A história vitoriosa do Atlético-MG na Copa Conmebol apresenta vários heróis. Um deles teve grande importância nesta caminhada. O ex-meia Negrini participou ativamente da campanha, e deixou sua marca na decisão ao anotar dois gols na primeira partida contra o Olímpia-PAR, no Mineirão. O resultado de 2 a 0 ajudou o Galo na partida de volta, em Assunção, no Paraguai.

Negrini rodou os primeiros anos da carreira por clubes do interior do Rio Grande do Sul. O Atlético-PR trouxe o jogador por empréstimo. O jogador foi o destaque da equipe no Brasileirão, marcando cinco gols. O ex-meia conta a VAVEL Brasil como foi sua chegada ao Atlético-MG em 1992. 

"Quem me contratou foi o Afonso Paulino. Eu era meio desconhecido da grande mídia. Vim de um time pequeno e tive a chance de ser contratado pelo Atlético-PR. Fiz um bom Campeonato Brasileiro em 1992. Curiosamente, minha melhor partida naquele Brasileirão foi contra o Galo, no Mineirão. Ganhamos de 3 a 2, eu fiz um dos gols e o Renaldo, que veio para o Atlético depois, marcou dois. Acho que fui contratado por causa dessa partida (risos)".

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Perto de tantos nomes consagrados do futebol brasileiro, Negrini poderia se considerar um desconhecido, mesmo com a boa participação no Brasileirão. Tanto destaque levou a Revista Placar, edição de agosto de 1992 a dar a Negrini destaque como revelação, ao lado de Edmundo, do Vasco da Gama, e Palhinha, do São Paulo.

"Tem uma coisa engraçada nessa história. Vim para Belo Horizonte assinar contrato. Retornei numa quinta-feira, treinei na sexta e no sábado, e joguei a estreia no domingo contra o Fluminense, em Juiz de Fora. E achei que ia ficar no banco, não tinha feito treinamento coletivo, e na hora do jogo, fui escalado como titular pelo Vantuir Galdino".

Negrini chegou ao Atlético com o elenco em reformulação, mas que tinha nomes experientes e que estavam no clube há mais tempo. Sobre a titularidade, ele conta que nunca pensou que seria titular do time alvinegro durante a Conmebol.

"Quando cheguei ao Galo, nunca pensei que seria titular. Mas como o Atlético estava precisando de um meia, acho que encaixei certinho naquela equipe. O time tinha jogadores bem experientes e fizemos uma grande Copa Conmebol".

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A campanha do Atlético-MG apresentou dificuldades em todas as partidas. Negrini relata qual foi à partida mais difícil do time durante a trajetória da equipe pela Copa Conmebol, e como as equipes adversárias tratavam o torneio. 

Foto: Reprodução

"Acho que o jogo mais difícil foi contra o El Nacional, no Equador. Enfrentamos a altitude, eu corria tudo o que podia e nunca chegava na bola. Lá foi difícil, perdemos de 1 a 0, mas voltei com a delegação na certeza que iríamos reverter no Mineirão. Dito e feito. Ganhamos de 2 a 0 e fizemos um grande jogo. A Conmebol era tratada como uma grande competição. Era como se fosse a Copa Sul-Americana hoje. Todos os times que disputaram entravam com força máxima e proporcionava aos torcedores grandes partidas. E outra coisa, a Libertadores em 1992 já tinha acabado. Só tinha a Conmebol mesmo. A Supercopa viria depois. Não foi fácil ganhar a taça".

O Atlético-MG chegou à decisão após passar por Fluminense, Júnior de Barranquilla-COL e El Nacional-EQU. O adversário da decisão seria o Olímpia-PAR, um dos melhores times sul-americanos e vice-campeão da Libertadores em 1991. Negrini conta que não era um jogador de marcava muitos gols, mas que liberdade para atacar facilitou a ele estar mais próximo da grande área.

"Na época, jogava como terceiro jogador do meio-campo. Sérgio Araújo, Ailton e eu tínhamos mais liberdade para atacar. O Claudinho era aberto pela esquerda, mas voltava para marcar. Por isso que contra o Olímpia, na decisão, eu apareci bem na grande área e fiz os dois gols".

Ao contar sobre a segunda partida da final contra o Olímpia, Negrini destaca as dificuldades sofridas dentro e fora de campo, não pelo adversário, como também os torcedores paraguaios que proporcionavam ataques de hostilidade e agressões.

"O Procópio até lembrou isso recentemente. Quando chegamos ao Paraguai, treinamos no Defensores Del Chaco. No dia seguinte, fomos para o Manuel Ferreira. Campo pequeno levamos um pressão gigantesca da torcida. Durante o jogo, os torcedores do Olímpia atiravam foguetes, pedradas, tudo em cima da gente. Quando acabou a partida, começamos a levar pedradas. Teve um diretor nosso que não lembro o nome, ele levou uma pedrada dentro do vestiário. Tivemos que comemorar no meio do campo para não ser agredido. Foi um dia para não ser esquecido".

Negrini e outros jogadores de 1992 receberam premiações pelo Atlético em 2008, ano do centenário do clube. Foto: Reprodução

Para encerrar, Negrini, que hoje é dono de uma distribuidora de bebidas em Vespasiano-MG, relata uma história curiosa durante a partida contra o Olímpia.

"Teve uma situação engraçada. O Claudinho sofreu uma falta e estava saindo na maca para ser substituído para entrar um jogador mais de marcação. Na hora que ele estava deixando o campo, ele olhou para a torcida e viu um torcedor acedendo foguete para jogar contra ele. Ele levantou na hora e saiu correndo. Foi expulso. Levamos um gol no finalzinho".

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