Nesta quinta-feira (31), às 21h45 (de Brasília), a Seleção Brasileira recebe o Equador em partida válida pela 15ª rodada das Eliminatórias Sul-Americanas. O duelo será jogado na Arena do Grêmio, em Porto Alegre. Depois, a Canarinho visita a Colômbia, em partida a ser disputada às 17h30 (de Brasília) da próxima terça-feira (5), no Estádio Metropolitano Roberto Meléndez, em Barranquilla.

Já garantido na Copa do Mundo de 2018, o Brasil vive fase decisiva para o fechamento do time que buscará o sexto título mundial na Rússia. Algumas peças parecem encaminhadas para carimbar o passaporte rumo ao Hexa, como o goleiro Alisson, o lateral-direito Daniel Alves, o lateral-esquerdo Marcelo, os zagueiros Marquinhos e Miranda, os volantes Casemiro e Paulinho, os meias Renato Augusto, WIllian e Philippe Coutinho e os atacantes Neymar e Gabriel Jesus. Por outro lado, há os que seguem lutando por espaço na delegação comandada por Tite, mirando a presença na lista dos 23 que irão ao Mundial do próximo ano. Um deles é o atacante Taison Barcellos Freda, do Shakhtar Donetsk, atual campeão ucraniano.

Revelado pelo Inter

Taison em ação pelo Internacional, contra o São José-RS, no Gauchão 2009, competição da qual foi artilheiro (Foto: Alexandre Lops/Internacional)

Taison tinha apenas 19 anos quando ascendeu ao profissionalismo no Internacional. O menino de Pelotas conquistou Porto Alegre e todo o Rio Grande do Sul com suas jogadas na ponta-esquerda, muitas das quais resultavam em chances de efeito, e com sua movimentação intensa e sua notável habilidade, que o levavam às redes. Nesse período, vejam só, chegou até a ser comparado com o argentino Lionel Messi, ídolo do Barcelona.

Caiu nas graças da torcida colorada logo no primeiro ano em que atuou com regularidade pelo time titular. Em 2009, foi artilheiro e campeão do Campeonato Gaúcho, com 15 gols, e goleador e vice-campeão da Copa do Brasil, com sete gols. No ano anterior, fez parte do grupo que conquistou a Copa Sul-Americana frente ao Estudiantes de La Plata, na prorrogação, no Estádio Beira-Rio.

O técnico do Inter na época em que Taison despontou para o futebol era justamente Tite, atual comandante da Seleção pentacampeã mundial. E a cidade onde ele estará com o Brasil nesta quinta é justamente o lugar onde seu nome foi ouvido em âmbito regional e nacional pela primeira vez - embora o compromisso seja na casa do maior rival do Colorado, o Grêmio.

Teve um segundo semestre irregular, seguido da recuperação de boas performances e do título da Copa Libertadores de 2010. Após a conquista da América, Taison foi vendido ao Metalist Kharkiv em agosto de 2010, às vésperas do fechamento do mercado de transferências do futebol europeu. Para contar com o atacante, o clube ucraniano desembolsou € 6 milhões, valor que correspondia a R$ 13 milhões na cotação da época. Naquele tempo, de acordo com a imprensa europeia, a proposta do Metalist foi tão boa que o brasileiro recusou ofertas de clubes de grandes centros do Velho Continente, como Napoli e Wolfsburg.

Pelo Inter, foram 138 partidas e 35 gols.

Adaptado à Ucrânia

Taison Freda tem 174 partidas e 29 gols pelo Shakhtar Donetsk (Foto: Getty Images)

Apesar de desembarcar em um lugar com fuso-horário, culinária, cultura e temperatura diferentes do Brasil, Taison Freda acabou se habituando à sua nova casa. A grande presença de compatriotas do jogador na Ucrânia certamente ajudou. O país já foi um dos destinos mais visados pelos jovens futebolistas que despontavam em terras brasileiras, tendência esta que diminuiu drasticamente após a eclosão da Guerra da Crimeia, que até hoje coloca Ucrânia e Rússia.como grandes desafetas do cenário político mundial.

No Metalist, por exemplo, Taison encontrou os meias Cleiton Xavier, Edmar Lacerda e Diego Souza. Jogou no clube entre 2010 e 2013. Não conquistou títulos, mas colecionou boas atuações que chamaram a atenção do Shakhtar Donetsk, uma das equipes mais vitoriosas e mais populares do país do Leste Europeu.

O grande momento do ponta-esquerda no time da cidade de Carcóvia foi um golaço na vitória de 3 a 1 sobre o Rosenborg, da Noruega, em novembro de 2012, pela fase de grupos da Uefa Europa League da temporada 2012/2013 - na temporada anterior, o escrete chegara às quartas de final, fase na qual foi eliminado pelo Sporting de Portugal. A pintura foi comparada ao gol do craque holandês Marco van Basten, contra a antiga União Soviética, que deu à Laranja Mecânica o título da Eurocopa de 1988, na Alemanha.

Ao todo, acumulou 83 aparições e foi às redes em 20 oportunidades.

Seu primeiro clube do exterior, inclusive, faliu ao término da temporada 2015/2016. O Metalist passava por uma grave crise financeira depois de seu antigo dono, Serhiy Kurchenko, fugir do país. Kurchenko era conhecido como "o mago do gás" e saiu da Ucrânia após ser acusado de calote a investidores bancários, corrupção em negociações com governantes e fraude fiscal. Enquanto ninguém ainda sabe do seu paradeiro mesmo três anos depois da fuga, todos os seus bens estão apreendidos pelo governo federal.

Taison jogou no Metalist Kharkiv entre 2010 e 2013 (Foto: Getty Images)

Em janeiro de 2013, na janela de inverno do futebol europeu, o Shakhtar desembolsou € 15 milhões para tirar Taison do Metalist. O técnico dos Mineiros naquele ano era o romeno Mircea Lucescu, fã declarado do futebol brasileiro. A estreia do atacante pelo seu atual clube aconteceu no mês seguinte, na edição 2012/2013 da Uefa Champions League, em um empate em 2 a 2 com o Borussia Dortmund.

O gaúcho está em sua quinta temporada pelo clube de Donetsk, pelo qual já entrou em campo 174 vezes e anotou 29 gols. Participou das conquistas da Premier League da Ucrânia de 2012/2013, 2013/2014 e 2016/2017, da Copa da Ucrânia de 2012/2013, 2015/2016 e 2016/2017 e da Supercopa da Ucrânia de 2013, 2014 e 2015.

Estatisticamente falando, sua melhor fase foi justamente a última temporada, na qual anotou 10 tentos em 40 jogos. Costuma ser titular. Quando não o é, sempre entra no decorrer do jogo para dar novo gás à equipe.

"O momento é de Taison", explica Tite, que trabalhou com o jogador no Internacional

Taison não escondeu a emoção após marcar seu primeiro gol pela Seleção Brasileira, no amistoso contra a Austrália (Foto: Michael Dodge/Getty Images)

Segundo a agência de notícias Interfax, da Ucrânia, Taison, em 2013, quando ainda defendia o Metalist Kharkiv, cogitou a possibilidade de se naturalizar ucraniano e defender a seleção azul e amarela. Contudo, a oportunidade nunca apareceu. Em agosto de 2016, o jogador foi chamado à Seleção Brasileira pela primeira vez, já na Era Tite, para os jogos contra Equador e Colômbia, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018.

As convocações têm sido frequentes. E as pessoas podem se perguntar: "Por que o Taison? Ele joga na Ucrânia!"

Em maio deste ano, após anunciar a lista da Seleção para os amistosos contra Argentina e Austrália, o técnico Tite explicou por que tem acionado o atacante. O comandante mencionou o ponta Dudu, do Palmeiras, uma das ausências mais sentidas daquela convocação, como concorrente do jogador do Shakhtar. "Dudu e Taison concorrem? Concorrem. O momento é de Taison porque fez dez gols, deu assistências na Europa League. Estão concorrendo. Todos esses detalhes são levados em consideração para essa construção de equipe. Serão nove jogos até lá", justificou em entrevista coletiva.

Levando em conta o histórico já mencionado, pode-se chegar à conclusão de que o período no qual o técnico e o atacante trabalharam juntos no Internacional, onde conquistaram títulos, também pesou na convocação do atleta à equipe canarinho. Tite sempre menciona em suas conferências de imprensa a importância de se ter uma delegação unida por um objetivo e coesa em qualquer que seja a estratégia de jogo.

Taison está no radar do comandante e vem batalhando por espaço. Seu primeiro gol pelo Brasil saiu no último dia 13 de junho, na goleada de 4 a 0 frente à Austrália, em amistoso jogado em Melbourne. A luta do prata-da-casa do Inter de Porto Alegre pela vaga na Rússia 2018 continua hoje, na cidade que o acolheu para o futebol. Uma motivação a mais para quem sonha em defender a seleção mais vitoriosa do planeta em uma Copa do Mundo.

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