15 anos atrás, um pouco antes da comemoração do título, o Brasil enfrentaria, naquela Copa do Mundo, um adversário que já havia sido uma pedra no sapato na fase de grupos: a Turquia de Hasan Sas e Rustu Reçeber, a grande surpresa da competição. O confronto era válido pela semifinal e poderia colocar os turcos em uma final histórica ou manter vivo o sonho do pentacampeonato mundial tupiniquim.

Da mesma maneira como na fase anterior, o jogo foi bastante complicado. A seleção de Luiz Felipe Scolari encontrou dificuldade para fazer o seu jogo fluir diante do sistema defensivo turco.  Nos primeiros minutos, muitos passes errados por parte do Brasil, que viu a Turquia chegar com perigo pelo menos duas vezes à meta do goleiro Marcos.

Com o passar do tempo, o cenário mudou e a seleção contou com os brilhos de Ronaldo, Rivaldo e Cafu para reverter a situação, mas todos os chutes paravam na muralha da Turquia, o grande goleiro Rustu Reçeber, um dos maiores ídolos da história do Fernerbahçe.

Se não ia na técnica, nos chutes bonitos, iria de uma maneira meio vulgar, mas que não diminuiria a situação: no começo do segundo tempo, Ronaldo, um monstro naquela partida, quebraria todo o sistema defensivo adversário com um chute de bico, que morreria suavemente no canto do gol.

Foto: Bob Thomas|Bob Thomas Sports Photography|Getty Images
Foto: Bob Thomas|Bob Thomas Sports Photography|Getty Images

A Turquia não desistiria fácil e buscou o gol de empate durante o restante da partida. Em uma situação de pressão, Felipão resolveu não reforçar o sistema defensivo com a entrada de um zagueiro, e sim colocando Denilson, destaque do Real Betis, que entraria com uma única função: prender a bola.

O atacante de 24 anos executou sua função com maestria. E, de quebra, proporcionou uma das imagens que mais marcou a campanha brasileira na Coreia do Sul/Japão. Aos 44 do segundo tempo, com os turcos já na base do abafa e dos chutões para a grande área, Denilson estava sozinho na ponta direita, mas o seu objetivo não foi o gol, e sim a bandeira de escanteio. Atrás dele foram os quatro defensores turcos, que, desesperados com a situação, tiraram a bola para a lateral.

Foto: Bob Thomas|Bob Thomas Sports Photography|Getty Images
Denílson caído após sofrer falta em memorável lance Foto: Bob Thomas|Bob Thomas Sports Photography|Getty Images

Naquela noite em Saitama, nascia um dos momentos mais icônicos da história das Copas do Mundo. A situação que apagou o gol de bico de Ronaldo e as defesas de cinema de Reçeber. Quando mencionam Brasil e Turquia em 2002, a primeira imagem que vem na cabeça de todos é a de Denilson correndo para o lado do campo, com 4 elementos de vermelho atrás dele.

O resto da história é conhecido por todo mundo: em Yokohama, o camisa 9 canarinho resolveria novamente e colocaria a quinta estrela na camisa do Brasil. Mais do que qualquer coisa, esse lance faz parte desse título e será lembrado por todas as gerações. 

Foto: Andreas |Bongarts|Getty Images
Foto: Andreas Rentz|Bongarts|Getty Images