Há 20 anos, era disputada em Belo Horizonte a Copa Centenário, que fazia parte das comemorações dos 100 anos da capital mineira. Entre muitas atrações, as equipes europeias Milan-ITA e Benfica-POR deixaram sua marca. No entanto, outra equipe chamou a atenção dos torcedores e da crítica especializada e deu frutos em Minas Gerais: o Cruzeiro

Logo na estreia, o Cruzeiro derrotou o Benfica, por 4 a 1, no Mineirão (Foto: Osmar Ladeia/Especial à VAVEL Brasil)

Focada na disputa da Copa Libertadores da América em 1997, a diretoria cruzeirense teve que encontrar uma alternativa para não disputar o torneio local sem perder o foco na decisão sul-americana. Foi então que o 'expressinho' entrou em cena. 

Wantuil Rodrigues, o comandante da jovem e promissora equipe

Com o técnico Paulo Autuori comandando o time que disputava a Libertadores da América, o ex-diretor de futebol do clube, Moraes, indicou o então técnico do Sub-20, Wantuil Rodrigues, à missão de comandar o time alternativo na Copa Centenário. Em entrevista à VAVEL Brasil, Wantuil relatou com emoção e felicidade a formação daquela equipe.

"O calendário do Cruzeiro estava muito bagunçado. Naquele momento tinha que disputar a Libertadores, Brasileiro e a Supercopa. E o 'expressinho', como foi apelidado por muitos, já era conhecido por ter disputado o Campeonato Mineiro quase inteiro. E aquele time não era uma equipe à parte, ele existiu só para atender ao elenco profissional quando o foco era em outra competição", contou.

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No mês de agosto, o Cruzeiro chegou à decisão da Copa Libertadores da América ao eliminar o Colo-Colo-CHI, e faria a final contra o Sporting Cristal-PER. A Copa Centenário começaria no dia 1º de agosto, durante a final Sul-Americana. Foi neste momento que a direção cruzeirense teve recorrer, novamente, ao 'expressinho'. Rodrigues descreveu detalhes da equipe que disputou o torneio festivo na capital mineira.

Desde a estreia, meia Geovanni mostrou ser um grande jogador (Foto: Osmar Ladeia/Especial à VAVEL Brasil)

"Por conta de nosso grupo ter equipes fortes como Benfica-POR, Flamengo e Olímpia-PAR, o Moraes [diretor de futebol na época] não acreditava muito em nós, e até brincava dizendo que não era para tomar goleada [risos], mas, na verdade, o Moraes era um cara que acreditava muito nos jovens jogadores e defendia as categorias de base como nunca. Já o Autuori [Paulo], que é uma pessoa maravilhosa, falava que acreditava em mim, nos profissionais do clube e nos jogadores. Naquele momento, nós enxergamos a Copa Centenário como uma forma daqueles meninos mostrarem seu futebol, tanto que, em pouco tempo, os frutos foram colhidos dentro do Cruzeiro", explicou.

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Fábio Jr: promessa de gols para o Cruzeiro. Foto: Osmar Ladeia/Especial à VAVEL Brasil

Por fim, sobre o elenco que tinha em mãos e a disputa da Copa Centenário até chegar a decisão contra o Atlético-MG, Wantuil Rodrigues destacou a qualidade dos jogadores, a mescla entre atletas experientes e jovens e a importância do time 'expressinho' na temporada do Cruzeiro em 1997.

"Nós tínhamos o Geovanni, com 17 anos, um craque de bola. E contratamos o João Carlos [zagueiro] e o Fábio Júnior [atacante], do Democrata de Sete Lagoas e do Democrata de Governador Valadares, respectivamente. Além dos jovens, havia jogadores experientes como o Caio, vice-campeão brasileiro pela Portuguesa em 1996, e o Roberto Gaúcho, que já era do elenco. Durante a fase de classificação a Copa Centenário, o Elivélton, que não jogou o primeiro jogo contra o Sporting Cristal-PER na Libertadores, esteve com a gente. E o Cleisson, fora da segunda partida, jogou a final contra o Atlético. Então, foi um time maravilhoso, e que serviu muito ao clube dentro e fora de campo em um curto espaço de tempo", finalizou.

Números positivos dentro e fora de campo: 'expressinho' celeste da Copa Centenário rendeu muito ao Cruzeiro 

Após a Copa Centenário e a Copa Libertadores da América, muitos jogadores que serviram ao 'expressinho' atuaram na equipe principal em 1997. Nos anos seguintes, alguns nomes chamaram a atenção dentro de campo, com gols e títulos para a galeria de troféus do Cruzeiro.

Fora de campo, alguns atletas despertaram a atenção do mercado nacional e estrangeiro, e renderam muito dinheiro aos cofres cruzeirenses. Veja alguns exemplos importantes:

Foto: Divulgação

Fábio Júnior

Atacante contratado junto ao Democrata de Governador Valadares, ganhou destaque em 1998, sendo artilheiro do time na temporada com 33 gols. Foi vendido para a Roma-ITA por US$ 15 milhões. Retornou ao Cruzeiro, em 2000 e 2002.

 

Foto: Getty Images

João Carlos

Depois da Copa Centenário, foi titular do time profissional por mais de um ano, chegando a disputar a final do Mundial Interclubes contra o Borussia Dortmund-ALE. O Corinthians comprou o jogador em 1999 por US$ 4 milhões, além do passe do zagueiro Cris. Retornou ao Cruzeiro em 2001.

 

Foto: Arquivo

Geovanni

Considerado craque da Copa Centenário com apenas 17 anos, começou a ganhar notoriedade e espaço no time profissional a partir de 2000. Acumulou os títulos da Copa do Brasil em 2000, e da Copa Sul-Minas de 2001. Após se destacar na Libertadores, Geovanni foi vendido ao Barcelona-ESP por US$ 18 milhões.

Campanha do Cruzeiro na Copa Centenário

No primeiro jogo, o Cruzeiro venceu o Benfica-POR, por 4 a 1, com dois gols de Geovanni, um de Roberto Gaúcho e outro de Fábio Júnior. Logo em seguida, o time celeste derrotou o Olímpia-PAR, por 1 a 0, tento marcado por Geovanni. 

Zagueiro Odair empata a decisão contra o Atlético. Foto: Osmar Ladeia/Especial à VAVEL Brasil

Na definição de quem iria para a decisão, Cruzeiro e Flamengo se enfrentaram: vitória celeste por 2 a 1, com gols de Fábio Júnior e Elivélton. Na decisão, a equipe cruzeirense foi derrotada pelo Atlético-MG, por 2 a 1. O zagueiro Odair marcou o gol único do time cinco estrelas.

Meia Geovanni recebe das mãos de Toninho Cerezo o prêmio de melhor jogador do torneio (Foto: Osmar Ladeia/Especial à VAVEL Brasil)

Após a decisão, as medalhas e a taça foram entregues pelo então presidente da FMF (Federação Mineira de Futebol), Elmer Guilherme Ferreira, e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Célio de Castro. A Geovanni, valeu, também, um troféu de melhor jogador do torneio entregue pelo ex-jogador Toninho Cerezo.

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