Del Piero

Conhecido popularmente como “O Príncipe de Turim”, Alessandro Del Piero para muitos é o jogador mais importante da história da Juventus, assim como um dos melhores jogadores italianos de todos os tempos.

Del Piero é nada mais, nada menos, o atleta que mais vezes vestiu a camisa bianconera e o que mais gols fez pelo clube. Em 19 anos a serviços da Vecchia Signora, o atacante atuou em 705 jogos e marcou 289 gols. A cada jogo, Del Piero impressionava cada vez mais, virou titular absoluto e capitão do time ainda na segunda temporada no clube, sendo um mártir na história da equipe de Turim.

Alessandro Del Piero, por muitos considerado o maior camisa 10 da Juventus de todos os tempos

Atacante, que também podia atuar como ponta, possui várias características, bom driblador, ótimo batedor de faltas, esperto e um exímio chutador. Juntando todas essas importantes habilidades, não teria como Del Piero não ser mundialmente conhecido. Rapidamente virou ídolo não só da Juventus, mas de uma nação. Pela Seleção Italiana, atuou em 91 jogos, marcando 27 gols, mas pouco brilhou na Azzurra, muito por conta do treinador Roberto Donadoni, que não gostava de Del Piero e muitas vezes o deixava de lado nas convocações.

Nestes 19 anos, Alessandro passou por tudo na Juventus, desde uma severa contusão que teve em 1998 até tendo que disputar a Serie B com a Vecchia Signora, em 2006. Embora os momentos ruins, foram os bons que sobressaíram, pois conquistou no total 26 títulos com a camisa do time de Turim. A conquista mais importante foi o segundo título da Juventus da Champions League, vencido na temporada 1995/96, além da Copa do Mundo com a Itália, em 2006.

Já em 2010, o atacante virou o maior artilheiro de todos os tempos da Juventus, após marcar um gol na vitória sobre o Milan, por 2 a 1. Além do mais, Del Piero também foi aplaudido de pé pelos torcedores do Real Madrid, quando em 2008 fez uma partida brilhante contra a equipe espanhola, marcando dois gols decisivos. Isso somente aconteceu com outros dois jogadores, Ronaldinho Gaúcho e Maradona.

Del Piero finalizou seu ciclo no futebol italiano e pela Juventus na última rodada do Campeonato italiano da temporada 2011/12, na partida contra a Atalanta, no Juventus Stadium. Del Piero marcou um gol aos 22 minutos, ajudando sua equipe a vencer por 3 a 1 e conquistar o Scudetto. O atacante não teve seu vínculo renovado com a Juventus, e foi embora ao futebol australiano, para atuar no Sydney FC. Ano passado, Del Piero estava atuando no Delhi Dynamos, da Índia, mas por enquanto não foi confirmado a renovação de seu contrato.

Carlos Tévez

Após um longo tempo sem ser usada, coube ao argentino Carlos Tévez utilizar a mística camisa 10 da Juventus, herdando do lendário Alessandro Del Piero. O atacante chegou à Juve junto ao Manchester City, em 2013, por 27 milhões de libras.

Nas duas temporadas que atuou na Vecchia Signora, foram 66 jogos e 39 gols marcados, liderando sua equipe a conquistar dois Campeonatos Italianos, uma Supercopa da Itália e uma Copa da Itália. O argentino liderou a Juventus rumo à final da Uefa Champions League na temporada passada, porém perdeu a final para um impecável Barcelona.

Argentino teve uma enorme responsabilidade de substituir o ídolo Alessandro Del Piero

Rápido, bom finalizador e um jogador com muita garra, rapidamente Tévez ganhou os corações dos torcedores da Juventus, assim como conquistou o apoio dos torcedores em todos os clubes que passou, principalmente no Boca Juniors e Corinthians. A passagem de Tévez pela Juventus o ajudou a levantar a carreira, cujo já estava apagada.

No final da última temporada, o argentino resolveu voltar ao clube que revelou-o, Boca Juniors, mesmo após ter recebido propostas milionárias de muitos clubes europeus.

Paul Pogba

O francês de apenas 22 anos chegou em 2012 na Juventus, após não ter renovado seu contrato com o Manchester United, do até então treinador Alex Ferguson. Rapidamente, Paul Pogba ganhou confiança na Juventus e, mesmo com a pouca idade, conseguiu ser titular absoluto em muito pouco tempo.

A estreia do francês foi na partida contra o Chievo, em 2012, pela Serie A. Depois disso, um grande jogador nasceria. Pogba simplesmente deitava e rolava no campo, surpreendo a todos. Com as grandes partidas realizadas, ganhou espaço na Seleção Francesa, onde até hoje atuou em 23 jogos e marcou cinco gols, tendo disputado a Copa do Mundo no Brasil.

Jovem francês terá uma grande tarefa de usar a camisa 10 da Juve

Nestas quatro temporadas a serviços da Juventus, Pogba atuou em 130 jogos e marcou 24 gols. Conquistou três Campeonatos Italianos, duas Supercopas da Itália e uma Copa da Itália. Além do mais, ganhou outros seis prêmios individuais.

Na temporada 2015/2016, Pogba irá ser o novo camisa 10 da Juventus, e sua relação com o time de Turim fortificou após ter recusado várias propostas milionárias de muitos outros clubes. O francês será o segundo de seu país a utilizar a número 10 da Juve,visto o meio-campista irá substituir seu compatriota Michel Platini.