Mais novo xodó da torcida do Flamengo e eleito craque da Copa São Paulo de Futebol Júnior 2016. O título coroou as brilhantes atuações de Felipe Vizeu no torneio, mas nem sempre a vida reservou vitórias para o atacante. Em entrevista à VAVEL, revelou as dificuldades que sofreu na infância, o início de carreira complicado e até sua inspiração em Paolo Guerrero.

Nascido em 1997, é um autêntico camisa 9. Conquistou pela equipe sub-20 do rubro-negro a Taça OPG (2014), Taça Guanabara (2014), Torneio Superclássicos (2014) e Copa São Paulo de Futebol Júnior (2016). Conheça mais sobre Felipe Vizeu em entrevista exclusiva para a VAVEL Brasil.

Confira a entrevista na íntegra

VAVEL BRASIL: Felipe, conte-nos seus primeiros passos no futebol. Como foi o início da sua trajetória?

Felipe Vizeu: Tudo começou com quatro anos de idade, em Cabo Frio no futsal, na famosa CEDUC. Depois de jogar dois anos por lá, me mudei para uma cidade do interior de Minas Gerais chamada Chiador. Continuei no futsal com o apoio da prefeitura e aos 8 anos disputei campeonatos pelo time da cidade. Eu e meu irmão mais velho Igor tinhamos que andar 14 km de bicicleta para poder jogar, foi uma infância dolorosa. Tinha que jogar futebol, estudar e ainda ajudar na fazenda, onde morei por muito tempo.

VBR: E devido a mudanças e distância, passou por dificuldades, acredito. Não?

FV: Sim. Muitas das vezes nós e alguns amigos que moravam nas fazendas vizinhas, ficavamos após o treino marcando campo, a troco de pães com mortadela e dois litros de Coca Cola. Chegava em casa, as vezes tínhamos só ovo para comer e leite para beber pois havia galinhas e vacas em nossos quintais. Se não tivesse carne comeríamos ovo a semana toda, isso chegou a acontecer. Se hoje como picanha tenho que agradecer a Deus por ter me dado essa oportunidade.

VBR: E depois de ser destaque no futsal, como foi sua chegada para o futebol de campo?

FV: Voltei para Cabo Frio aos 11 anos e, entrei em um time chamado ESPROF, que disputava a Série C do Campeonato Carioca. Atuei por um tempo e depois fui para o CFK, onde tudo começou. Lembro bem que teria um jogo importante e um dia antes o meu treinador Kiko me chamou para conversar, dizendo que estaria na arquibancada um olheiro de um time de Minas Gerais. Esse olheiro é o tio do André, ex-Sport e Atlético-MG. O nome dele é Luiz Carlos Marins. Joguei como se fosse o último jogo da minha vida e não foi que ele me chamou no final da partida? Eu havia ficado muito feliz, ele anotou o meu número e do meu pai, falou que entraria em contato conosco.

VBR: E então você seguiu para Minas Gerais. Qual clube te convidou e sofreu com algum imprevisto familiar ou contratual?

FV: Nessa época tinha 13 anos. Na semana seguinte ele havia nos ligados informando que eu iria fazer um teste no América Mineiro. Mas só podia ir com 14 anos e faltavam apenas dias para eu completar a idade. Ele me deu o tempo necessário. Esperei, fui para lá e passei no teste graças a Deus.

VBR: Sua carreira começou no América, mas o Flamengo surgiu no meio do caminho. O que ocasionou essa mudança e como os cariocas te ajudaram nessa jornada?

FV: Depois de atuar dois anos pelo América, despertei interesses de vários outros grandes clubes. E o Flamengo foi um desses. Cheguei com 16 anos e subi para a categoria sub-20. Essa foi minha trajetória, passei muitas coisas pra estar hoje aonde estou. Serei grato sempre a todos que me ajudaram, sei que foram fundamentais para hoje estar conquistando muitas coisas com a camisa rubro-negra. Queria agradecer a Deus por essa oportunidade e meus familiares que sabem do meu dia a dia e que estão lado a lado comigo.

VBR: As vezes surgem imagens na internet sobre problemas no serviço do centro de treinamento do Flamengo. E, ligado a isso, se cogita que a base pode estar largada até certo ponto. A estrutura do Flamengo é boa o suficiente? Algo a melhorar?

FV: Sim, ótima. Morei um bom tempo no alojamento, grandes profissionais. Desde a tia da cozinha até o presidente. Tenho só de agradecer pela oportunidade que me deu e por ter confiado em meu talento.

VBR: Quem é a sua referência na posição? Um jogador que te inspire a jogar no passado ou presente?

FV: Tenho um ídolo chamado Ronaldo Fenômeno, apesar de não ser o papel parecido. Mas me inspiro muito nele. Hoje no próprio Flamengo tem o Paolo Guerrero que tem muito o perfil parecido comigo (alto, forte bom finalizador) e um excelente profissional que irei aprender muito podendo vê-lo treinar de perto e também jogar juntos um dia, se Deus quiser.

VBR: Em muitas divisões de base espalhadas pelo Brasil o foco principal são títulos, deixando de lado a formação/preparação dos atletas para o time profissional. Como é a formação na base do Flamengo?

FV: Como diz o próprio lema: "craque o Flamengo faz em casa". Temos grandes profissionais a nossa volta, nos proporcionando os melhores treinamentos a cada dia, desde a musculação até o campo. Não apenas de títulos nós vivemos.

VBR: Quem é Felipe Vizeu fora dos gramados?

FV: Uma pessoa tranquila, humilde, que gosta de curtir uma praia em dias de folgas, de pegar um shopping com os amigos. E colocar aquela resenha em dia (risos).

VBR: Antes da Copa São Paulo, quais foram os melhores momentos da sua carreira?

FV: Na Copa do Brasil Sub-17, em 2013, fiz dois gols contra a Ponte Preta na semifinal, ajudando a chegar na decisão. Depois, no sub-20, fiz um gol muito importante contra o Grêmio, onde no primeiro toque pude fazer o gol de empate e ajudar a classificar o Flamengo para a segunda fase.



VBR: Para finalizar, deixe uma mensagem para todos flamenguistas que estão acompanhando a entrevista na VAVEL Brasil.

FV: Gostaria de deixar uma mensagem para todos que sonham em ser jogador de futebol: não desistam na primeira barreira pois a vitória pode estar logo após. Deixo um abraço para todos flamenguitas, para essa nação maravilhosa, dizer que em breve estarei trazendo muitas felicidades no profissional e fazendo meu papel.