Neste domingo (1º), começa mais uma final de Campeonato Mineiro. Após quatro anos, América-MG e Atlético-MG se colocam frente a frente para mais uma decisão de quem é o melhor time de Minas Gerais. A vantagem é do Galo, que pode ser campeão com dois empates ou vitória e derrota nos dois jogos com a mesma diferença de gols. Para o Coelho, é vencer ou vencer.

Mas abrindo a caixa de histórias entre as duas equipes, vamos voltar no tempo e relembrar o ano de 1993. Na ocasião, o Campeonato Mineiro não tinha o mesmo regulamento desta temporada. Era disputada em forma de grupos e decidido em um quadrangular decisivo. Na fase final estavam presentes América, Atlético, Cruzeiro e Democrata-GV.

Geração de craques formados pelo Coelho

O elenco americano era formado por jogadores criados no próprio clube, respeitando uma tradição de que o Coelho era uma agremiação formadora de craques. E assim o time americano seguiu uma receita caseira para fazer sua melhor mistura. Com vários atletas jovens e outros mais experientes, o trabalho deu certo.

O Coelho havia sido vice-campeão mineiro em 1992 após perder a decisão para o Cruzeiro, que tinha uma equipe de respeito. O América de 1993 era a mesma base do ano anterior, só que com um treinador diferente. Formiga entrou em lugar de Pinheiro, que chegou ao time celeste substituindo Jair Pereira.

Disputa do título contra o Galo e.... deu Coelho e por goleada.

Após um campeonato longo e com duas fases, América, Atlético, Cruzeiro e Democrata-GV chegaram ao quadrangular decisivo. A mostra de que o título estadual já teria dono aconteceu logo na primeira rodada. Os dois melhores times da segunda fase abriram a disputa final com um clássico no Mineirão.

Entre outros jogadores, o América contava com Milagres (já considerado ídolo da torcida americana), Ronaldo Luís (que seria campeão da Libertadores e do Mundial pelo São Paulo), Gutemberg (que mais tarde jogaria no Atlético), Flávio Lopes (atual diretor do Coelho e campeão da Sul-Minas em 2000 como treinador), Euller (que atuaria por São Paulo, Atlético-MG, Palmeiras e Vasco), Hamilton e Robson (anteriormente campeões e consagrados com a camisa do Cruzeiro).

Já o Atlético contava com vários jogadores que não deixaram lembranças no torcedor atleticano, com raríssimas exceções como: Sergio Araújo (ídolo dos anos 80 e campeão da Conmebol de 1992), Negrini e Ailton (também campeões da Conmebol), Valdir Benedito (mais tarde vice-campeão brasileiro pelo alvinegro em 1999), e o jovem Reinaldo, que tinha 16 anos, e dava seus primeiros passos como profissional. O comando técnico era do ex-lateral direito Nelinho.

O primeiro gol foi do veterano Hamilton, após um erro do goleiro Luiz Henrique, que demorou a sair do jogando e perdeu a bola para o centroavante. Ainda na etapa inicial, Euller começou a fazer sua história no clássico. Após bola levantada na grande área, o arqueiro atleticano soltou a bola, que se ofereceu ao jovem atacante americano. O camisa 7 apenas empurrou a bola para as redes.

Na etapa final, o América deu um show, principalmente, dos jovens jogadores formados no clube. Euller recebeu lançamento, colocou na frente, e tocou por cima de Luiz Henrique. O Coelho confirmou a goleada após boa jogada de Taú pela direita, que passou a Flávio Lopes, que só empurrou para o gol.

Após este jogo, o que aconteceu?

O América foi praticamente perfeito durante o quadrangular final do Campeonato Mineiro de 1993. Empatou sem gols por duas vezes com o Cruzeiro, aquela altura, campeão da Copa do Brasil em cima do Grêmio. Igualou marcador contra o Atlético por 2 a 2, e ganhou do Democrata-GV por 1 a 0, em Belo Horizonte, e goleou em Governador Valadares por 4 a 1, partida que deu o título estadual para o Coelho após 22 anos.

O América realizou 18 jogos, com 11 vitórias, seis empates e apenas uma derrota. O ataque americano anotou 34 gols, uma média de quase dois gols por partida, consagrando o artilheiro do Campeonato Mineiro. Hamilton, com 14 gols.

A defesa americana, comandada pelo excelente goleiro Milagres sofreu apenas oito gols. Segundo o site Acervo do Coelho, o camisa 1 do América chegou a ficar mais de 400 minutos sem ter sua meta vazada.