O ano de 1995 foi especial para o Grêmio. O Tricolor porto-alegrense vinha da conquista da Copa do Brasil na temporada anterior e precisou ser estrategista para mesclar os jogadores em um calendário muito apertado. No primeiro semestre, os azuis dividiram atenções para tentar buscar mais um título da Copa do Brasil e na luta pelo bicampeonato da Libertadores. O Campeonato Gaúcho, dessa forma, era a menor das prioridades. A presença de atletas reservas e até de categorias de base era constante.

O título da Copa do Brasil não veio, com o Grêmio acabando em segundo lugar, ao perder a final para o Corinthians, em junho. Na campanha da Libertadores da América, que resultou em conquista gaúcha, o Tricolor estava na fase semifinal e, na mesma semana, decidia a final do Gauchão, justamente em clássico Gre-Nal. O então técnico Luiz Felipe Scolari optou pela utilização de um time misto no estadual.

A saída com reservas e outros novatos durante o Gauchão era designada como "Banguzinho", termo originado por um dirigente gremista da época. Eis que o tal Banguzinho não só ultrapassou as barreiras das fases anteriores como chegou com moral para disputar os clássicos decisivos.

Empate no Beira-Rio e decisão para o estádio Olímpico

Pela fase de quartas de final da Libertadores, o Grêmio passou por grandes apuros. Fez 5 a 0 no Palmeiras na disputa de ida, mas, surpreendido na volta, tomou 5 a 1 e quase ficou fora das semifinais do torneio sul-americano. Apenas quatro dias após a viagem a São Paulo, o primeiro Gre-Nal começava a mexer com as duas maiores torcidas do Rio Grande do Sul.

No Beira-Rio, em 6 de agosto de 1995, estádio lotado para os primeiros 90 minutos da grande final. O placar acabou em 1 a 1. Mazinho Loyola fez para o Inter e Nildo igualou para o Grêmio.

Nildo, Alexandre Xoxó e Argel durante o Gre-Nal no Beira-Rio


De olho também na Libertadores, Grêmio campeão com time misto

Não poderia ser uma data pior para o Colorado gaúcho. O supersticioso dia 13 combinado ao mês de agosto foi o dia da final, também coincidente em ser dia dos pais. No estádio Olímpico, o Grêmio, que estava a três dias de enfrentar o Emelec pelo segundo jogo da semifinal da Libertadores, entrou com apenas cinco titulares: Rivarola, Dinho, Roger, Carlos Miguel e Paulo Nunes. Os outros seis eram reservas, caracterizando o chamado "Banguzinho".

Do outro lado, o Inter de Abel Braga vinha para tentar o título na casa adversária. Situação semelhante ao panorama do Gauchão 2015. O primeiro jogo empatado, como foi o 0 a 0 na Arena, e um dos lados do Gre-Nal mais entretido com a Copa Libertadores. Na época, o Grêmio. Atualmente, o Internacional. Outra semelhança é Felipão, 20 anos após, ser novamente o técnico gremista.

Quando a bola rolou, o Tricolor mostrou superioridade. Carlos Miguel e Gelson carimbaram a trave do goleiro Goycochea. Ainda no primeiro tempo, Nildo, grande nome das finais, recebeu de Paulo Nunes, girou sobre o marcador e tirou do goleiro para abrir o placar: 1 a 0 para o Grêmio.

Na representação colorada, Mazinho Loyola era a esperança e acertou passe preciso para Zé Alcino marcar, já no segundo tempo. 1 a 1 no Olímpico Monumental. Mas a alegria vermelha não perdurou. Marcão errou ao tentar cortar uma jogada gremista e ofereceu a bola para Nildo. Esperto, ele deixou Carlos Miguel em posição para guardar e o meia não desperdiçou. Chute forte para recolocar o Grêmio à frente: 2 a 1.

Nildo e seu grande bigode queriam estar em todas as imagens. Empolgado, ele chegou forte demais em carrinho sobre um atleta colorado e acabou expulso. Márcio, volante do Inter, também perdeu a cabeça em reclamação com o árbitro e acabou na rua. 10 homens para cada lado. Na saída, Márcio ainda se desentendeu e agrediu um companheiro de Inter.

Sem tempo à reação rubra, o Grêmio de Felipão terminou com a vantagem de 2 a 1 no placar e ergueu a taça do Campeonato Gaúcho. Mais tarde, no mesmo ano, a Libertadores da América chegou novamente para a turma do estádio Olímpico. Mas, para quem gosta de corneta sobre o rival, o 13 de agosto é a data certa para lembrar a conquista do Tricolor.

Confira o vídeo com os melhores lances da final do Campeonato Gaúcho de 1995:

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Sobre o autor
Henrique König
Escritor, interessado em Jornalismo e nas mudanças sociais que dele partem; poeta de gaveta.