No sábado 29 de abril, chegou ao fim outra temporada tensa da Superliga Grega, recheada de interrupções, violência e suspeitas de favorecimento. O Olympiacos sagrou-se heptacampeão, mantendo assim sua longeva hegemonia – são 19 títulos nos últimos 21 anos. Mas, dessa vez, a festa, aguardada para março, só aconteceu em abril, na penúltima rodada. Com 16 clubes, o certame teve dois turnos e 30 semanas.

Até fevereiro, a campanha alvirrubra era impecável. Na janela de verão, Ideye e Milivojević, peças importantes, foram vendidos. Sobrevieram então quatro derrotas em cinco jogos, incluindo os clássicos contra AEK e Panathinaikos. Apreensiva, a diretoria demitiu Paulo Bento, ex-treinador da seleção portuguesa, às vésperas do embate contra o Besiktas pelas oitavas da Liga Europa, e resgatou Takis Lemonis, que comandara o clube em quatro conquistas na década passada. Com o vestiário apaziguado, o time de Fortounis, Sebá e André Martins alcançou os 67 pontos, seis a mais que o PAOK. Em 2015/16, a diferença para o vice, o Panathinaikos, fora de 30 pontos.

Desde 1997, quando superou um jejum de 10 anos, o Olympiacos só não figurou no topo em duas edições, 2004 e 2010, ambas vencidas pelo Panathinaikos. São 44 troféus ao todo. Fora as suspeitas de manipulação de resultados e compra de árbitros, bem alardeadas pelos rivais, tal hegemonia pode ser explicada pelas variadas formas de incrementar o orçamento, item relevante num país em crise. Além de patrocínios, direitos de TV e transferência de atletas, outra fonte de recursos robusta para times de ligas menores é a Champions. Os participantes da fase de grupos recebem da UEFA € 12,7 milhões de euros em prêmio, fora bônus por vitórias. Está aí o motivo para o desespero dos dirigentes do Olympiacos quando avistaram a chance de o título escapar.

Futebol grego e a sina de escândalos e violência

Inicialmente marcada para 26 de agosto de 2016, a abertura do campeonato só ocorreu duas semanas depois, por determinação do Ministério do Esporte - um tipo de interferência externa que a FIFA abomina. As disputas entre federação, organizadores da liga e clubes sobre o sistema de escolhas de árbitro haviam atiçado o ânimo das torcidas. E a polícia viu nisso a fagulha para que episódios de violência eclodissem. A bola rolou, mas não por muito tempo. Em nove de novembro, um incêndio criminoso, sem vítimas, na casa de Giorgos Bikas, chefe de arbitragem, levou à suspensão dos jogos por 20 dias. O temor, enfim, se concretizara.

Não é de hoje que o futebol grego vive em turbulência. Na temporada 2009-10, veio à tona um esquema de manipulação de resultados, batizado pela imprensa de Koriopolis: arbitragens tendenciosas e jogadores subornados teriam ocorrido em 40 jogos, de campeonato ou copa. Ao todo, 68 pessoas foram acusadas de irregularidades, entre eles Evangelos Marinakis, presidente do Olympiacos. Clubes sem expressão histórica, como o Volos e o Kavala, foram punidos, assim como dirigentes e árbitros, mas o grande campeão grego e seu mandatário saíram incólumes.

Em 2015, o nome de Marinakis voltou a protagonizar um escândalo. O promotor Aristidis Korreas, baseado em escutas telefônicas, apontou que ele e membros da federação dirigiriam uma organização criminosa desde 2011, com o intuito de controlar os rumos do futebol grego, lançando mão de chantagens, subornos e violência contra árbitros e jogadores. Dessa vez, Marinakis, sempre influente nos tribunais, na política e na mídia, não escapou, recebendo, entre outras sanções, o banimento de qualquer atividade relacionada a futebol, o que não o impediu, porém, de seguir no comando do Olympiacos

Olympiacos FC

Fundação: 10/03/1925

Estádio: Georgios Karaiskakis (32.115 espectadores)

Títulos: 44x Campeonato Grego; 27x Copa da Grécia