O Grêmio de 2017 tem sede de vitórias. A mesma sede da temporada anterior, apesar de ter sanado e interrompido o longo jejum com a conquista da Copa do Brasil no segundo semestre de 2016. Um clube da grandeza do Tricolor sempre precisa almejar mais. Alguns passos foram dados para preservar a condição em que se elevou, com a manutenção do grupo e do técnico Renato Portaluppi para presente temporada. Alguns reforços agradaram, outros não, mas a base do grupo foi mantida para disputar a Libertadores, o Campeonato Brasileiro e buscar mais uma Copa do Brasil.

No Campeonato Gaúcho, o Tricolor novamente tropeçou antes da final, para o bom time do Novo Hamburgo, e ficou de fora da busca para reativar essa conquista. A última foi em 2010. Todavia, é sua quarta participação nas últimas cinco Libertadores e o grupo aposta na alavancada nessa competição não conquistada pelos azuis desde 1995.

O início de ano trouxe atuações de bom futebol ou abaixo nas produções. Um Grêmio que sofreu com alguns desfalques, com muitas lesões e desconfortos musculares no começo de temporada. O Campeonato Brasileiro traz a fórmula dos longos pontos corridos, mas o Grêmio dessa vez se mostra preparado em questão de elenco. Inclusive, foram os substitutos do Tricolor que conseguiram classificação ao mata-mata na paralela competição da Primeira Liga. O próprio técnico Renato aposta na força do grupo para surpreender nessa edição e afirmou, mais de uma vez, que trabalha com espaço a todos no elenco.

Escalação

O Grêmio de Renato Portaluppi ainda se molda com as diferenças de 2016. O time base que conquistou a Copa do Brasil tinha Marcelo Grohe; Edilson, Geromel, Kannemann e Marcelo Oliveira; Walace, Maicon, Ramiro, Douglas, Pedro Rocha e Luan.

Em relação à equipe, a saída do volante Walace foi o maior problema. Ninguém chegou assumindo fortemente seu papel. Jailson começou 2017 de maneira abaixo das substituições pontuais antes servidas por ele. O volante contratado Michel agradou em algumas atuações, mas não segurou a vaga. O jovem Arthur, vindo da base, é uma boa alternativa de qualidade no passe e na circulação da bola, aos poucos absorvendo maturidade na posição. O próprio Ramiro, antes figurado à frente, pelo corredor, já desce para exercer a função com Maicon.

O Grêmio perdeu o lesionado Douglas, mas conseguiu dar sequência à forte arma do equatoriano Miller Bolaños. Com pré-temporada, entrosamento e confiança, o jogador melhorou e muito seu desempenho durante o Campeonato Gaúcho e nas rodadas iniciais da Libertadores.

Com um setor defensivo muito parecido com o do ano passado, as dúvidas de Renato ficam mais do meio para frente. Léo Moura chegou como opção de técnica e experiência, um jogador da confiança do técnico. É o primeiro substituto em eventuais saídas de Edilson da lateral-direita, mas pode corresponder posição pelo meio de campo.

Surgem dúvidas quanto aos homens mais à frente. O obediente tático Pedro Rocha peca muito em finalizações e muitas vezes recebe críticas da torcida por isso. Apesar dos erros nos complementos, mantém a vaga no time. Luan não faz boa temporada de 2017. O encaixe preciso para suas atuações durante a Copa do Brasil não tem ocorrido. Ele tem recuado muito e participado menos nas criações ofensivas.

A última alternativa ofensiva fica na figura de Lucas Barrios. Pode aparecer na condição de concluidor na grande área. No jogo contra o Guaraní do Paraguai na Arena, Léo Moura fez a lateral-direita no lugar de Edilson e o meio ficou com Luan pela direita, Miller Bolaños pelo centro e Pedro Rocha pela esquerda, com Barrios à frente.

Destaque: Luan

Luan (Foto: Lucas Uebel / Grêmio)

O camisa 7 gremista aparece como jogador de valor financeiro mais elevado no Grêmio. Clubes europeus sondam e almejam sua contratação. No Sul, ele mostra versatilidade e é um dos principais atletas a se observar nesse Brasileirão. Fez sucesso na condição de falso nove, tem um deslocamento inteligente entre as linhas adversárias, usa da sua condição de dribles curtos e retira passes preciso de vez em quando. Luan já apareceu deslocado pela direita no ataque gremista, já recuou para ajudar no começo das armações das jogadas em busca de espaço. Quando recua demais, o time perde em criação próxima da área e fica estagnado em lentidão. Quando consegue encontrar espaços mais à frente, é sempre esperança de assistências e gols.

Fique de olho: Miller Bolaños

Miller Bolaños
(Foto: Lucas Uebel / Grêmio)

Miller Bolaños foi o destaque inicial do Grêmio em 2017. O equatoriano chegou com status na temporada passada, vindo em negociação com o Emelec. Logo em suas primeiras atuações, sofreu uma agressão e ficou de fora durante meses por fratura no maxilar. Só voltou a aparecer com destaque na Copa do Brasil com o gol do jogo decisivo da final na Arena. Atualmente, conseguiu uma boa pré-temporada e entrosar-se com seus companheiros. Ganhou a posição central que era de Douglas. O equatoriano vem sendo participativo, buscando e não se escondendo em campo. Chutes de média distância, movimentação e passes próximos da área são características suas. Após um 2016 em que não conseguiu mostrar seu melhor futebol, o meia-atacante é o destaque para os gremistas no Brasileirão.

Técnico: Renato Portaluppi

Renato Portaluppi novamente no Brasileiro
(Foto: Lucas Uebel / Grêmio)

Renato Gaúcho para os acompanhantes dos demais estados, o treinador e ídolo gremista permanece após a conquista da Copa do Brasil 2016. Moldes das aplicações do anterior Roger Machado estavam presentes no time, mas foi Renato quem aplicou mudanças pontuais para o desenvolvimento dos jogos até o título. A missão da temporada seguinte é a de readequar o time para suprir ausências e encontrar lugar para as contratações feitas.

No histórico de técnico do clube do coração, Renato assumiu o Grêmio de 2010, tirou-o da parte de baixo da tabela e colocou na Copa Libertadores, não obtendo sucesso em 2011. Em 2013, foi vice-campeão brasileiro com o Grêmio, atrás somente do Cruzeiro, em grande campanha. Com um grupo mais qualificado e pronto para encarar os pontos corridos, o Tricolor vai lutar com o calendário cheio para render atuações que o coloque entre os primeiros. É candidato ao título? Pode ser. É candidato à vaga na Libertadores? Com certeza.

Estádio: Arena do Grêmio

Arena do Grêmio (Foto: Wesley Santos / Gazeta Press)

Imponência é uma palavra-chave para definir a belíssima Arena do Grêmio. O estádio comporta praticamente 60 mil torcedores, com recorde de público em 55.337, na partida entre Grêmio e Atlético Mineiro pela final da Copa do Brasil. Ela foi inaugurada em dezembro de 2012 no amistoso entre Grêmio e Hamburgo, em vitória gremista por 2 a 1. Até o começo do Campeonato Brasileiro, são 146 jogos do Tricolor na Arena: 89 vitórias, 35 empates e 22 derrotas. Apesar da grande estrutura do estádio e de seu porte, a torcida gremista espera manter pelo menos uma média de público por volta de 18 mil torcedores por jogo.

Posição em 2016: 9º lugar

O Grêmio desfocou na reta final do Campeonato Brasileiro e ficaria de fora da Libertadores a depender de sua classificação na Série A. Terminou em 9º lugar, com 14 vitórias, 11 empates e 13 derrotas. Uma campanha somente regular para um time que chegou a almejar o título durante o primeiro turno. A queda brusca por setembro fez o técnico Roger Machado perder o emprego e Renato conduzir o time com foco na Copa do Brasil, apostando todas as fichas nela e dando-se ao luxo de utilizar substitutos em partidas do Brasileiro. O resultado final foi a colocação gremista no meio da tabela do campeonato de pontos corridos. Com o elenco que possui, o Grêmio pode buscar posições bem melhores em 2017.

Expectativa para 2017

O panorama nos campeonatos estaduais não condiz com o restante da temporada. Seria equívoco afirmar que Grêmio, Palmeiras e Botafogo, eliminados nas semifinais de seus estaduais, vão ter um mal Campeonato Brasileiro. Mas uma questão fundamental para os gremistas e esses dois demais clubes é o calendário cheio. A Copa Libertadores está mais extensa e ambos os três disputam a partir das oitavas da Copa do Brasil. Seguindo adiante nessas competições, o comprometimento com os pontos corridos é afetado.

Para o Grêmio, as condições de elenco parecem suficientes para uma briga acirrada pela ponta de cima. Renato Portaluppi tem em seu histórico boas campanhas em Campeonato Brasileiro com grupos inferiores no Tricolor gaúcho. Pode sonhar com o título da competição, possuindo em seu elenco jogadores como Marcelo Grohe, Pedro Geromel, Kannemann, Maicon, Luan, Miller Bolaños, Lucas Barrios, além de jovens promissores das categorias de base. Faltam alguns reforços pontuais, como um volante que não deixasse dúvidas para atuar com Maicon, ou a lateral esquerda que segue reservada ao criticado Marcelo Oliveira, mas o Tricolor, em geral, tem substitutos para suas posições. Caso não "feche" toda a qualificação de seu elenco, esses detalhes podem fazer falta em uma análise lá em dezembro.

É um Grêmio que tem tudo para estar na primeira página da tabela e, se conciliar seu calendário, brigando pelo topo da classificação.