A Fifa vai anunciar o vencedor do Prêmio Puskás 2016, que elege o gol mais bonito do planeta, nesta segunda-feira (9), durante a cerimônia do evento The Best, na Suíça. Entre os finalistas, estão o brasileiro Marlone, o malaio Mohd Faiz Subri e a venezuelana Daniuska Rodríguez, que chega à final do prêmio sem estrelato algum, mas tendo atingido marcas bastante simbólicas e representativas.

Daniuska, de 18 anos, é a primeira atleta da história do futebol venezuelano a ser indicada ao Puskás, considerando tanto a modalidade feminina quanto a masculina. Além disso, é a segunda mulher finalista, podendo ser a primeira a conquistar o prêmio. Em entrevista à VAVEL Brasil, concedida antes de sua viagem para a Suíça, onde participa da cerimônia, a jovem contou sobre a façanha que a levou ao Puskás.

"No dia que fiz o gol, disse para as minhas companheiras que ele seria indicado ao Púskas, e elas me disseram que estava louca. Mas sim, eu pensei que poderia chegar a este maravilhoso prêmio", relembrou Daniuska.

O gol de Daniuska foi marcado com a camisa da Seleção Venezuelana, a Vinotinto, contra a Colômbia, pelo Campeonato Sul-Americano de Futebol Feminino Sub-17. No lance, em março de 2016, o gol foi apenas o arremate de uma bela jogada, onde a meio-campista recebeu um cruzamento na direita e saiu aplicando dribles desconcertantes nas marcadoras, com 17 anos na época. "Foi o gol mais bonito da minha carreira no futebol”, afirmou.

Como recordou a jogadora, a primeira pessoa a lhe dar a notícia de sua indicação foi uma colega da Vinotinto. “Quem me contou foi Michele Romero, minha companheira da Seleção [Venezuelana]. Logo, me ligaram da Fifa, dizendo que tinha sido indicada ao Puskás. Cheguei até a chorar de alegria”, disse.

Mesmo tímida e com um comportamento mais introvertido, a venezuelana reconheceu a singularidade de seu lance e destacou suas características em campo. “Poucas jogadoras fazem gols assim. Gosto muito de dar dribles, tocar bastante a bola e ser companheira na hora de fazer os passes", analisou.

Daniuska (vermelho) pode ser a primeira mulher a vencer o Puskás (Foto: Martin Rose/Fifa)

Atleta da Academia San Diego, em Carabobo, na Venezuela, Daniuska sonha em jogar na Europa e seguir os passos dos ídolos Cristiano Ronaldo, Marta, Alex Morgan e Ronaldinho Gaúcho. Depois de ter conseguido ficar entre os dez indicados, a venezuelana foi eleita, por voto popular, como autora de um dos três gols mais bonitos de 2016. Mas caso não volte da Suíça com o prêmio, a jogadora já conquistou um fato inédito para seu país.

"Tem sido impactante e surpreendente para todos os venezuelanos. Não só para eles, mas muitas pessoas no mundo ficaram emocionadas por eu ter chegado entre os três últimos", comentou.

A Venezuela venceu o Campeonato Sul-Americano de Futebol Feminino Sub-17 do ano passado, onde Daniuska fez o gol indicado ao Puskás, derrotando o Brasil na final. Logo depois da campanha das jovens atletas a serviço da Vinotinto, a garota despertou a atenção do governador de Carabobo, Francisco Ameliach, mas não foi só pelo bom futebol.

Daniuska morava com a família em uma casa bastante humilde, feita de lata, em Sagrado Coração de Jesus, e por meio de sua conta pessoal na rede social Twitter, Francisco prometeu ajudar a jogadora da seleção. “Conhecemos a situação na qual vive nossa bicampeã sub-17 Daniuska Rodríguez e enviamos uma equipe [de apoio] social”, disse o governador em seu tuíte.

Alguns veículos de imprensa na Venezuela repercutiram as condições de Daniuska, que chegaram aos ouvidos do governador (Foto: Reprodução?Twitter)

Dias depois, a promessa foi cumprida, e Daniuska foi presenteada com uma casa para morar com a família. Só não sabia a garota que além de sua boa atuação no Sul-americano ter-lhe aberto a porta de um novo lar, o lance no torneio a faria desbancar concorrentes como Messi e Neymar na disputa pelo gol mais emblemático do ano.

Daniuska ganhou uma casa nova por meio do governador Francisco Ameliach (Foto: Divulgação/Governo de Carabobo)

Em 2013, quando tinha apenas 14 anos, Daniuska foi convocada pela primeira vez para defender seu país, e teve logo o Sul-Americano Sub-17, no Paraguai, para disputar. Na ocasião, foi campeã com a Vinotinto, e no ano seguinte, a jogadora ajudou a sua seleção a chegar em quarto lugar no Mundial Sub-17, onde perdeu nos pênaltis para a Itália.

O feito de Daniuska a colocou ao lado da irlandesa Stephanie Roche como as únicas mulheres na história do Puskás a ficarem entre os três finalistas do prêmio. História de uma jovem atleta promissora da Venezuela, cujas ruas a viram crescer. "Desde quando eu era criança, sempre gostei de jogar futebol. Joguei muito com os pés descalços na rua junto com tios e primos meus, e eu gostava muito", recordou Daniuska.

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