Na última sexta-feira (14), o mundo futebolístico se deparou com algo jamais visto na história da Champions League em 120 anos de existência do FC Barcelona. O clube catalão sofreu a sua maior humilhação após levar oito gols do Bayern de Munique nas quartas de final da competição. Após a partida, o presidente Josep Bartomeu prometeu tomar medidas rígidas, e o zagueiro Piqué chegou a declarar que o clube "chegou ao fundo do poço"

De fato, os culés já não vinham fazendo boas campanhas na Champions League desde 2015, quando foi campeão pela última vez. Eliminações inesperadas e remontadas em mata-mata marcaram a sequência do clube pós-título, que sempre se recuperava gloriosamente depois de um ciclo vitorioso, como em 2008 com Pep Guardiola e companhia sucedendo a era Ronaldinho, Deco e Eto'o.

Um clube tão vitorioso, com uma base de torcedores enorme espalhados pelo mundo inteiro, e sempre com um elenco formado por grandes jogadores e estrelas teve seus momentos vexatórios de envergonhar até seu torcedor mais fanático. Confira e Relembre os cinco maiores Fracassos do Barcelona na Champions League

Temporada 1985-86

Vamos voltar mais no tempo, há exatamente 34 anos atrás, quando o Barcelona chegou a sua segunda final de Champions League. Na ocasião, a Catalunha ainda estava com o vice-campeonato para o Benfica em 1961 engasgado na garganta, mas o clube era o atual campeão espanhol com ótimas contratações e poucos remanescentes do título nacional. 

Assim, aos poucos os culés foram eliminando grandes equipes no mata-mata como Sparta Praha e FC Porto, porém o rótulo de favorito ao título veio apenas nas quartas de final, após o clube se classificar perante a Juventus de Turim por 2 a 1. Na semifinal, com hat-trick do seu artilheiro Pichi Alonso, a equipe selou a ida para final deixando o IFK Göteborg para trás. Na decisão, o duelo contra o Steaua Bucareste, da Romênia, era tido como apenas mais um jogo pelo abismo separatista dos dois clubes, tendo ainda como palco da final a Espanha. 

Mas como sabemos, no campo, o futebol pode surpreender. A equipe romena comandada pelo técnico Emerich Jenei apostou em um estilo de jogo mais defensivo, e conseguiu neutralizar o ataque catalão. 120 minutos se passaram, e a final que parecia ter favorito, terminou sem gols e tendo que ser decidida nos pênaltis. Bem, o resto é história, e com uma ótima atuação do goleiro Miodrag Belodedici que defendeu 3 cobranças, as penalidades terminaram em 2 a 0, com o troféu inédito indo para Bucareste

Goleiro do Steaua Bucareste defendendo a última cobrança. (Foto: UEFA)
Goleiro do Steaua Bucareste defendendo a última cobrança. (Foto: Divulgação/Uefa)

Temporada 1997-98 

Essa temporada realmente é pra ser esquecida por qualquer torcedor do Barcelona. Vindo de um título da Supercopa da UEFA em 1997, e de um doublet na Espanha, o clube catalão era badalado com estrelas no elenco formado por Puyol, o zagueiro, e Xavi que viriam a ser ídolos, Pep Guardiola, ainda como jogador, Rivaldo e Luís Figo que foram nomeados melhor do mundo pela Fifa. 

Com todo esse currículo, o clube era considerado como franco favorito ao seu segundo título da história, e chegava para a fase de grupos contra equipes de menor expressão no cenário europeu. O grupo C era formado por Dínamo de Kiev, PSV e Newcastle e muitos já davam como certo a ida dos Culés ao mata-mata. 

Todavia, o que se viu, foi uma eliminação precoce, marcada por duas goleadas sofridas contra o Dínamo de Kiev. A primeira, na Ucrânia, um 3 a 0 tido como ocasional, mas que seria vingado no Camp Nou. Mas na Espanha, brilhou a estrela de Shevchenko que fez um hat-trick, e o placar já marcava 0 a 4. O Barcelona terminou a fase de grupos em último com apenas cinco pontos em seis partidas. 

Shevchenko preparado para cobrar um pênalti. (Foto: UEFA)
Shevchenko preparado para cobrar um pênalti. (Foto: Divulgação/Uefa)

Temporada 2017-18  

Essa eliminação foi a que iniciou a sequência de vexames do Barça na Champions League, e a primeira das duas remontadas que o clube sofreu nesses anos. O cenário naquela época era de muita pressão, pois o rival histórico do clube, o Real Madrid vinha de dois títulos consecutivos da competição e era o atual campeão Espanhol. Ou seja, a torcida esperava uma resposta imediata. 

A fase de grupos foi fácil para os catalães que passaram em primeiro com 14 pontos em seis jogos. Grupo esse, que ainda contava com a Juventus, o Sporting e o Olympiakos. Nas Oitavas de final, o Barcelona fez valer seu poderio frente ao Chelsea e após um empate no Stamford Bridge por 1 a 1, a equipe venceu por 3 a 0 em casa, sendo assim se classificando.

Nas quartas, os culés enfrentariam a Roma, que com muita dificuldade e com ajuda do gol fora, eliminaram o Shakhtar Donetsk. A primeira partida foi no Camp Nou, e a fatura já parecia liquidada para o jogo da volta quando o Barça fez 4 a 1 e colocou um pé na classificação. Os espanhóis só não contavam com garra italiana, que no Olímpico de Roma com gol do zagueiro Manolas aos 82 minutos fez 3 a 0, suficiente para mandar Messi e companhia de volta para casa.

Manolas fez o gol que eliminou o Barcelona. (Foto: Roma)
Manolas fez o gol que eliminou o Barcelona. (Foto: Divulgação/Roma)

Temporada 2018-19 

Considerada uma das mais dolorosas e difíceis de esquecer, esse vexame foi considerado pelo Jornal Marca da Espanha como “Fracasso Histórico”. Na ocasião, os torcedores ainda estavam se recuperando da eliminação inesperada na temporada passada e se a pressão já era grande, aumentou com mais um título do Real Madrid, o terceiro seguido da Champions League

Dessa vez, o Barcelona enfrentou um grupo mais difícil, que contava com Tottenham, que viria ser vice-campeão da edição, a Internazionale que acabou ficando em terceiro, e o PSV. Muito por conta das atuações do craque argentino Messi, os catalães passaram em primeiro com 14 pontos e chegaram para as quartas de final como um dos favoritos ao título. 

Nas oitavas, o Barça enfrentou o francês Lyon, que mesmo segurando o empate sem gols na ida, não conseguiu impedir o adversário que fez o dever de casa aplicando uma goleada de 5 a 1. Já nas quartas de final, contra o Manchester United, mais uma prova do até então favoritismo ao título com duas vitórias nos confrontos, por 1 a 0 e 3 a 0, sendo assim, chegando às semis invictos na competição. 

O Liverpool de Klopp visava ir para a segunda final consecutiva, mas não ia ser fácil, o Barcelona tinha Lionel Messi, que terminou a Champions com 12 gols sendo peça importante no primeiro jogo das semifinais. No Camp Nou, um massacre de 3 a 0, que poderia ter sido mais se não fosse o goleiro Alisson, e uma certeza tida por muitos: a taça irá para Catalunha. Bem, não foi assim. Sem Salah e Firmino, os Reds operaram um milagre em Anfield revertendo o placar em 4 a 0 com gols de Origi (2) e Wijnaldum (2). 

Luiz Suarez lamentando o gol sofrido, com a torcida do Liverpool comemorando ao fundo. (Foto: UEFA)
Luiz Suarez lamentando o gol sofrido, com a torcida do Liverpool comemorando ao fundo. (Foto: Divulgação/Uefa)

Temporada 2019-20

O dia 14 de Agosto de 2020 jamais sairá da memória dos fãs de futebol. O maior e mais recente vexame dos Culés aconteceu essa temporada, e por mais que o ano da equipe não fosse bom, nem o mais pessimista torcedor do Barcelona imaginaria um placar desse. 8 a 2, o resultado é proporcional a vergonha sofrida, e as causas do fracasso são muitas, confira aqui

Mais um ano em que a equipe entrou pressionada para disputar a Champions, depois de sofrer duas remontadas nos anos anteriores. O Barça ficou no grupo F, que tinha Borussia Dortmund, novamente a Internazionale, e o Slavia Praha, passando em primeiro com 14 pontos.

Nas oitavas, os comandados de Quique Setién enfrentariam a Napoli, que se classificou em segundo no seu grupo. Em partida antes da paralisação por conta da pandemia do novo coronavírus, empate em 1 a 1 com uma atuação ruim da equipe catalã. Na volta, já depois da pausa, o Barcelona já não apresentava bom futebol, mas a vitória fácil por 3 a 1 no Camp Nou deixou esperanças de um jogo equilibrado nas quartas de final. 

Bayern de Munique, era concorrente pela vaga entre os quatro melhores da Europa. Antes do jogo, clima de otimismo entre os jogadores como Vidal, chegando a declarar que a equipe seria a melhor do mundo e a atuação na partida iria provar. Mas o que se viu no Estádio da Luz foi um massacre que teve origem no primeiro tempo: 4 a 1, Thomas Muller duas vezes, Perisic e Gnabry marcaram. Na segunda etapa mais quatro gols, com Kimmich, Lewandowski e Coutinho (2). No total, o 8 a 2 é a derrota mais expressiva da história de um clube gigante como o Barcelona.

A goleada pode ser o estopim para Messi sair do Barcelona? (Foto: EFE)
A goleada pode ser o estopim para Messi sair do Barcelona? (Foto: EFE)