Da mesma forma que o tempo é fundamental para termos ideia dos acontecimentos vividos, o mesmo é cruel em definhar uma pessoa. Aqueles com muito potencial chegam ao fim do ápice sem se darem conta e, quando se deparam com a realidade, foi uma aventura vivida, com bônus e ônus. E tal ação é irremediável, feroz e inescapável. Nesta sexta-feira (16), foi a vez do zagueiro argentino Ezequiel Garay anunciar sua aposentadoria do futebol aos 34 anos.

Garay começou a carreira profissional no Newell’s Old Boys. Foram dois anos na equipe argentina até sua negociação ao Racing Santander. As boas atuações pelo time espanhol resultaram em um empréstimo e, em seguida, na compra definitiva dos direitos do zagueiro pelo Real Madrid.

Em 2011, foi ao Benfica e jogou no Zenit três anos depois. Desde 2016 estava no Valencia, até ficar sem contrato há um ano. Apesar do sucesso e do seu bom futebol que o conduziu também a jogos pela Seleção da Argentina, as lesões começaram a atrapalhar o desenvolvimento de sua carreira. Em um comunicado divulgado nas suas próprias redes sociais, o jogador deu mais detalhes.

“Devo admitir que teria gostado e estava convencido de que minha aposentadoria seria mais tarde, mas não pôde ser. Durante três anos, tenho estado silenciosamente (juntamente com uma equipe médica) a lutar e a tentar encontrar uma solução para um problema que surgiu inesperadamente. ‘Quadro clínico de coxartrose (artrose do quadril) esquerda, por alteração da cartilagem do quadril por constituição desde o nascimento sobrecarregada pela prática de atividade de impacto’. Severas dores que até me impediram de andar por vezes. Infiltrações repetidas (exigidas por mim) para competir no mais alto nível. Mas eu tinha apenas um objetivo: desfrutar da minha paixão, competir e trazer alegria a todos os fãs. Em fevereiro de 2020, houve outro ferimento grave do qual me recuperei e consegui, ao ponto de negociar com vários clubes, o meu regresso”, disse.

Em sua carreira profissional de 16 anos, Garay disputou 466 partidas. Marcou 38 gols a favor e oito contra, recebeu 64 cartões amarelos, foi expulso uma vez após dois amarelos e duas vezes de forma direta. Conquistou duas Copas do Rei, um Campeonato Português, uma Taça de Portugal, duas Taças da Liga de Portugal, um Campeonato Russo, duas Supercopas da Rússia e uma Copa da Rússia. Na Seleção da Argentina, atuou em mais 32 jogos. Foi medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008 e foi vice-campeão na Copa do Mundo de 2014, disputada aqui no Brasil. O zagueiro disse que, por ser guiado pela honestidade em sua carreira, era a decisão mais sensata a ser feita e que parte para uma nova vida.

“Compromisso é uma palavra que precisa cumprir, e meu compromisso seria apenas de receber dinheiro em troca de nada, pois eu provavelmente não jogaria dois em cada três jogos por causa do meu problema. Comecei a minha carreira como um jovem com honestidade e quero dizer adeus da mesma forma. Estou orgulhoso do que fiz até agora e sou agradecido a todos os clubes de que fiz parte e à Seleção Argentina. Cada um dos meus colegas das equipes com quem compartilhei espaço e tempo me fizeram grande e feliz. Aprendi, chorei e ri. Os torcedores me fizeram saber o que é a emoção para desfrutar com eles. E, claro, uma das minhas vitaminas essenciais durante toda essa jornada: minha mulher e meus filhos. Muito obrigado a todos vocês, ficarei eternamente grato por tanto. Hoje começa uma nova etapa, uma nova vida em que sou acompanhado pelo essencial: a ilusão”, concluiu.

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