Pela 17º vez na história, Sport e Náutico farão a final do estadual. O duelo desta quarta-feira (23) tem tudo para entrar na história dos Clássicos dos Clássicos e ser antológico. No século 21, será apenas a segunda decisão entre os rivais do confronto centenário, o terceiro clássico mais antigo do futebol brasileiro.

Em 2014, na centésima edição do Campeonato Pernambucano, coube aos dois clubes mais antigos do estado a decisão do título. O primeiro jogo aconteceu na Ilha do Retiro, recanto do Leão. Agora, o tira-teima está marcado para a Arena Pernambuco.

Neste ano foram cinco clássicos, sendo dois pela Copa do Nordeste e dois pelo campeonato estadual. O Timbu, com três vitórias e duas derrotas, vai levando leve vantagem na temporada. Porém, precisará de mais in triunfo se quiser ficar com a taça.

Curiosidades

Quatro centenas de jogos são mais que suficientes para se construir uma rivalidade. Quando um time é derivado do outro, não faltam motivos para serem rivais.

Nesses confrontos, o Sport leva uma boa vantagem no número de vitórias. Em termos de conquistas, o Leão também está à frente tanto em âmbito nacional como no regional, conquistando 39 vezes o Campeonato Pernambucano, contra 21 do adversário. O Timbu, por outro lado, passou a disputá-lo mais tarde, vencendo-o pela primeira vez em 1934, quando o rival já tinha sete taças.

Os dois times alternaram períodos de hegemonia em Pernambuco. A maior sequência de títulos obtida foi o hexacampeonato do Náutico entre 1963 e 68 (de modo invicto em 1964 e 68). Para piorar, o Sport foi vice-campeão durante toda essa sequência.

O Leão, todavia, nunca levou seis taças em série, mas já foi pentacampeão em duas ocasiões: de 1996 a 2000 e de 2006 a 2010. E pode dizer que bateu o rival em 17 de 25 duelos diretos em decisões, incluindo a de 2010.

Alguns dos grandes jogadores que participaram desss jogos antológicos são Ademir Menezes, artilheiro no Brasil 1950, Vavá, Dario Maravilha, Zé Maria, Manga e Juninho Pernambucano, pelo Sport, e os irmãos Carvalheira (Zezé, Artur e Fernando), Manoelzinho, Bita, Marinho Chagas e Jorge Mendonça pelo Náutico.

Os palcos, em tempo: o Sport tem na Ilha do Retiro, que foi sede da Copa do Mundo de 1950 no Brasil, um dos caldeirões mais temidos do continente, enquanto o Náutico manda seus jogos na Arena Pernambuco, que será sede da segunda copa no país. Mas, por ironia, foi o Arruda, casa do Santa Cruz, o estádio a receber o maior público do clássico: em 1988, 80.023 pessoas assistiram a um triunfo do Sport por 2 a 0.

História do confronto em finais

Desde 1951, ao todo foram 16 confrontos decisivos, com os rubro negros levando vantagem. O time da Ilha do Retiro só conseguiu ultrapassar o clube dos Aflitos após o hexacampeonato histórico do rival, em 1968, que foi também a última final vencida do Náutico sobre o Sport. Até ali, o placar era 6 a 2 a favor dos alvirrubros. Desde então, Leão venceu oito finais seguidas, fazendo 10 a 6.

Em todas as edições do Campeonato Pernambucano o vencedor saiu de forma direta. Ou seja, nenhuma final foi decidida nos pênaltis. Se acontecer, será a primeira.

Principais finais em que o alvirrubro levou vantagem:

17 de fevereiro de 1952 - Náutico 1 x 0 Sport

No Campeonato Pernambucano de 1951, o Timbu disputou a final contra o Sport. A classificação para a decisão, veio depois que o Náutico venceu o segundo turno, ao derrotar o Auto Esporte. O título foi disputado em uma melhor de três jogos; no primeiro, alvirrubro venceu por 3 a 1, enquanto o segundo jogo acabou empatado em 1 a 1.

No terceiro e último embate, no Estádio dos Aflitos, restava um empate para que o Timbu fosse campeão. Mesmo assim, o Náutico partiu para cima, venceu por 1 a 0 e conquistou o primeiro título sobre o Sport, pondo ainda mais fogo na rivalidade entre os dois clubes.

21 de dezembro de 1966 - Náutico 5 x 1 Sport

Após derrotar o Sport nas finais de 1963 e 1964, em 1966 o Náutico teve que provar sua hegemonia no estado. Capitaneado por Bita, os alvirrubros contavam um time quase insuperável e fizeram uma grande competição, conquistando o tetra campeonato estadual em cima do Sport.

A final foi disputada em três jogos; no primeiro, o Timbu venceu por 2 a 0, enquanto o segundo jogo acabou empatado em 1 a 1. No último confronto, uma grande atuação alvirrubra e uma vitória humilhante por 5 a 1. O resultado, até hoje a maior goleada em um jogo decisivo entre os três grandes clubes do estado.

21 de julho de 1968 - Náutico 1 x 0 Sport

O campeonato de 1968 foi disputado em três turnos e, o que parecia garantido, já que o time alvirrubro conquistou os dois primeiros turnos, se transformou em problema. O Sport, no último turno, acabou ganhando vencendo e tirando do Náutico uma invencibilidade de 35 jogos pelo Campeonato Pernambucano, resultado que forçou o terceiro turno a ser decidido em uma partida extra, que teve como vitorioso o time rubro-negro, pelo placar de 1 a 0. Com a vitória, as duas equipes foram à decisão.

A final foi decidia em três partidas. Na primeira, no Eládio de Barros Carvalho, o Timbu saiu vencedor or 1x0, garantida pelo gol de Ramos; a segunda quem ganhou foi o time do Sport, que derrotou o Náutico por 3 a 2. No terceiro e último duelo, quem vencesse levaria a taça. O jogo foi nervoso, até que Ede marcou na prorrogação e fez a festa da torcida alvirrubra. Esse foi o gol que o Náutico precisava para conquistar um dos títulos mais invejados pelos seus adversários: o hexa campeonato. No dia seguinte a vitória, o Jornal do Commercio fez uma matéria com o título: Hexa é Luxo!

Principais finais em que o rubro-negro levou vantagem

8 de janeiro de 1956 - Náutico 2 x 3 Sport

Em 1955, o Sport venceu tanto o primeiro quanto o segundo turno, mas no terceiro e último, o Náutico sagrou-se campeão. Sendo assim, as equipes disputaram o título daquele ano. O Leão buscava o troféu para presentear a torcida no ano do cinquentenário do clube, e acabou conseguindo.

Curiosamente, a decisão aconteceu em 1956, nos Aflitos. Mesmo fora de casa, os rubro-negros venceram por 3 a 2. Na época, o time contava com nomes como Traçaia, Naninho, Gringo, Soca e conquistou o primeiro título estadual em cima do Timbu.

Time-base do Sport, campeão do Cinquentenário
Time-base do Sport, campeão do Cinquentenário

16 de junho de 1994 - Sport 2 x 0 Náutico

Em 1994, o Leão venceu os dois jogos da final, tanto nos Aflitos como na Ilha do Retiro, e deixou o Náutico na fila. O título coroou um belo time do Sport, que contava com nomes como Jefferson, Sandro, Dário, Chiquinho, Juninho e Leonardo. Restulado: o tricampeonato estadual naquele ano.

A toricda deu um show, e mesmo com a greve das motoristas de ônibus lotou o estádio, com um público de mais de 33 mil pessoas. Fábio e Chiquinho marcaram os gols da vitória que deu o título aos rubro-negros.

Leão campeão estadual em 1994 (Foto: Reprodução/Revista Placar)
Leão campeão estadual em 1994 (Foto: Reprodução/Revista Placar)

5 de maio de 2010 - Sport 1 x 0 Náutico

No pernambucano de 2010, o Leão buscava o quinto troféu consecutivo. Mas, não seria nada fácil, com os rivais loucos para acabar com a sua festa. O Sport tratou de vencer logo o primeiro turno, garantindo o seu lugar na grande final. No segundo turno, os alvirrubros levaram a melhor e chegaram à decisão.

No primeiro jogo, o Timbu foi melhor e venceu por 3 a 2, ficando com a vantagem do empate na partida decisiva. Porém, o Sport se impôs e triunfou na Ilha do Retiro por 1 a 0. Leandrão fez o gol do pentacampeonato, que deixou o os rubro-negros a um título de igualar a marca do Náutico.

Em 2010, o Sport conquistou o penta pela segunda vez (Foto: Divulgação/Sport)
Em 2010, o Sport conquistou o penta pela segunda vez (Foto: Divulgação/Sport)