Se fossemos listar as duas coisas com o maior apelo mundial, provavelmente apontaríamos futebol e música. Na histórica campanha do Leicester City, ambos caminharam lado a lado - mesmo que o aspecto esportivo tenha ganhado todos os holofotes. Por trás das câmeras, os membros do Kasabian compartilharam de alguns momentos com a equipe e, na última quinta-feira, anunciaram a cereja no bolo. A banda confirmou que fará um show de comemoração ao título no King Power Stadium, no próximo dia 28 de maio. Será a primeira apresentação no local, o que significa um sonho sendo posto em prática.

O grupo de indie rock surgiu em 1997, também na cidade que mais cresceu em termos de popularidade nessa temporada. Daquele ano em diante, altos e baixos foram registrados. Apenas em 2004 o primeiro álbum, que carrega o nome da banda, foi oficialmente lançado. Em 2006, quando Chris Karloff saiu para formar o Black Onassis, o Kasabian se estabilizou com Ian Matthews na bateria, Tom Meighan no vocal, Sergio Pizzorno como guitarrista/compositor e Chris Edwards no baixo.

Desde a virada do século, os artistas frequentemente se relacionaram com a bola e provaram suas respectivas paixões de diversas maneiras. ‘‘Club Foot’’, o terceiro single - e o primeiro a receber atenção especial das rádios -, fez parte de diversas soundtracks que envolviam o futebol: desde o icônico filme Goal!, passando pelo Pro Evolution Soccer 5 e tendo seu ápice com o FIFA 13. A inclusão tardia da música (que é de 2005) no game mais famoso do planeta não tem uma explicação exata, mas segue uma fila puxada por ‘‘Switchblade Smiles’’ (FIFA 12), ‘‘Fast Fuse’’ (FIFA 09) e ‘‘L.S.F.’’ (FIFA 04). Na edição de 2015, foi a vez de “Stevie” figurar na playlist.

Em 2010, a Premier League revelou um acordo para usar ‘‘Fire’’ como plano de fundo do seu tema de abertura das transmissões. Até três anos depois, a música criou uma considerável conexão com o campeonato e, ainda hoje, é fonte de nostalgia para muitos fãs. O mundo do automobilismo também tem seu grau de relação com a canção, que foi uma das faixas mais curtidas no Fórmula 1 2010. Aqui, a ilustre cena do gigante Peter Crouch - pouco depois de marcar em uma vitória do Stoke sobre o Arsenal - indo à loucura ao som de ''L.S.F.''.

Ian Matthews (esq.) e Chris Edwards também fizeram questão de garantir a Leicester a festa digna do feito recém alcançado
Ian Matthews (esq.) e Chris Edwards também fizeram questão de garantir a Leicester a festa digna do feito recém alcançado (Foto: Reprodução)

Voltando para o futebol e, de vez, focando no Leicester. Do quarteto, o membro mais midiático é Pizzorno. Recentemente, o guitarrista disse que todos sempre torceram para os Foxes, mas tinham que se contentar em assistir à maioria das partidas pelos famosos e ilegais streams, já que passavam muito tempo na estrada. A coincidência, entretanto, é que há alguns meses a banda trabalha apenas no estúdio e, consequentemente, vem podendo marcar presença na cancha. ‘‘Ficaríamos devastados se tivéssemos de fora enquanto tudo isso acontece e não pudéssemos viver o clima na nossa cidade. Está uma loucura’’, afirmou.

Em entrevista para a BBC, o homem por trás de todas as melodias também revelou que a trajetória sobrenatural do time influencia, indiretamente, os novos trabalhos do Kasabian. O grupo se prepara para lançar o sexto álbum - depois de agradar a crítica com o ‘‘48:13’’, de 2014 - e alguns trechos foram contagiados pela vibe dos azuis. Os atleta não escapam da pauta nas discussões que rolam entre os shows: ‘‘Ryiad Mahrez é muito insinuante e um jogador que já está no meu coração. Eu honestamente largaria a banda para comandar o ataque nesta temporada’’, admitiu Pizzorno.

Os perrengues do passado também foram completamente esquecidos: ‘‘Eu não poderia ligar menos para as outras campanhas. Isso é inacreditável, algo que nunca mais vai acontecer’’. Serge, mantendo sua grife de ícone cool, gostaria de se envolver de outra maneira com a agremiação.

‘‘Meu sonho é poder desenhar um uniforme do Leicester. Todo ano é a mesma coisa e penso ‘ah, eles erraram de novo’, então apenas me deem a caneta’’, brincou. Ele prometou que manteria a simplicidade tradicional, mas elevaria o estilo. ‘‘Você me dá alguns minutos numa sala e eu lhe dou as três camisas mais bonitas de todos os tempos’’.

Serge é o mais ávido torcedor do quarteto e já mostrou qualidade com a bola nos pés (Foto: Reprodução)
Serge é o mais ávido torcedor do quarteto e já mostrou qualidade com a bola nos pés (Foto: Reprodução)

Classe não falta no seu repertório, como demonstrado no Soccer Aid, um jogo beneficente em que o mesmo abriu o placar com essa pintura e terminou com o prêmio de melhor em campo. O Soccer AM, prestigiado programa da Sky Sports, também fez questão de exibir as qualidades de Pizzorno. A subida meteórica do clube vem sendo documentada de todas as maneiras, e há alguns meses surgiu o rumor de que um filme sobre o tema seria produzido. Para deixar tudo mais fantasioso ainda, especulações de que o músico interpretaria o artilheiro Jamie Vardy vieram à tona em alguns sites britânicos. Sonhar demais, né? Depois da história que está passando na frente dos nossos olhos, porém, nada mais pode ser descartado.

Em relação ao show que coroará uma caminhada inesquecível para todos em East Midlands, o grupo mostra emoção e entusiasmo. ‘‘A data inicial era no meio de 2017, mas com esse final de temporada percebemos que tinha que ser o mais rápido possível. Não podemos mais esperar para dar à cidade a maior e melhor festa que já existiu’’, dizem. Sobre o status que a equipe ganhou, Tom foi certeiro: ‘‘Acho que agora somos o segundo time de todo o mundo. Não é mais o Barcelona, nem o Real Madrid, mas sim o Leicester City’’. Se depender do Brasil, pode ter certeza que sim.

A banda tem boa relação com o clube e seus membros sempre marcam presença no King Power Stadium (Foto: Reprodução)
A banda tem boa relação com o clube e seus membros sempre marcam presença no King Power Stadium (Foto: Reprodução)
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