Propor jogo, no atual século, é uma dádiva. Juanma Lillo, Quique Setién, Zinedine Zidane e outros são adeptos do jogo no chão, o jogo
de toque, jogo de apoio; usando um termo técnico, o jogo propositivo.
O que é “jogo propositivo”? É básico, pega a bola e vai jogar, quem dá
as cartas de acordo com o jogo é quem tem a bola. E é assim que Pep
Guardiola e Maurizio Sarri trabalham, que montam seus times e é o que nos espera nesta terça-feira (17).

Manchester City e Napoli se enfrentam às 16h45, em Manchester, pela terceira rodada da fase de grupos da Uefa Champions League. Nos parágrafos abaixo irei dizer quais as características dos dois, já que ninguém é igual.

Guardiola, o ladrão de ideias

Enquanto Guardiola cuida da saúde bebendo água antes do jogo... (Foto: Manchester City FC via Getty Images)
Enquanto Guardiola cuida da saúde bebendo água antes do jogo... (Foto: Manchester City FC via Getty Images)

Guardiola, além de ladrão de ideias no futebol é o nosso “vendedor de sonhos”. Ele nos fez sonhar com o Barcelona do jogo posicional, que afirmou a dupla Xavi e Iniesta como a melhor do mundo, e Messi, na minha opinião, como o maior jogador deste século.

No último sábado (14), City de Guardiola chegou à marca de 29 gols em oito jogos na Premier League

Quando achamos que era o ápice do esporte, Pep assumiu o poderoso Bayern. E lá ele conseguiu o que muitos achavam impossível: progredir como treinador. Volta do esquema W-M (introduzido no Arsenal por Herbert Chapman em 1930), laterais por dentro, o “raumdeuter”, que é o movimento do Müller, que não se encaixa em nenhuma posição convencional do jogo, ainda mais posse, a linha mais alta e a loucura do goleiro-líbero elevada ao extremo. Faltaram coisas, mas isso já demonstra o tamanho dele para o futebol mundial jogado neste século.

Sarri, expoente da nova safra de bons treinadores

... Sarri fuma um cigarro à beira do campo (Foto: Carlo Hermann/AFP)
... Sarri fuma um cigarro à beira do campo (Foto: Carlo Hermann/AFP)

Maurizio Sarri, por sua vez, treinou um possante Empoli que fez um décimo quinto lugar na Série A italiana. Mas o que fez os partenopei contratarem Sarri, um treinador sem tanta expressão no cenário italiano e ex-agente de banco? O jogo bonito.

+ Presidente do Napoli rasga elogios ao treinador Maurizio Sarri: "Não o trocaria nem por Guardiola"

É subjetivo dizer que o jogo posicional e de toque é mais bonito que um de reação, como foi na maioria da Itália. Mas, em Nápoles, as coisas não funcionam assim. Lá, por causa do sol e de sua gente efusiva, o futebol tem que ser parecido. Jogar bonito, para frente, é primordial. Sarri, indiretamente, é uma revolução no futebol italiano como um todo. Jogo posicional, troca de posições, ataque móvel e efetivo, defesa sólida.

Napoli tem, disparado, o melhor ataque da Serie A: 26 gols em oito partidas

É um time que “se defende atacando”. Sarri teve Milik por uma parte da temporada passada, o perdeu por lesão grave, transformou Mertens em um goleador voraz; com Insigne e Callejón, formam a melhor trinca da Itália. Jorginho, Allan e Hamsík é o “trio perfeito”; Jorginho é metrônomo e dita o ritmo, Allan é motorzinho e corre por dois, enquanto Hamsik é coração e cérebro dessa equipe – o esloveno só não é maior que Maradona no San Paolo. É um time que prima pela ofensividade e jogo de toques, que Guardiola levou aos céus durante sua estadia no Barcelona.

Vitória para os amantes do bom futebol

Quem é melhor dos dois? Inegável que o catalão vence de braçada. Não só pelos títulos, por um ideal. Guardiola é como se fosse Lênin na União Soviética, Simon Bolívar na América Latina. Pega sua ideia, adapta ao cenário e varre os títulos. Sarri é um “aprendiz” de Guardiola, é o treinador mais inventivo dos bons treinadores italianos da nova safra. Quem ganha com esse duelo? Nós que gostamos de futebol.