Após a falência em 2012, o Rangers vive, desde então, uma reconstrução da instituição como um todo. Após o retorno à elite do futebol nacional depois de quatro anos nas divisões inferiores, os Gers nunca esconderam que iriam se atirar na disputa pelo título logo no início da temporada. 

Contudo, não anda sendo fácil acompanhar o ritmo do rival Celtic, atual pentacampeão escocês. A diferença dentro de campo entre os dois, porém, também é reflexo do que acontece fora das quatro linhas. Um dos principais motivos vem do quanto cada um pode pagar para contar com os melhores talentos possível. 

Nesta semana, a SportingIntelligence publicou a sua pesquisa anual de média de salários dos jogadores envolvendo, desta vez, sete esportes que suportam 17 ligas ao todo. Uma dessas 17 é a Scottish Premiership, contendo 11 times dos 12 entre os 333º colocados. 

Agora, voltando ao assunto inicial do texto, é possível ver que o Celtic ocupa a posição 192ª (60º entre só os times de futebol), com salários anuais tendo média de £ 717,860 mil. O Rangers, por sua vez, vem um pouco mais embaixo, figurando na 244ª com números de £316,888 mil. 

É bem verdade que a numeração em si não é comparável ao de ligas como a Premier League, La Liga ou Bundesliga, tendo ambas números astronômicos de salários para seus jogadores. Contudo, a diferença existente entre os dois é notável e acaba tendo sua importância também dentro de campo, uma vez que os Hoops lideram com folga e invencibilidade tendo conquistado 31 pontos de 33 possíveis. O segundo colocado é o Aberdeen, com 10 pontos a menos, sendo os Teddy Bears o terceiro 11 atrás do rival. Importante ressaltar que o Celtic tem um jogo a menos em relação aos dois citados.

A equipe do leste de Glasgow tem uma receita superior aos rivais, visto que em quatro anos sem estar na mesma divisão que o Rangers, o clube disputou competições internacionais, recebeu mais com patrocinadores, além de prêmios maiores conforme atuações. É claro que a situação não era bem vista para o Rangers, não tendo grandes montantes de patrocínios enquanto jogava com o Queen's Park na quarta divisão, por exemplo. Mas, mesmo assim, isso também só serve para mostrar o quão longo será o caminho de volta à igualdade para o time do Ibrox. 

E se entre os dois existe uma diferença considerável, o mesmo pode ser dito e multiplicado quando se trata da SPL como um todo. 

O Aberdeen, time que bateu de frente com o Celtic nos últimos anos e foi o outro protagonista na ausência do Rangers, aparece na 304ª posição, com salários de £ 134,670 mil, quase o triplo a menos que o segundo colocado Gers. O tradicional Hearts, da capital, figura como 'quarta força' da SPL no quesito, tendo média de £ 86,890 mil, se destacando 10 posições abaixo dos Dons. 

As sete últimas posições da pesquisa são ocupadas por clubes da SPL, em ordem: Inverness (£ 53,345 mil), Motherwell (£ 49,335 mil), Kilmarnock (£ 48,950 mil), Ross County (£ 47,515 mil), St. Johnstone (£ 47,206 mil), Partick Thistle (£ 42,671 mil) e Hamilton (£ 42,606 mil).

Todos esses sete clubes supracitados não disputam título há décadas apesar de muitos deles figurarem na Uefa Europa League em algumas temporadas, seja via tabela ou via Copa da Escócia, como foi o caso do Inverness como mais recente que está presente na lista. Esses times também figuram atrás de clubes do Canadá, por exemplo. Não é preciso lembrar da diferença de tradição. 

Daí pode-se tirar a importância da briga que o Partick Thistle e Hamilton compraram no início da temporada, quando o calendário mostrara diferença entre esses clubes e outros em receber Celtic e Rangers, uma vez que receber ambos é a maior fonte de renda no ano dos clubes de menores expressão em uma temporada. Você pode entender melhor o caso aqui

Sendo assim, em uma liga que é conhecida pela presença dos torcedores, sendo motivo de orgulho por estar sempre entre os primeiros nas listas de presenças por número da população, o dinheiro não aparece para que todos possam erguer juntos uma das principais e mais tradicionais ligas da Europa. A monotomia pode parecer chata e até desigual todo ano, mas a verdade é que vai muito além de situação dentro de campo ou histórica frente a tudo. O dinheiro, mais do que nunca, é o que mais importa no futebol. E em uma das ligas mais desiguais do mundo, isso não parece mudar ao longo do tempo.

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Sobre o autor
Gerson  Barbosa
Mais um piloto de Fórmula 1 e jogador de basquete e futebol frustrado que viu no Jornalismo a forma mais prática de estar perto do que ama: o esporte. Contato: [email protected]