Palmeiras e Vasco fizeram no último domingo um dos clássicos mais tradicionais do futebol brasileiro. As equipes não se encontravam desde o Campeonato Brasileiro de 2012, já que nos dois anos seguintes, paulistas e cariocas, respectivamente, disputaram a série B do nacional. O confronto em São Januário terminou com goleada alviverde por 4 x 1.

Mas o que mais chama atenção entre os dois clubes é o histórico de união e respeito das torcidas, construída ao longo dos anos. As torcidas organizadas Força Jovem e Mancha Verde fizeram uma confraternização antes do jogo da última rodada, na frente do estádio do clube carioca. Torcedores eram vistos em clima pacífico e amigável, comemorando o reencontro entre os clubes.

A boa relação começou em 1951, durante a Copa Rio - torneio equivalente ao Mundial de Clubes atualmente. Vasco e Palmeiras eram os representantes do Brasil no torneio, e após a eliminação do time da colina, os torcedores vascaínos passaram a apoiar em peso os palestrinos. Um ano antes, no Maracanã, os cariocas viram a maior decepção do futebol brasileiro em copas, até então: derrota para o Uruguai na final, por 2x1. Com medo de mais um vexame em casa, o Rio de Janeiro em peso ficou verde.

Esse apoio foi comprovado na final do torneio, quando mais de 100 mil torcedores viram o Palmeiras levantar a taça diante da Juventus, da Itália, no mesmo Maracanã. Boa parte dos torcedores eram vascaínos, que já simpatizavam com o clube paulista de longa data, já que um dos principais jogadores do verdão na época era um velho conhecido: Jair Rosa Pinto, o 'Jajá da Barra Mansa', habilidoso e carismático atacante, que na década de 40 defendeu Vasco e Madureira.

A retribuição palestrina veio nos anos seguintes. Sempre que os cariocas jogavam na capital paulista, fosse contra Corinthians, Santos ou São Paulo, contavam com o apoio da torcida alviverde. 

Nas décadas seguintes, dezenas de jogadores vestiram as duas camisas: ídolos como Friaça, Vavá, Leão, Edmundo, Luizão, Edilson, Evair, Euller e jogadores com passagens recentes, como Juninho Paulista, Dodô, Diego Souza, Pedrinho, Alan Kardec, entre outros. Fernando Prass, Alecsandro e Victor Ramos, hoje no Palmeiras, também figuram na lista.

Na história dos confrontos, foram 51 jogos, com 11 vitórias vascaínas, 24 alviverdes e 15 empates. Dos duelos mais marcantes estão a final do Brasileirão de 97, vencida pelo cruz-maltino, as oitavas de final da Libertadores de 1999, quando Alex, Evair e cia. derrubaram o atual campeão, e a lendária final da Copa Mercosul de 2000, doída para os palmeirenses, derrotados por 4x3 em pleno Palestra Itália, quando venciam o jogo por 3x0.

Agora em situações diferentes, Vasco e Palmeiras lutam por redenção: para recuperar a confiança e o prestígio do torcedor, espantar o passado de quedas para a série B e acabar com a escassez de títulos. O próximo encontro está marcado para a rodada de número 30, no Allianz Parque. Independente das posições na tabela, certamente veremos uma bela festa fora de campo. Que sirva de exemplo para todas as torcidas.

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Sobre o autor
Michael Lennon Gomes
Jornalista.