O zagueiro e lateral-esquerdo brasileiro Luan Peres, atualmente no Olympique de Marseille, concedeu entrevista exclusiva à VAVEL Brasil. Na conversa, o jogador ex-Santos comentou sobre sua adaptação ao futebol francês, o reencontro com o técnico Jorge Sampaoli, a titularidade no atual vice-líder da Ligue 1 e falou também sobre expectativas para o futuro e Seleção Brasileira.

VAVEL Brasil: Aparentemente você teve uma adaptação muito tranquila na França e virou uma das peças fundamentais do esquema tático de Sampaoli. Você sentiu alguma dificuldade no futebol francês? Se sim, como você lidou com isso?

Luan Peres: Fico feliz por ter tido uma adaptação bem rápida, foi mais rápido do que eu esperava. Sim, senti diferença quando cheguei. A posição que passei a jogar é diferente de antes. Eu sempre joguei como defensor central, como zagueiro mesmo e aqui eu faço a função de lateral esquerdo. Também senti diferença em relação a liga, porque aqui é mais rápido, as equipes possuem pouca posse de bola, trabalham mais com jogo direto, acaba sendo um jogo bem mais vertical do que é no Brasil.

Divulgação/Olympique de Marseille
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VB: Você já conhecia Sampaoli e sua filosofia de jogo. Isso influenciou na sua adaptação? O fato de também já ter passado pelo futebol europeu também ajudou nesse momento?

LP: O fato de já ter trabalhado com o Sampaoli ajudou nessa adaptação. Já vim conhecendo e sabendo da filosofia de jogo que ele gosta e impõe. Já sabia desse jeito elétrico dele, exaltado na beira do campo. Você acaba se adaptando mais fácil quando conhece a pessoa. O fato de ter brasileiros na comissão dele também ajudou bastante.

VB: Você atuou no futebol brasileiro, belga e agora está no francês. Qual a principal diferença (técnica e taticamente) você percebeu entre os três países?

Luan: Em relação ao futebol, eu acho o Campeonato Francês uma competição mais difícil de disputar. Porque é um campeonato mais vertical, com pontas mais rápidas e por fazer uma função diferente, aqui jogo mais como lateral-esquerdo e isso dificulta um pouco mais. Dentre os três, aqui na França tem um nível bem alto, tanto técnico como tático e aqui a forma tática é muito respeitada. O nível técnico do Brasil também é alto e tem jogadores de alto nível. Dos três, colocaria a França e o Brasil como os mais difíceis, porque possuem nível técnico maior.

VB: No futebol francês, muitas vezes o zagueiro precisa fazer a função de lateral também. Você se sente confortável atuando nessa posição? É um pedido do Sampaoli essa movimentação? 

LP: Como eu sempre falo, fico feliz de ser um zagueiro que consegue jogar pela lateral. Essa temporada inteira venho jogando como lateral-esquerdo. No início da temporada, para marcar era uma linha de quatro e eu como lateral, mas para jogar eram três zagueiros e eu não tinha tanta responsabilidade de jogar a frente. Agora virou praticamente linha de quatro mesmo, tanto para marcar como para jogar, agora para jogar sou lateral e tenho mais responsabilidade de chegar à frente.

VB: Você já passou pela experiência de atuar em um clássico francês, onde a rivalidade é sempre muito grande. O que você tem para destacar sobre o momento, o ambiente e principalmente, qual ponto é mais diferente em relação aos clássicos brasileiros?

LP: O Clássico foi uma experiência muito bacana, muito legal. No Brasil também tem grandes clássicos. É sempre muito gostoso de jogar, sempre dá aquele frio na barriga. Aqui eles também são muito apaixonados, o estádio estava lotado. Eram duas equipes jogando um belo futebol e que estão na ponta da tabela. Como todo clássico, o nível de exigência é muito alto. Me senti super bem e fiquei feliz com o desempenho do time. Foi um jogo marcante, queríamos ter ganho, no segundo tempo poderíamos ter saído com a vitória, mas não deu.

Divulgação/Olympique de Marseille
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VB: Falando em torcida, como você reagiu no jogo contra o Nice, que foi suspenso por conta da confusão com a torcida? Você já tinha vivenciado alguma experiência semelhante?

LP: Nunca tinha vivenciado nenhuma experiência como essa da torcida invadir o campo. Já tinha passado por algo assim na Ponte Preta, quando a própria torcida da Ponte invadiu o campo e não a torcida adversária. Ali eu estava muito próximo deles. Na hora, com a adrenalina do jogo, me assustei, mas só fui entender a gravidade depois que passou. Um torcedor acabou me acertando, porém foi só um arranhão, nada grave. Mas o acontecimento foi uma coisa chata, que não pode acontecer e eu espero que não se repita. Não aconteceu nada mais grave, mas poderia acontecer.

VB: Quais semelhanças e diferenças no ambiente e no estilo de jogo você notou entre o Santos e o Olympique de Marseille?

LP: É muito difícil falar das características e diferenças de um campeonato para o outro, de um time para o outro. Até porque a competição é totalmente diferente, as equipes são diferentes. Existem muitas diferenças, mas se tiver que falar uma semelhança que eu vejo entre a equipe do Sampaoli no Santos e a equipe dele aqui, é que a gente sempre mantém mais a posse de bola, o controle do jogo. Nossa posse de bola sempre é maior do que dos outros times.

Divulgação/Olympique de Marseille
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VB: O Marseille perdeu pontos em jogos importantes da Ligue 1. Foi derrotado pelo Lyon, empatou com o Reims, perdeu para o Brest. Apenas nesses três jogos, escaparam oito pontos. Qual o principal motivo para essa desatenção?

LP: Eu acho que faz parte. Claro que não queremos errar e nem perder pontos. Mas perdemos, acontece. Vacilamos muito em casa, perdemos pontos que não deveríamos, mas como foi no último jogo, temos tudo para mudar essa situação jogando em casa. Neste momento não dá para lamentar os pontos perdidos, agora é só olhar para a frente e mudar o que erramos para garantirmos o segundo lugar e não sair mais.

VB: Olympique de Marseille era um dos favoritos na Uefa Europa League, mas acabou eliminado. Como você avalia essa eliminação precoce?

LP: Na Uefa Europa League pegamos um grupo complicado. Fizemos grandíssimos jogos contra a Lazio, tanto fora como em casa e merecíamos ter ganho, no meu ponto de vista. Contra o Galatasaray, fora de casa, não fizemos uma partida tão boa. Também perdemos dois pontos importantes contra o Lokomotiv Moscou, aquele gol no final da partida foi um balde de água fria. Esses pontos que perdemos colocaram em risco nossa classificação, mas como eu disse, não podemos lamentar. Temos que olhar para a frente e correr atrás da nossa classificação à Uefa Champions League.

VB: Para finalizar, quais suas expectativas para o futuro? Você acha que falta uma convocação à Seleção Brasileira?

Luan: Minha maior expectativa para o futuro é garantir nossa vaga na Uefa Champions League, nós queremos muito essa vaga. Quero buscar um título para o Olympique de Marseille, quero muito terminar a temporada conquistando um título com a equipe. Sobre Seleção Brasileira, acho que no momento é difícil porque a Copa do Mundo já é nesse ano. Mas hoje me vejo mais próximo do que me via há três, dois anos. Me vejo cada vez mais evoluindo e melhorando. Não sei se um dia vou ter essa oportunidade, mas fico feliz pelo que venho fazendo aqui. Vou seguir trabalhando, melhorando. É claro que hoje é o momento que mais me vejo próximo da seleção.