Serhii Filimonov, ex-líder ultra do Dínamo de Kiev serve à milícia neonazista na guerra

Ele era de torcida do clube ucraniano, ganhou notoriedade, fez sucesso como ator, mas volta à Ucrânia para servir braço armado contra avanço militar russo

Serhii Filimonov, ex-líder ultra do Dínamo de Kiev serve à milícia neonazista na guerra
Filimonov  entre seus amigos de Ultras do Dínamo de Kiev (Foto: Reprodução)
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Por Leonardo José

Ex-líder de torcida ultra do Dínamo de Kiev, Serhii Filimonov ganhou notoriedade na esfera futebolística ucraniana e agora se torna voluntariamente soldado da milícia Batalhão de Azov na guerra da Ucrânia. Assim começa a história de um jovem de 27 anos que começou nas arquibancadas de Kiev, passa pelos cinemas e compõe braço armado das Forças Armadas.

"Nazista sóbrio". Era essa a alcunha usada por Filimonov nas redes sociais — sim, estamos falando de um nazista. Nelas, o ucraniano fazia posts celebrando o aniversário de Adolf Hitler, por exemplo. Mas essa saudação ao nazismo não acontecia apenas no espaço virtual. Ele era um dos envolvidos no ataque de ultras do Dínamo a torcedores negros do Chelsea, em 2015, na Ucrânia. Naquela ocasião, os adeptos do time londrino foram esfaqueados sob gritos de ódio.

Filimonov também ingressou no Batalhão de Azov, milícia neonazista que desde as manifestações de 2014 é um braço armado das Forças Armadas Ucranianas, para atacar separatistas de cultura russa da região de Donbass. Lembrando que um dos pilares da origem dessa milícia neonazista foi a união de torcidas ultras de vários clubes de futebol da Ucrânia.

Foto: Reprodução
Membros do Batalhão de Azov em treinamento. No centro, a bandeira de Azov, à direita dela, bandeira da Otan e à esquerda, bandeira do Nazismo (Foto: Reprodução)

A vida de soldado não lhe era suficiente. Serhii também entrou na política ao se tornar membro do partido Corpo Nacional, onde compunha a direção responsável por destruir um acampamento romani (cigano) na capital Kiev em 2018. No entanto, o Corpo Nacional e suas alianças de extrema-direita tiveram apenas 2,5% dos votos na eleição de 2019.

O futebol é o grande berço de Serhii Filimonov para sua notoriedade. A política e a guerra se tornou uma extensão do que ele fazia nos estádios. Quando questionado sobre os símbolos nazistas e de extrema-direita que ele e seus colegas têm tatuados, o ucraniano minimizava o fato e fugia da resposta embasada ao dizer que é "coisa de torcida de futebol" e de "ultras".

Serhii Filimonov com fardamento do Batalhão de Azov (Foto: Reprodução)
Serhii Filimonov com fardamento do Batalhão de Azov (Foto: Reprodução)

Aventura nos cinemas

Mas ele também tem o lado cinematográfico. Filimonov se tornou ator de cinema em 2018, tanto que estrelou o filme "Rhino". Nele, interpretou um gângster no recorte histórico em que a Ucrânia tentava se estruturar na década de 90 após desanexação da União Soviética. E Filimonov era um bom ator. Ele conquistou o prêmio de melhor ator no Festival de Cinema de Estocolmo, em novembro de 2021.

Mesmo com a premiação no aspecto artístico, ele preferiu retornar à Ucrânia para combater o avanço russo em Donbass. Segue com suas fotos vestindo a farda militar sob legendas como "tudo será Ucrânia!".

É claro que Serhii Filimonov não é a única personalidade que ganha espaço na sociedade ucraniana através da esfera futebolística. A liderança de torcida ultra do Dínamo de Kiev, um dos maiores clubes da Ucrânia, foi seu grande trampolim para ganhar seguidores e se tornar influente.