Se existe uma posição em que o Palmeiras impunha e ainda impõe respeito, é a de quem fica embaixo das traves. Clube marcado fortemente pela tradição da escola de goleiros, o Alviverde sempre contou com jogadores excepcionais nessa posição, e ainda conta. O Verdão pode (e deve) se orgulhar de ter contado com nomes bem conhecidos por seus torcedores como os de Oberdan Cattani, Valdir Joaquim de Moraes, Emerson Leão, Velloso e Marcos.

O primeiro goleiro ídolo foi Oberdan Cattani, nascido em 12 de junho de 1919 e natural de Sorocaba, no interior de São Paulo. Desde garoto, o mesmo já tinha certa vocação por esportes e se destacava em competições de atletismo, salto em altura e salto com vara devido seu porte físico. Foi em 1940, quatro anos desde que havia começado trabalhar como motorista de caminhão se locomovendo de Sorocaba a São Paulo todo dia, que seu irmão o incentivou a fazer um teste no Palestra. Para surpresa até mesmo do treinador palestrino, ele foi o único selecionado dentre 15 candidatos. Em 27 de outubro o goleiro firmava contrato com o time italiano. 

Oberdan estreou profissionalmente no dia 2 de março de 1941 na partida vitoriosa por 1 a 0 do então Palestra Itália, contra o São Paulo Railway e seu último jogo aconteceu em uma derrota para o São Paulo por 2 a 1 no dia 07 de fevereiro de 1954. Ele ficou marcado por suas defesas com uma só mão, por ter participado da mudança de nome de Palestra Itália para Palmeiras e pela participação na histórica partida da Arrancada Heroica. Atuou em 351 jogos durante seus 14 anos em atuação pelo Verdão e comemorou as taças do Campeonato Paulista em 1942, 1944, 1947 e 1950, Torneio Rio-São Paulo em 1951 e Mundial Interclubes em 1951. Jogou pela Seleção Paulista e pela Seleção Brasileira. Falecido em 2014, tem um busto na sede social do Palmeiras em sua homenagem desde 2015.

Valdir Joaquim de Morais foi o sucessor mais conhecido de Oderban, estreando pelo time no dia 28 de setembro de 1958 em uma goleada por 7 a 1 sobre o Ituano. Valdir nasceu em 23 de novembro de 1931 em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Foi na sua terra natal em 1947 que iniciou sua carreira como goleiro, pelo Renner, time já extinto. Se transferiu para o Palmeiras onze anos depois, quando já havia sido campeão gaúcho e campeão pan-americano pela Seleção Brasileira. No Alviverde se destacou pela impulsão e elasticidade mesmo com seu 1,70m. 

A última partida do arqueiro foi em uma derrota para o Estudiantes da Argentina no dia 16 de maio de 1968, completando dez anos na meta palmeirense e sendo campeão do Campeonato Paulista em 1959, 1963 e 1966, Campeonato Brasileiro em 1960, 1967 (Torneio Roberto Gomes Pedrosa) e 1967 (Taça Brasil) e Torneio Rio-São Paulo em 1965, sendo um dos atletas mais vencedores do clube. 

A importância de Valdir vai além do Palmeiras, onde fora técnico interino. Em 1971, após ser convidado por Oswaldo Brandão para se juntar ao comando técnico do time como auxiliar, ele sugeriu que realizasse um trabalho específico com os goleiros e foi prontamente atendido. Era a primeira vez na história que existiria o preparador de goleiros. Valdir atuou nessa área em times como o Palmeiras e o São Paulo, além de ter participado das Copas de 1982 e 1986 como auxiliar de Telê Santana. Foi nas mãos do preparador que destaques da posição passaram, como Ceni, Zetti, Velloso e Leão.

O último citado na lista de Valdir, Emerson Leão é um dos ídolos que mais atuaram pelo Verdão, com 671 partidas. Nascido ao 11 de julho de 1949 em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, começou sua ilustre carreira no São José e logo em seguida foi para o Comercial, ambos times de São Paulo. Em 1969 teve o passe comprado pelo Verdão e começou a atuar no mesmo ano, na partida vitoriosa por 6 a 1 contra o Juventus no dia 16 de abril.

Na sua primeira passagem pelo time, disputou quatro Copas do Mundo, sendo reserva nas de 1970 e 1986 e titular nas competições de 1974 1978. No segundo semestre de 1978, Leão foi transferido para o Vasco da Gama e após isso passou por Grêmio e Corinthians. Em 1984 retornou ao Palmeiras, mas três anos após a sua volta, saiu para defender o Sport Recife. Encerrou a carreira como jogador um ano depois e acumulou a função de treinador. Leão fez parte da Segunda Academia e comemorou títulos do Campeonato Brasileiro em 1969, 1972 e 1973 e Campeonato Paulista em 1972, 1974 e 1976 nos seus onze anos totais de Palmeiras. Seu último jogo pelo clube foi em uma derrota por 1 a 0 para o São Bento, em 20 de julho de 1986.

Outro pupilo de Valdir e revelado nas categorias de base, Velloso é natural de Araras, no interior de São Paulo e nasceu no dia 22 de setembro de 1968. Foi em 1988, com apenas 19 anos que jogou sua primeira partida pelo time Alviverde, em uma goleada de 6 a 1 sobre o Operário, em 21 de agosto. Apesar disso, tornou-se titular apenas um ano depois, com as contusões de Zetti e Ivan.

Sua primeira passagem pelo Palmeiras não foi muito brilhosa. Em 1991 defendeu o São João e logo após teve uma passagem pelo Santos. Em 1994 retornou e teve sua fase vitoriosa, com o título do Campeonato Brasileiro em 1994, Campeonato Paulista em 1996, Copa do Brasil em 1998, Copa Mercosul em 1998 e Copa Libertadores da América em 1999. Seu último jogo ocorreu em uma vitória de 1 a 0 em cima do União Barbarense no dia 14 de março de 1999. Velloso é o quarto goleiro com mais partidas pelo clube com 455 jogos em nove anos.

Por fim, o último goleiro, mas não menos importante é Marcos Roberto, mais conhecido como São Marcos. Nascido no 04 de agosto de 1973 em Oriente, no interior de São Paulo, Marcos iniciou sua trajetória na categoria de base do Lençoense, time da cidade de Lençóis Paulista e permaneceu até 1992, quando passou a fazer parte da equipe sub-20 do Palmeiras. Já no seu primeiro jogo como titular, no dia 16 de maio do mesmo ano que chegou ao time, o arqueiro demonstrou uma das suas características mais marcantes: seria um bom pegador de pênaltis, já que defendeu um na vitória do Verdão de 4 a 0 sobre o Esportiva Guaratinguetá.

Em 1996 tornou-se reserva de Velloso, mas ainda assim chegou à Seleção Brasileira. Em 1999 brilhou durante sua titularidade na Libertadores, ajudou o time a conquistar o título e se tornou o primeiro goleiro da história a ser eleito o melhor jogador de uma edição do torneio. Marcos sempre foi muito querido pelos amantes de futebol, independente do time do coração, já que sempre foi muito humilde e descontraído fora de campo, além de por ter atuado de maneira excepcional durante a Copa do Mundo de 2002, quando foi goleiro titular da Seleção.

Foi ainda em 2002, quando o time Alviverde foi rebaixado para Série B que Marcos mostrou seu amor à camisa verde e branco que defendia, já que recusou uma proposta vinda do Arsenal da Inglaterra de R$ 45 milhões para permanecer no Palmeiras e levar o time à Serie A no ano seguinte. Entretanto, os anos que viriam seriam marcados por lesões de São Marcos, que se manteve firme até 2011, ano que defendeu a meta palmeirense 27 vezes das 69 possíveis. Sua última partida como profissional se deu em um empate entre Palmeiras e Avaí, por 1 a 1 no dia 18 de novembro de 2011. Durante seus 20 anos no Palmeiras e seus 532 jogos, comemorou os títulos do Campeonato Brasileiro em 1993 e 1994, Campeonato Paulista em 1994, 1996 e 2008, Copa do Brasil em 1998, Copa Mersosul em 1998, Copa Libertadores da América em 1999, Torneio Rio-São Paulo em 2000 e Copa dos Campeões em 2000. Marcos tem um busto de bronze em sua homenagem nos jardins do Parque Antártica desde 2015.

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Sobre o autor
Rafaella Bonassi
Estudante de Jornalismo e apaixonada pelo Palmeiras