Ascensão é a palavra que define a temporada da Chapecoense. Há pouco mais de um ano a equipe conseguia diante do Luverdense (MT) o acesso à Série B, e hoje, caminha entre os grandes do futebol brasileiro. O ano não poderia ser melhor, para a equipe que abraçou sua cidade e foi abraçada por ela. E nesta retrospectiva, a VAVEL Brasil comenta em detalhes o ano da volta à Série A.

O apoio da cidade

Conhecida nacionalmente pela agronomia, Chapecó até pouco tempo não almejava ter novamente uma equipe na Série A. Mas tudo mudou. A Chapecoense vestiu as cores de uma cidade e por ela foi abraçada. Como assim? A começar pelo estádio. A Arena Condá é municipal, ou seja, a equipe não pagou para mandar os jogos e nem para fazer a manutenção. Reformas, aliás, que fizeram a equipe não jogar boa parte do estadual na cidade, o que não acabou interferindo na campanha.

As empresas locais também a abraçaram. Se olhar para a camisa do time na disputa da Série B dará para perceber que todas as empresas locais estão apoiando o projeto. Apoiando uma equipe em um caminho que deu muito certo em 2013, e que promete render mais visibilidade às empresas e Prefeitura na disputa da primeira divisão.

Um vice-campeonato com sabor de vitória

Numa decisão de campeonato é preciso vencer para ficar com o título. É o que parece. Mas quando um campeonato estadual tem um regulamento em que serão disputados dois jogos na final e há a vantagem do saldo de gols, já é preciso ficar com um pé atrás. E foi o que aconteceu. Após perder por 2 a 0 para o Criciúma fora de casa, Chapecó recebeu o jogo em que o vencedor, no tempo agregado, comemoraria com sua torcida e ergueria a taça.

A Chapecoense fez o que era preciso. Venceu. No entanto, não foi o suficiente para comemorar com a torcida. Fez o que todos esperavam: jogou bem. Fez o que todos os torcedores que lotaram a Arena Condá queriam, mas, no fim, o placar de 1 a 0 deu o sabor de uma vitória e, ao mesmo tempo, da decepção pelo vice-campeonato.

Série B: um início promissor

O início da competição foi promissor. Vitória na estreia – e de goleada. Além disso, uma vitória e um empate diante dos rivais catarinenses. A primeira derrota demorou a aparecer. Veio na 11º rodada e foi num jogo complicado fora de casa, contra o Ceará e após garantir uma pequena vantagem no campeonato.

A partir desta derrota, a equipe de Gilmar Dal Pozzo teve de absorver os aprendizados. Na sequência, mostrou-se ciente do que havia aprendido. Venceu o também nordestino Sport, na Ilha do Retiro. Depois disso, o segundo tropeço aconteceu contra o Bragantino por 1 a 0. Após este resultado, a equipe terminou sem vitória o primeiro turno, pois ainda perdeu para o Icasa e empatou contra o Palmeiras.

Sequência de empates e o acesso à elite

Quando ainda havia uma grande vantagem, uma sequência de empates dramatizou a chegada do Verdão do Oeste à elite. Foram cinco empates seguidos até a vitória contra o Paraná, que lhe garantiu matematicamente o acesso. Para a alegria da torcida, à volta após 34 anos à Série A foi em um jogo em casa. Com mais um empate.

O empate, por sua vez, foi o 12º da trajetória do time na Série B. E foi o que mais orgulhou o torcedor. As vitórias ainda viriam até o campeonato acabar. Vitórias que coroariam o feito do clube do Oeste de Santa Catarina. Vitórias em cima de Icasa e do campeão Palmeiras.

Bruno Rangel, o artilheiro do acesso

Com 31 gols, o atacante Bruno Rangel pode ser considerado o grande responsável pela volta da Chapecoense à elite do futebol brasileiro. Desconhecido no futebol nacional, e só com uma artilharia da Série C em 2010 pelo Paysandu no currículo, o jogador ganhou mais uma oportunidade no futebol catarinense. E não decepcionou. Antes, já havia vestido as camisas de Joinville e Metropolitano.

Além dos gols, ele virou um ídolo de uma torcida apaixonada. Com o que um atacante faz de melhor, Rangel terminou o ano com o título de maior artilheiro da Série B com 31 gols. No entanto, os torcedores não irão vê-lo novamente com a camisa da Chape. Pelo menos, não no ano que vem. O atacante fechou com o Al-Khor, do Catar.

Melhor jogo: Chapecoense 6x2 São Caetano, 22ª rodada

Quando a equipe é uma das que menos sofreu gol e o seu atacante principal corresponde, é fácil encontrar méritos na campanha. No entanto, é disputado saber qual foi o melhor jogo no ano. A partida escolhida em questão reflete o que aconteceu para o Verdão no campeonato. Muitos gols feitos e poucos sofridos.

No jogo diante do São Caetano, os catarinenses mostraram sua força. Foi a partir daí que quem ainda tinha dúvidas sobre o acesso começou a acreditar. Foi um daqueles jogos que deu tudo certo.

Pior jogo: Paysandu 2x1 Chapecoense, 25ª rodada

Com seis derrotas em 38 rodadas, a Chape demonstrou nelas pílulas de bom futebol. Já na partida contra o Paysandu, o avassalador início de jogo do time paraense anulou as reações e o futebol dos visitantes. A equipe ficou perdida e foi derrotada.

Nesta campanha, tiveram derrotas com placares mais elásticos. Mas, no jogo disputado em Belém, tudo conspirou contra. O adversário soube anular o futebol de Bruno Rangel, que mesmo assim conseguiu um espaço no final do jogo para marcar, e o poder de reação também. Este foi um jogo em que a Chapecoense ficou perdida em campo.

Melhores jogadores

Bruno Rangel

Falar do acesso da Chapecoense é obrigação citar Bruno Rangel. Destaque no Metropolitano e sem aparições nos grandes centros do futebol brasileiro, ele foi o artilheiro, o destaque e o nome deste acesso. Uma média de quase um gol por jogo. Fez gol até quando a equipe não jogou tudo o que esperava. O que todo torcedor da Chapecoense gostaria para 2014, era que ele permanecesse. Isso não vai acontecer, mas seus gols estão marcados na história do clube.

Athos

Se Bruno Rangel não permanece, Athos também não ficará na Arena Condá. E não foi por não querer. O meia até divulgou sua insatisfação em não continuar no clube, mas, segundo ele, foi o desejo do clube. Parceiro de Rangel no ataque, o jogador fez seis gols e será lembrado também pelo acesso.

Neném

Apesar do nome, Neném tem 31 anos. Foi um dos destaques na campanha do Campeonato Catarinense em 2013 e na Série B. Como cobrador de faltas, o também meia ajudou nas conquistas deste ano. No final do Estadual, ele foi eleito, ao lado de Marquinhos, do Avaí, o melhor meia da competição. Ao contrário de Bruno Rangel e Athos, o jogador deve continuar em Chapecó.

Piores jogadores

Galhardo

Considerado um dos reforços para o Catarinense deste ano, Galhardo chegou com muita expectativa para fazer um bom campeonato. Não vingou e não se destacou.

Ronaldo Capixaba

O atacante Ronaldo Capixaba tem um currículo movimentado. Defendeu Joinville, Criciúma e Avaí. Neste ano, foi contratado para ajudar no Campeonato Catarinense. No entanto, Bruno Rangel ocupou a parte ofensiva com maestria e o jogador foi dispensado. Saiu da Chapecoense após jogar 12 partidas e não marcar nenhum gol.

Análise final

O ano da Chapecoense foi espetacular, apesar de terminá-lo sem título. Os vice-campeonatos no Catarinense e no Brasileiro deram moral à equipe para pensar em fazer uma volta digna à primeira divisão. O azar do Verdão neste ano foi que no estadual tinha saldo de gols como desempate e, na Série B, um grande querendo voltar com o título. Com isso, o acesso foi comemorado como uma conquista de campeonato. Feito que Chapecó não via há mais de 30 anos. Em campo, Bruno Rangel comandou a artilharia e a festa neste ano de 2013. E a torcida viu um ano especial, para ser lembrado com carinho na história de um clube e de sua cidade.

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Sobre o autor
Ismail  Filho
Jornalismo. Louco por esportes e pelo rádio.