Everton Sousa Soares, o Everton Cebolinha, o 12º jogador da jornada gremista em 2016? Com o perdão da numeração que é característica das torcidas, mas o jogador merece, no mínimo, essa titularidade dentro de um time habitualmente composto só por 11 atletas. Muitas vezes com o nome gritado para estar em campo desde os minutos iniciais das batalhas, Everton apresenta-se como um dos atacantes mais decisivos do elenco do Grêmio na temporada. Apesar de muito jovem, com apenas 20 anos, o poder de decisão lhe foi atribuído em mais de uma ocasião. Na campanha da Copa do Brasil, selou a classificação diante do Palmeiras, com o gol de empate fora de casa, em jogada de personalidade. Já no jogo de ida da final da Copa do Brasil, esteve no lugar certo para concluir com precisão passe de Geromel e marcar o terceiro do 3 a 1 em favor do Grêmio sobre o Galo.

Everton tem base no Fortaleza, clube de sua terra-natal. O atacante cearense nasceu em Maracanaú, região metropolitana de Fortaleza. Foi observado por diversos clubes durante sua formação de base. Chegou a ir para o São Bernardo, em São Paulo, mas a saudade de casa o fez voltar. De volta à capital cearense, conseguiu base e destaques no tricolor local. Em clássicos contra o Ceará, deixava sua marca e conseguiu o feito de artilheiro do estadual sub-17 aos 15 anos e, na temporada seguinte, artilheiro do sub-20. O garoto tornou-se definitivamente prodígio. Jorge Veras, ex-jogador do Grêmio, despertou seu interesse para trazê-lo ao tricolor gaúcho. Era nítida sua presença essencial como segundo atacante, como bom concluidor atuando pelas laterais da área.

Chegou ao estádio Olímpico por empréstimo em 2013. O Grêmio, na época, comprou 90% de seus direitos, o utilizou para compor o time sub-20 nas copas regionais e já o migrou para o profissionalismo em 2014, com dois gols em poucas atuações no ano. Em 2015, de começo com Felipão e depois um pouco mais tímido com Roger Machado, balançou as redes cinco vezes em 28 partidas. Promissor, iniciou o ano de 2016 com gol em um amistoso na Arena, entre Grêmio e Danúbio. E foi um golaço. Everton correu grande parte do campo, partindo para cima dos adversários em velocidade e finalizando com precisão, fora do alcance do goleiro, mesclando duas de suas principais características: agilidade e poder de conclusão.

A presença de outras contratações ofensivas não intimidaram as boas entradas do jovem. Nem o descartado Henrique Almeida, nem o equatoriano de seleção Miller Bolaños estiveram mais presentes do que Cebolinha, o último tempero na receita tricolor. Com Roger Machado, o jogador já desenvolvia bom futebol nas oportunidades em estadual ou Libertadores. Apesar das eliminações do Grêmio nos dois torneios, Everton saía como um jogador isento de críticas.

Em um ano que novamente se mostrava improdutivo às conquistas do Grêmio, Everton ressurgiu forte no segundo semestre. Atuou inclusive em partidas dos reservas, mas sempre mostrando serviço. No 1 a 1 fora de casa na Vila Belmiro, diante do Santos, Cebolinha marcou o gol tricolor em outra jogada de sua especialidade. Pega a bola no bico da grande área, finta o marcador e arma o chute, seco, nos cantos: gol do Grêmio. E assim foi diante do Palmeiras, nas quartas de final da Copa do Brasil. O Tricolor perdia por 1 a 0 e Everton deu um jeito de recolocar os gaúchos na disputa. Pegou a bola na esquerda da área, encarou o defensor e chutou forte no canto da meta, sem chance para Jailson.

Com o técnico Renato Portaluppi, costumou-se dizer que o Grêmio possuía uma substituição certa para as etapas finais. Apesar de não começar entre os 11, Everton passou a ingressar sempre nos segundos tempos no lugar de Pedro Rocha. O titular tem bom trabalho de movimentação, acompanhamento dos laterais na saída de bola, ou seja, cumpre papel tático. Na cara do gol, Everton mostrou mais efetividade em finalizações durante o ano, embora a surpresa de dois tentos de Pedro Rocha na final, calando diversos críticos do outro jovem da base gremista. Mas ainda para mostrar seu valor, foi Everton quem selou o 3 a 1 em favor do Grêmio sobre o Atlético Mineiro. Gol de boa colocação e oportunismo para ampliar a vantagem gremista na final.

Everton, um atacante que não se destaca por porte físico de superioridade, mas, pelo contrário, demonstra personalidade e coragem para encarar os desafios. Sem medo de tentar a última jogada, de se colocar no lugar certo. Um dos nomes decisivos do Grêmio na Copa do Brasil.

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Sobre o autor
Henrique König
Escritor, interessado em Jornalismo e nas mudanças sociais que dele partem; poeta de gaveta.