A carreira de Francesco Totti ficou marcada pelo que o meia-atacante fez com a camisa da Roma, mas sua importância para a Seleção Italiana também foi registrada em duas edições da Copa do Mundo. Apesar de ter jogado até os 40 anos, o Capitano romanista disputou apenas dois Mundiais, e esteve em campo no último título da Azzurra, tendo participação fundamental na conquista.

O camisa 10 viveu momentos de tristeza em 2002, quando foi expulso na eliminação italiana contra a Coreia do Sul, sendo criticado por suas atuações, e alegria em 2006, quando superou uma grave lesão no tornozelo e uma cirurgia para chegar ao Mundial com condições de jogo. No fim, marcou um gol de classificação e foi protagonista do tetracampeonato mundial da Itália.

Copa de 2002: Camisa 10, criticado, ainda assim decisivo e prejudicado por expulsão

A Copa de 2002 foi de altos e baixos para Francesco Totti. Vivendo seu melhor momento na carreira, foi campeão italiano com a Roma em 2000/01 e chegou à competição como uma das principais estrelas da Azzurra. Entretanto, suas atuações não encantaram. Criticado pela imprensa italiana, o Bimbo D'Oro (Garoto de Ouro, como era conhecido) ainda teve participação importante com assistências, mas sem gols.

Contra a Coreia, Totti sofreu pênalti não marcado (Foto: Shaun Botterill/Getty Images)
Contra a Coreia, Totti sofreu pênalti não marcado (Foto: Shaun Botterill/Getty Images)

Na estreia contra o Equador, Totti recebeu lindo lançamento de Panucci e rolou para Christian Vieri abrir o placar. Contra a Croácia, o camisa 10 participou da construção do gol italiano, mas não evitou a derrota por 2 a 1. Contra o México, também falhou na conclusão, mas o empate em 1 a 1 foi suficiente para levar a Itália para as oitavas de final, enfrentando a Coreia do Sul, dona da casa.

No mata-mata, foi mais uma vez Totti quem deu passe para Vieri abrir o placar contra os coreanos, em cobrança de escanteio. Após empate no fim do segundo tempo, o jogo foi para a prorrogação e, no segundo tempo, Totti recebeu na entrada da área, fez o giro e, quando passava pelo último defensor, foi derrubado. A arbitragem entendeu como simulação e expulsou o atacante, que já tinha amarelo, levando Giovanni Trapattoni à loucura no banco de reservas. No fim, a Coreia marcou o Gol de Ouro e avançou às quartas de final.

E ainda foi expulso, por suposta simulação, para desespero de todos os italianos (Foto: Gary M. Prior/Getty Images)
E ainda foi expulso, por suposta simulação, para desespero de todos os italianos (Foto: Gary M. Prior/Getty Images)

Copa de 2006: Grave lesão ameaça carreira, mas Totti se recupera e vence o Mundial

O ano de 2006 marcou uma trajetória do inferno ao céu para Francesco Totti. Convivendo com uma má fase da Roma, o atacante sofreu, em fevereiro, uma fratura na fíbula em partida pela Serie A. Os ligamentos de seu tornozelo também foram afetados e, por conta disso, o camisa 10 giallorosso teve de passar por uma cirurgia, correndo o risco de ficar fora dos 23 convocados para a Copa do Mundo. Giancarlo Padovan, jornalista italiano, afirmava, inclusive, que Totti "estava acabado". O vídeo abaixo lembra a declaração e mostra parte da trajetória desde a lesão até o jogo contra a Austrália.

Apesar disso, Marcelo Lippi, treinador da Seleção Italiana à época, sempre afirmou que pretendia contar com Totti para o Mundial. Sua recuperação, apesar de ter se completado praticamente sem jogos oficiais, aconteceu a tempo do torneio. Com uma placa de metal no tornozelo, o atacante esteve em campo na final da Copa Itália 2005/06, sua última parada antes da competição com a Azzurra.

Participando de todas as partidas na Alemanha, Totti só não foi titular contra a Austrália, nas oitavas de final. E ainda assim, foi o momento em que se tornou mais decisivo. O camisa 10 substituiu Del Piero aos 30 da segunda etapa e, nos acréscimos, teve a responsabilidade de cobrar pênalti sofrido por Fabio Grosso, que poderia sacramentar a classificação. Como de costume, bateu firme, no alto, e não deu chances a Mark Schwarzer. A narração de Fabio Caressa ficou marcada pelo silêncio antes da batida e a explosão após o gol.

Sua importância, entretanto, foi além dos gols: Totti teve quatro assistências no torneio, maior número entre todos os jogadores, ao lado do compatriota Andrea Pirlo, de Riquelme, Schweinsteiger e Figo, além de ter começado a jogada do gol de Del Piero na semifinal contra a Alemanha, o segundo tento, que sacramentou a ida à finalíssima.

Na decisão, foi substituído aos 16 minutos do segundo tempo, dando lugar a Iaquinta, e acompanhou a disputa de pênaltis do lado de fora das quatro linhas, mas foi eleito um dos melhores da Copa do Mundo de 2006, integrando uma seleção de 23 jogadores. Buffon, Zambrotta, Cannavaro, Pirlo, Gattuso e Luca Toni foram os outros italianos presentes.

Não se chama Cristian, nem Chanel, nem Isabel, mas a taça da Copa do Mundo foi carregada como uma filha por Totti (Foto: Clive Mason/Getty Images)
Não se chama Cristian, nem Chanel, nem Isabel, mas a taça da Copa do Mundo foi carregada como uma filha por Totti (Foto: Clive Mason/Getty Images)
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Sobre o autor
Gabriel Menezes
Jornalismo na UFRJ. Coordenador e setorista de Botafogo; Coordenador de Futebol Americano e Italiano