Zagueiro do Barcelona e da seleção da Espanha, além de um dos principais defensores do mundo nos últimos anos, Gerard Piqué deu entrevista nesta semana e falou um pouco sobre a sua carreira desde o início. Piqué destacou a participação de Sir Alex Ferguson que mudou a sua carreira como também exaltou a inteligência de Pep Guardiola para transformá-lo em um dos melhores de sua posição. Porém o zagueiro também desabafou sobre os momentos de crise que passou no Barça quando perdeu a confiança de Guardiola.

Em sua entrevista, Piqué destacou os últimos 10 anos de sua carreira e relembrou todos os seus feitos neste período, se considerando um vencedor. Porém o zagueiro ressaltou que poderia ser tudo de outro jeito se não contasse com a ajuda de Alex Ferguson, ex-treinador do Manchester United. “Eu olho para os últimos 10 anos da minha carreira e venci a Copa do Mundo, a Liga dos Campeões, La Liga e a Copa da Espanha. Porém 10 anos atrás eu estava quase acabado. Minha vida inteira poderia ter sido muito diferente se não fosse por Alex Ferguson”, disse o zagueiro.

O zagueiro afirmou que cresceu muito com a mudança de deixar Barcelona e ir para Manchester ainda com 17 anos. Mas também frisou que não entendia a parte comercial do futebol e por isso explica o choque que tomou com a nova vida.

“Cheguei ao Manchester United e me tornei um homem. Foi uma época louca para mim, porque eu nunca havia saído de casa antes. Passei meus primeiros 17 anos crescendo na Espanha, no juniores do Barça. Eu conhecia todo mundo lá e eu estava perto da minha família. Até então, para mim, o futebol era apenas diversão. Eu não entendia o lado comercial do jogo. Então cheguei ao United e, sinceramente, foi um choque completo”, revelou Piqué.

(Foto: John Peters/Getty Images)

Finalmente falando sobre Alex Ferguson, seu segundo pai segundo o zagueiro, Piqué exaltou o ex-treinador pelo seu lado de sempre tentar ajudar o jogador, não importando a situação de ambos. “Sir Alex foi fenomenal para mim desde o primeiro dia. Todos os melhores treinadores têm essa qualidade, mesmo quando não estão jogando com você e, mesmo quando estão com dificuldades, fazem você acreditar que eles realmente se importam com você. Ferguson era como um segundo pai para mim. Ele me fez ganhar, mas principalmente ele me deu a minha chance”, exaltou sobre o ex-treinador.

Sobre sua volta a Barcelona, Piqué lembrou que chegou sem holofotes no Camp Nou, já que ninguém esperava muita coisa dele. Mesmo com a desconfiança de todos, Piqué se tornou um dos melhores zagueiros do mundo graças a inteligência de Guardiola sobre o jogo. “Cheguei de volta ao Barça sem ser a principal escolha. Ninguém esperava muito de mim. Mas graças ao cérebro de futebol de Pep Guardiola e sua crença em mim, eu joguei ao lado de Carles Puyol até o final da temporada”, disse sobre sua volta ao clube.

(Foto: Manuel Queimadelos Alonso/Getty Images)

Mas mesmo com Guardiola e no Barcelona, nem tudo foi alegria. Piqué falou sobre quando tudo começou a dar errado com a equipe. A insegurança do início fez com que Piqué chegasse ao alto nível, mas o excesso de confiança acabou fazendo com que Guardiola perdesse a fé no zagueiro. “Tudo pareceu desmoronar em 2012. Eu não sei por quê. Talvez eu tivesse perdido o medo que me levou a chegar nesse nível. Com o passar do tempo, Pep começou a perder a fé em mim. Nas três primeiras temporadas, tivemos um relacionamento fenomenal. Eu ainda reverencio Pep como um técnico, mas a verdade é que foi um período extremamente difícil”, revelou Piqué.

O defensor afirmou que passou por momentos torturantes no clube e também explicou que Guardiola queria que todos os jogadores tivessem o mesmo desejo e entendimento que ele tinha sobre futebol, mas não conseguia entender isso. “Guardiola queria que seus jogadores ficassem obcecados com futebol 24 horas por dia e, naquele momento da minha vida, eu não entendia isso. Eu não estava tão comprometido com essa filosofia. Pep simplesmente não confiava mais em mim, e o momento crucial foi quando ele decidiu que eu não ia jogar contra o Real Madrid no campeonato. Isso foi esmagador”, destacou o defensor.

Piqué fala que a temporada ruim foi tão difícil que o obrigou a repensar em toda a sua vida e, as eliminações e saída de Guardiola do comando da equipe fizeram com que o zagueiro pensasse que estava acabado. “Essa temporada realmente me fez pensar sobre minha carreira e minha vida. Foi um chamado de despertar. Quando nossa equipe estava jogando todas as competições, Pep não acreditava mais em mim. No final da temporada Pep anunciou sua saída do Barça e parecia que uma era estava chegando ao fim. Eu pensei que talvez meu tempo acabasse também”, desabafou o zagueiro.

(Foto: David Ramos/Getty Images)

Para encerrar a entrevista, Piqué relembra a eliminação da Uefa Champions League de 2011/12, onde o Barça foi eliminado pelo Chelsea no Camp Nou. O zagueiro revelou que até hoje pensa em tudo que aconteceu e como seriam as coisas se aquele resultado fosse outro. Sem esquecer-se da chegada de Tito Vilanova que deu a chance para ele recuperar sua posição na equipe.

“Às vezes penso no que teria acontecido se eu tivesse acordado no dia seguinte e descoberto que passamos contra o Chelsea. Talvez tivéssemos vencido a Liga dos Campeões. Talvez Pep tivesse decidido ficar no Barça. Talvez eu estivesse em outro clube agora. Em vez disso, Tito Vilanova chegou como treinador na temporada seguinte e ele me deu a chance de recuperar meu lugar no clube”, contou Piqué.

Em alto nível e boa fase, hoje Piqué é peça fundamental da seleção espanhola, estando já confirmado para a Copa do Mundo da Rússia. Em meio a Data Fifa, nesta sexta-feira o zagueiro entra em campo com a camisa da Fúria para encarar a Alemanha, atual campeã do mundo. A partida entre as duas últimas seleções campeãs do mundo, Espanha e Alemanha será às 16h45, na Esprit Arena, em Dusselford.