Se tem uma seleção que sempre revelou grandes craques que encantaram o mundo, mesmo sem ter vencido uma Copa do Mundo sequer, essa é a Holanda. No histórico da Laranja Mecânica está, simplesmente, jogadores do porte de Van Basten, Ruud Gullit, Bergkamp, Rijkaard e muitos outros. É importante reparar que os citados são todos do meio para frente, como o personagem que fará parte desse especial da VAVEL Brasil.

Existem poucos jogadores que conseguiram fazer com que a história do futebol mundial, fosse escrita antes e depois de sua carreira. Uma dessas pessoas, sem dúvidas é Johan Cruyff, astro holandês que apesar de ter disputado apenas uma Copa do Mundo, em 1974, marcou época, jogando por Ajax, Barcelona e obviamente, Seleção Holandesa, onde foi vice-campeão do mundo, perdendo a final para a Alemanha Ocidental.

O que se espera é que a memória de Cruyff, falecido em 2016, volte a inspirar os jovens holandeses nas próximas eliminatórias, já que, passando por um processo de renovação, o time saiu de um terceiro lugar em 2014, quando ganhou da seleção anfitriã, até a não classificação para a Copa do Mundo na Rússia, em 2018.

1974: Carrossel Holandês brilha na Alemanha

Cruyff participou em 1974 de uma das seleções mais talentosas da história das Copas, muito por ser formada por jogadores de Ajax, equipe tricampeã da Liga dos Campeões da Europa e do Feyenoord, que era o atual campeão nacional, além de detentor da Copa Uefa. Todos comandados por um treinador que acompanhou o gênio holandês em quase toda carreira: Rinus Michels.

Mestre e discípulo: Michels almoça com Cruyff em Barcelona (Foto: VI Images via Getty Images)
Mestre e discípulo: Michels almoça com Cruyff em Barcelona (Foto: VI Images via Getty Images)

O futebol total, implantado por Michels, favorecia toda a equipe, mas principalmente Cruyff, que sem posição fixa, poderia atuar em qualquer lugar do campo, mostrando uma inovação para a época, que era a polivalência de um jogador. Por isso, ele foi considerado um dos precursores do futebol taticamente bem jogado, mas que não perdia o brilho.

Na primeira fase da competição, mesmo jogando muito bem e encantando o mundo, ficou longe de mostrar o seu melhor futebol, que foi visto no Ajax. Mesmo assim, ele contribuiu para que seus antigos colegas de clube, Rep e Neeskens, brilhassem, marcando cinco dos seis gols que o time fez na fase inicial da competição, classificando o time na primeira colocação do grupo, sem sustos.

Já na fase seguinte do torneio, as seleções classificadas foram dividas novamente em grupos. Foi aí que Cruyff cresceu de produção e foi essencial nas vitórias sobre Alemanha Oriental e Argentina, além de destroçar a poderosa Seleção Brasileira, formada por craques como Rivelino e Jairzinho, vencendo por 2 a 0 de forma incontestável, com assistência e gol de Cruyff.

Cruyff foi derrubado por Hoeness no primeiro minuto da final (Foto: Popperfoto/Getty Images)
Cruyff foi derrubado por Hoeness no primeiro minuto da final (Foto: Popperfoto/Getty Images)

A vitória sobre os brasileiros classificou o time para final, onde pegou a Alemanha Ocidental. Os holandeses até saíram na frente, com um gol relâmpago de pênalti marcado por Neeskens, após o Nummer 14 fazer grande jogada, até ser derrubado na área pelos defensores alemães. Sem conseguir desempenhar um bom futebol por problemas pessoais, ele viu Breitner e Gerd Müller virarem o jogo ainda no primeiro tempo, frustrando assim o sonho da Holanda.

Polêmicas

Apesar do talento indiscutível dentro dos gramados, Cruyff foi protagonista de inúmeras polêmicas durante o torneio. Entre elas, estava o fato de que, apesar da seleção ser patrocinada pela Adidas, o jogador optar pela Puma, usando em sua camisa apenas duas listras laterais, enquanto o resto da equipe usava três. Essa briga não parou por aí, já que, enquanto todos os jogadores usavam números de acordo com a ordem alfabética, ele resolveu jogar com seu número preferido, o 14.

Cruyff usava camisa com duas listras, enquanto os companheiros usavam três (Foto: Allsport UK# / Allsport / Getty Images)
Cruyff usava camisa com duas listras, enquanto os companheiros usavam três (Foto: Allsport UK# / Allsport / Getty Images)

Outro fato, que inclusive afetou seu desempenho dentro de campo, foi a acusação do jornal alemão Bild-Zeitung de que ele teria feito uma festa no hotel onde a seleção estava hospedada, com garotas de programa. Ele teve, inclusive, que convencer sua esposa que a notícia era falsa. Isso tudo às vésperas da grande final. Foi um fato que pode ter influenciado na decisão do craque de não disputar a Copa de 1978, para a tristeza dos amantes do futebol.