A história da Copa Libertadores da América de 1997 passou por muitos jogadores. No entanto, a camisa 10 do time tinha dono, e quem a vestia honrou cada minuto daquela competição, e foi um dos grandes nomes daquela equipe campeã.

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Jorge Ferreira da Silva, ou melhor, o Palhinha jogou 13 das 14 partidas do Cruzeiro na Libertadores de 1997, e ainda anotou dois gols. Os dois na primeira fase contra Grêmio e Alianza Lima-PER. Hoje, o ex-meia do Cruzeiro gerencia o Boston City FC, clube de futebol criado por ele e por Renato Valentim, nos Estados Unidos, onde atualmente reside. 

Ao falar sobre a campanha na Libertadores, ele destacou, à VAVEL Brasil, as lembranças e o ponto que mudou a história da equipe celeste durante a competição. Acompanhe! 

VAVEL Brasil: O Cruzeiro foi campeão após passar por momentos de dificuldade na Libertadores. De que forma esta campanha em 1997 é retratada para você?

Palhinha: Da forma que foi vencida a final, isso retrata um pouco do que foi a nossa campanha. Toda a campanha não foi fácil. E a entrega dos jogadores consolidou uma virada de mesa nossa dentro da Libertadores. Começamos perdendo as três primeiras partidas, e fomos campeões de forma marcante. Individualmente foi maravilhoso para cada um, e para o clube também.

Foto: Revista do Cruzeiro

VB: Com três derrotas na primeira fase, técnico demitido logo na estreia da Libertadores, qual foi ponto principal para a equipe melhorar dentro da competição?

P: Acredito que o momento chave da nossa equipe foi quando retornamos do Peru, onde enfrentamos o Sporting Cristal e o Alianza Lima, e realizamos uma intertemporada. Houve mais integração do grupo, o Autuori [Paulo] tem um carisma muito especial, e as reuniões que faziam durante os treinos foram importantes, pois o elenco passou a se conhecer mais, tivemos mais liberdade de fazer as cobranças entre nós. A partir deste período, conseguimos mais força para encarar os jogos seguintes.

Foto: Divulgação/Revista do Cruzeiro

VB: O Cruzeiro tinha um elenco experiente em idade e em títulos. Como que você detalharia o grupo de jogadores daquela equipe?

P: O Cruzeiro era um time muito maduro. Tínhamos jogadores super experientes, com crédito dentro do clube como Nonato, eu, Fabinho, Gottardo, Cleison, e tinham os jovens no elenco, mas que também eram vacinados. Então, no decorrer da competição, foi uma responsabilidade que cada um passou a ter, e onde todos passamos a dar uma resposta positiva em cima de detalhes que aconteciam no jogo, dos erros, de correr atrás e resolver os problemas, e assim nosso time foi ganhando experiencia, e sem se abalar com as situações que vinham pelo caminho.

VB: O Paulo Autuori pegou a Libertadores ainda no começo, mas sentiu a dificuldade que seria o torneio. Qual a importância do Autuori na campanha do título?

P: Sou suspeito de falar do Autuori. Como pessoa, fora de campo, é um cara acima da média para quem convive nesse mundo do futebol. Não conheço pessoas como ele, pelo caráter dele, o jeito dele de ser, por ser um cara responsável, e o Autuori leva isso pra dentro do campo. Ele foi o foco principal do time, além das pessoas que trabalham no clube e faziam tudo dar certo no Cruzeiro.

Foto: Osmar Ladeia/Especial à VAVEL Brasil

VB: Apesar de ser uma equipe do Peru, que não é um país tradicional em Libertadores, o Sporting Cristal era uma equipe difícil de ser enfrentada. Quais são as lembranças que você tem do Cristal?

P: O Cristal nós tínhamos jogado contra eles duas vezes na primeira fase. Perdemos uma e ganhamos a outra. Já sabíamos da qualidade deles, organizado, forte fisicamente, com jogadores experientes, e para eles chegarem a final daquela Libertadores foi complicado, tanto que o Cristal marcou época no Peru.

Foto: Osmar Ladeia/Especial à VAVEL Brasil

VB: Para encerrar, quais são lembranças que você tem da decisão contra o Sporting Cristal?

P: Na final, eles já nos conheciam, e nós a eles também. A decisão foi complicada, tanto que o gol que o Elivélton fez, o goleiro deles [Balério] falhou, coisa que não aconteceu durante toda a competição. Era um goleiro muito seguro. Eles poderiam ter saído na frente, mas o Dida fez milagre, assim como em todo o campeonato. Então, da forma que foi vencido foi marcante. 

Foto: Divulgação

O Boston City FC estará no dia 2 de outubro, na cidade de Manhuaçu, no interior de Minas Gerais, onde fará o lançamento oficial da equipe na cidade. Segundo Palhinha, as pretensões serão disputar os campeonatos estaduais das categorias Sub-15, Sub-17 e também o Sub-20, em Minas Gerais. A ideia é chegar a disputar a Segunda Divisão Mineira na temporada 2019.