Nesta quarta-feira (26), Cruzeiro e Grêmio entram em campo pela primeira partida da semifinal da Copa do Brasil. O jogo será no Mineirão, às 21h45 (de Brasília). O confronto decisivo será semana que vem, dia 2, na Arena do Grêmio, no mesmo horário.

Cruzeiro e Grêmio são velhos rivais e apresentam semelhanças que tornam este confronto um verdadeiro clássico do futebol brasileiro. Entre elas, os dois times possuem quatro títulos da Copa do Brasil e duas Copa Libertadores da América.

Além disso, ambos já realizaram confrontos históricos, nas edições da Copa Libertadores de América de 1997 e 2009, assim como a Copa do Brasil de 1993. E é sobre a decisão do torneio nacional que vamos falar aqui, na VAVEL Brasil.

Cruzeiro derrota Grêmio e fatura sua primeira Copa do Brasil

Em 1993, a Copa do Brasil ainda não tinha expressão dos dias atuais. Apenas 32 equipes disputaram o torneio que entrava em sua quinta edição. Em 2016, começaram 86 times. As únicas televisões que transmitiram a competição e a final foram a Rede OM, emissora de pouca projeção no país na época, com estações no Paraná e no Rio de Janeiro, e afiliadas em São Paulo e no interior do país, e a Rede Record, exclusiva para Minas Gerais. Globo e Bandeirantes, canais que investiam pesado no esporte, passaram longe do evento.

O Cruzeiro eliminou Desportiva Capixaba, Náutico, São Paulo e Vasco da Gama. O Grêmio passou por Sorriso-MT, União Bandeirante-PR, Palmeiras e Flamengo. O time celeste havia marcado 16 gols e sofrido sete. O tricolor gaúcho anotou 18 tentos levou dez.

Na primeira partida, no antigo Estádio Olímpico, em Porto Alegre, os dois times ficaram no empate sem gols. A grande decisão ficaria para o Mineirão. Quem vencesse, ficaria com o título da Copa do Brasil. O Grêmio luta pelo bicampeonato, já que o rival Internacional havia sido campeão no ano anterior.

No Mineirão, dia 3 de junho de 1993, pouco mais de 70 mil torcedores viram o Cruzeiro derrotar o Grêmio por 2 a 1. O time celeste, treinado pelo técnico Pinheiro tinha jogadores do calibre de Paulo Cesar Borges no gol, Paulo Roberto na lateral-direita, Nonato na ala esquerda, o atacante Roberto Gaúcho e o veterano Éder, na época, com 36 anos.

Eduardo Hauser falha, Éder ajoelha e vibra com o gol de Roberto Gaúcho. Foto: Baudocruzeiro.blogspot.com

O Grêmio era treinado por Sergio Cosme, e tinha bons jogadores como o zagueiro Paulão, o lateral-esquerdo Dida, os meias Pingo e Carlos Miguel, o atacante Charles, além de Dener, épico meio-campista que morreria um ano depois após acidente automobilístico no Rio de Janeiro.

Paulo Roberto ergue a taça. Foto: Cruzeiro/Divulgação

Os dois times entraram em campo com muita vontade, fazendo com que o jogo ganhasse em emoção durante os 90 minutos. O Cruzeiro saiu na frente com gol de Roberto Gaúcho, em chute de fora da área, e o goleiro Eduardo tomou um frango histórico. Minutos depois, Pingo empatou a partida após cobrança de escanteio.

No segundo tempo, nem deu tempo para o Grêmio pensar em virar o jogo. Aos 20 segundos, o jovem atacante Cleison, de 21 anos, aproveitou o cruzamento de Paulo Roberto, e tocou de cabeça para as redes. O time gaúcho ainda pressionou, os celestes tiveram chances de ampliar, mas o placar ficou em 2 a 1 e a festa da China Azul seguiu pelas ruas de Belo Horizonte.

Minientrevista: Cleison, autor do gol do título cruzeirense

Cleison chegou aos profissionais do Cruzeiro em 1992. Em 1993, virou titular absoluto. Após o título da Copa do Brasil, foi negociado com o Belenenses-POR. Retornou ao Cruzeiro em 1996, ficando até o fim de 1997.

VAVEL Brasil: Como foi para você marcar o gol do título cruzeirense em 1993?

Cleison: Foi emocionante demais, porque eu tinha apenas 21 anos, era recém-promovido do time júnior, e o Grêmio tinha jogadores excelentes. Jogamos as duas partidas com muita raça e fomos premiados com a conquista do título.

VB: Você era jovem na época e foi escalado pelo então técnico Pinheiro. Que tipo de orientação ele passou naquela decisão?

C: Na época, o Pinheiro conversava muito comigo, pois ele era um treinador conhecido e ele me passava muitos conselhos, porque o Grêmio era um time mais experiente. Na decisão, eu tinha muita vontade de ganhar aquele título, e acabei arrumando muita confusão com o Pingo (volante) e o Roger (lateral-esquerdo). Mas eu não tinha medo de nada, era vibrante, raçudo, e não fui expulso em nenhum dos jogos.

VB: O Cruzeiro ainda não tinha conquistado a Copa do Brasil. Para você, aquela conquista representou muito na sua carreira?

C: Com certeza. O Grêmio era um time cascudo, e tinha, entre outros atletas, o Dener, que morreu pouco tempo depois. Inclusive, nós jogadores conversávamos muito e alertávamos para não dar espaços para ele, pois ele poderia resolver numa jogada pessoal. Em relação ao título, foi um divisor de águas para mim, porque depois desse título, a minha carreira deu um salto muito grande, ganhei moral não apenas no Cruzeiro, mas no Brasil todo, além da felicidade de ser campeão.

VB: Anos depois, você jogou no Grêmio. Conte como foi sua passagem pelo tricolor gaúcho.

C: Cheguei lá já como jogador de meio-campo. Na época, a torcida gremista não me recebeu muito bem, porque tinha uma rivalidade entre cruzeirenses e gremistas, ficaram com pé atrás comigo, mas correu tudo bem, ganhei dois títulos, a Copa Sul e o Campeonato Gaúcho, e joguei com o Ronaldinho, na época, ele tinha 19 anos.

VB: O que você imagina desta semifinal de Copa do Brasil nas duas próximas quartas-feiras?

C: Vão ser dois jogos sensacionais, com times de grandeza. O Grêmio está com confiança depois da chegada do Renato (Portaluppi) e eliminou o Palmeiras. E o Cruzeiro vai entrar com tudo, pois se recuperou e despachou a possibilidade de rebaixamento, e pode entrar com tudo pela classificação. Ambos devem se preocupar em fazer um bom resultado, mas não podem tomar gol em hipótese alguma.