Em tempos de intolerância religiosa vivia no mundo, e com o Islã virando alvo de perseguições nos últimos anos, um homem surgiu de maneira inesperada para ajudar no combate contra esse preconceito. Mohamed Salah Ghaly, mais conhecido como Mohamed Salah, se tornou um elo entre cristãos e muçulmanos dentro de campo. O craque do Liverpool que vem fazendo história com a camisa do clube inglês, vem cultivando idolatria mundo a fora, e principalmente o respeito por sua religião.

Salah como um muçulmano tradicional, tem como costume comemorar seus gols de maneira religiosa, se agachando com mãos e cabeça no gramado em direção a Meca, cidade sagrada do Islã localizada na Arábia Saudita. Nos últimos anos a Inglaterra foi tema de muita polêmica envolvendo a religião do egípcio, onde acabou se criando uma islamofobia pelo país. E a mudança de olhar perante a religiosidade dos muçulmanos em solo britânico se passa por Salah.

Recentemente o egípcio acabou ganhando uma canção da torcida do Liverpool. A música inspirada em "Good Enough" ("bom o bastante", traduzido do inglês), do intérprete londrino Dodgy e lançada em 1996, que exalta o atleta e diz que se ele seguir fazendo gols, também irão se tornar muçulmanos.

"Se ele é bom o bastante para você, ele é bom o bastante para mim. Se ele fizer mais alguns (gols), então eu serei muçulmano também", diz a canção, que termina com "ele está sentado numa mesquita, é lá que eu quero estar".

O efeito disso alcançou até torcedores rivais. Em matéria divulgada no The Sun, foi possível ver a importância de Salah para essa luta. "Até os fãs do Manchester United estão cantando a música dele", comentou Zuber Patel, treinador de uma equipe juvenil formada por mais de 400 crianças e adolescentes muçulmanos em Blackburn, no noroeste da Inglaterra.

"Ele é uma grande inspiração para nossos rapazes. Ainda recebemos comentários esquisitos sobre religião em nossos jogos, mas está acontecendo cada vez mais raramente por causa de coisas como esses cânticos", disse Patel.

O combate contra a islamofobia é de extrema importância, ainda mais que vivemos às vésperas da Copa do Mundo na Rússia, que deverá ser a copa mais muçulmana da história. Ao todo serão sete países com maioria de seguidores do islamismo: Irã, Arábia Saudita, Egito, Nigéria, Senegal, Tunísia e Marrocos.

O tamanho de Mohamed Salah aumenta ainda mais diante dos egípcios. O jogador foi peça fundamental e ainda fez o gol da classificação do Egito para a Copa do Mundo de 2018. O país não ia para um mundial desde 1990.

Foto: Amir Makar/Getty Images

O Egito que ainda vive épocas tensas com um governo autoritário e muitas guerras que fazem vítimas todo ano, só Salah pode ser considerado uma unanimidade no país. O jogador do Liverpool é a pessoa mais influente de todo o Egito. Após classificar o país para a Copa do Mundo, Salah acabou recebendo homenagens de grande porte. A escola frequentada pelo egípcio em sua infância em Bassyoun foi renomeada em sua homenagem e agora se chama “Escola Mo Salah”

A popularidade é tanta que o jogador acabou sendo o segundo mais votado na eleição presidencial do seu país mesmo não sendo candidato. Como o sistema de votação no Egito funciona por meio de cédulas de papel, 5% dos votos, cerca de um milhão de pessoas, escreveu o nome de Salah, que terminou na frente, inclusive de Moussa Mustafa Moussa, candidato de oposição à Abdel-Fattah, com 3% dos votos.

E o craque dono de um grande salário que gira por volta de 360 mil libras por mês, não mede esforços para ajudar o lugar onde nasceu. Criado no vilarejo de NagrigSalah fez doações e iniciou um projeto para construir uma escola na vila. Além desse gesto, o atleta ainda fez uma grande doação para o hospital da região. "Salah colocou nossa pequena comunidade no mapa do mundo. Ele fundou uma instituição de caridade e irá construir uma escola que custaria milhões aos cofres públicos", contou o prefeito de Nagrig, Maher Shetia.

"Além disso, fez doações ao Hospital Basioun, que permitiram construir uma sala de ventilação e uma de incubação, além de comprar novas ambulâncias", disse o prefeito.

O artilheiro do Liverpool ainda recusou uma mansão que iria receber de presente de Mamdouh Abbas, empresário egípcio que foi dono do Zamalek (um dos maiores clubes do país), por ter colocado o Egito na Copa. Ao invés de ficar com a mansão, Salah pediu a Mamdouh que doasse o valor para o centro comunitário de Nagrig.

VAVEL Logo
Sobre o autor