O título tem um gostinho especial para cada jogador, membro da comissão técnica e funcionários do Palmeiras. Mas para Cleiton Xavier, ele significa muito mais. Os motivos são muitos. O camisa 10 é o único remanescente de 2009, ano em que o Verdão liderou o Campeonato Brasileiro por 17 rodadas, abriu larga vantagem, mas acabou entrando em crise e terminando o torneio fora da Libertadores. Além disso, ele, como poucos, teve de enfrentar inúmeras lesões nesta segunda passagem pelo alviverde.

"As lesões seguidas, o fato de estar me recuperando e sentir dor de novo, mesmo tendo bons resultados, fazendo tudo certo... Tudo juntou e me fez pensar várias coisas ruins. Minha esposa sofreu muito, todos os dias eu chegava em casa e desabafava. Ela me deu força, confiamos em Deus. Passei a ter fé que ia dar a volta por cima e me recuperar", relembrou Cleiton.

Para coroar o ano, o meia entra para a história do Palmeiras ao ser o quinto jogador a usar o número 10 em uma campanha de título brasileiro. Ele se junta a Chinesinho, campeão na Taça Brasil em 1960; a Ademir da Guia, em 1967 (duas vezes), 69, 72 e 73; Edílson, em 1993 e Zinho, campeão em 1994.

Do inferno ao céu

As frases sobre dar a volta por cima existem aos montes. São milhões de pessoas que conseguiram esse feito, também. No futebol não é diferente. Cleiton Xavier “surgiu” para o futebol em 2008, após um ótimo Campeonato Brasileiro pelo Figueirense. Chegou ao Palmeiras e correspondeu às expectativas. Os bons rendimentos chamaram a atenção na Europa, e por lá, virou ídolo no Metalist, da Ucrânia. Em 2015 retornou ao Verdão, mas ele já não era o mesmo.

No ano passado, foram apenas 17 partidas. As lesões foram figura presente em sua carreira: ao todo foram cinco, o que o fez ficar parado por aproximadamente quatro meses.

Em 2016 a esperança era que tudo fosse diferente. Melhor. Mas logo de cara mais uma péssima notícia. Ainda durante a pré-temporada em Itu, o camisa 10 sofreu uma lesão muscular grave na panturrilha direita. A previsão era de que ficasse de seis a oito semanas fora. Mas em menos de um mês se recuperou. Em março, voltou a sentir dores. Exames mostraram líquido na panturrilha direita. O meia não conseguia jogar.

O Departamento Médico intensificou os trabalhos de recuperação do jogador, para que enfim ele deixasse os problemas de lado e pudesse voltar a atuar. Para isso, a dedicação foi fundamental.

Desde as minhas férias a gente fez uma programação diferente. No ano passado, eu mesmo fui um dos culpados por atropelar algumas etapas. Mas esse ano não, fiquei até alguns jogos fora, para poder fazer esse fortalecimento”, diz CX10.

Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação

Gols importantes e fim da “zica”

Nesta campanha, além das lesões, Cleiton também deixou suas marcas. E foram marcas importantes. No Brasileirão, foram quatro gols e seis assistências. Uma das boas aparições aconteceu no Dérbi no Allianz Parque, contra o Corinthians. O meia anotou o tento da vitória do Palmeiras por 1 a 0. Balançou às redes, também, no triunfo sobre o Sport, na temida Ilha do Retiro.

Contra o Santa Cruz, em casa, deu duas assistências na vitória de 3 a 1. No segundo turno, no Arruda, saiu do banco e serviu Roger Guedes na vitória por 3 a 2. Já no triunfo sobre o Vitória, por 2 a 1, pela 19ª rodada, novamente diante da torcida, o meia fez o segundo gol do Verdão.

Mas um dos principais, e mais comemorados, aconteceu já na reta final. Próximo do título, o Verdão recebeu o Internacional, em mau momento. Em um jogo difícil, Cleiton marcou o gol da vitória por 1 a 0, ainda no primeiro tempo.

No momento ruim, passam muitas coisas pela cabeça. Você mesmo se pergunta o que está acontecendo. O próprio tempo dá a resposta, e foi o que aconteceu. Com calma e tranquilidade, fomos pelo lado positivo e deu tudo certo”, afirmou.

Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação

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Sobre o autor
Willian Pereira
Jornalista, apaixonado por futebol e adepto da corneta e do amendoim.