Superação. Essa é, sem dúvidas, a palavra que caracteriza o ano da Chapecoense. Após o trágico acidente aéreo de Medelin, em novembro de 2016, deixando 71 mortos, a Chapecoense teve de reformular toda sua equipe e comissão técnica. De certa forma, a Chape, como uma fênix ressurgiu das cinzas em um ano que nem o mais otimista poderia imaginar.

No Brasileirão, o Verdão do Oeste encerrou a sua participação na oitava colocação com 54 pontos, e, para a surpresa de muitos, buscou até a última rodada a vaga no até então G8 para que fosse possível, pelo segundo ano consecutivo, disputar a Libertadores da América. E foi. Um ano depois da tragédia, a Chapecoense se superou e conseguiu a vaga na Libertadores da América. Além disso, a Chape sagrou-se campeã simbólica no segundo turno do Campeonato Brasileiro. Na edição de 2016, a equipe de Chapecó não alcançou a classificação para as oitavas de final, no entanto, fez uma grande participação nas fases de grupo e teve sua colocação prejudicada por conta da escalação irregular do volante Luiz Otávio. No Campeonato Catarinense, a Chapecoense sagrou-se campeão sobre o Avaí, na Ressacada, iniciando assim, um ano que ninguém esperava.

Vagner Mancini: O homem do recomeço

A Chapecoense teve que se refazer. Recomeçar. Se reinventar. Dez dias depois do trágico acidente aéreo, a nova diretoria do Verdão do Oeste escolheu Vagner Mancini para o cargo de treinador com o intuito de reconstruir um elenco competitivo e vencedor tal qual os que se foram em 2016. Em sete meses de trabelho, o comandante levou a equipe de Chapecó ao título do Campeonato Estadual e a conquista da vaga, dentro de campo, para as oitavas de final – perdida por um erro administrativo -.

Mancini apontou novos jogadores, revelou outros que se tornaram destaque na equipe e cruciais para todas as conquistas. Deixou o clube em julho de 2017, após uma sequência de cinco jogos sem vitórias.

Campeonato Catarinense

Um pouco mais de cinco meses após a tragédia, a Arena Condá voltou a sorrir. Na primeira competição do ano, o Estadual, a Chapecoense faturou seu sexto campeonato estadual, sagrando-se bicampeã catarinense. As ruas, que em novembro de 2016, choravam e ecoavam um triste silêncio, em maio voltou a eclodir ouvir fogos de artifício.

Diante do Avaí, após vencer, fora de casa, a primeira partida por 1 a 0, o Verdão do Oeste sagrou-se campeão, mesmo com a derrota na Arena Condá devido à vantagem de jogar por dois resultados iguais já que realizou a melhor campanha na competição.

(Foto: Sirli Freitas/Chapecoense)
(Foto: Sirli Freitas/Chapecoense)

Libertadores e Luiz Otávio

Em sua primeira Libertadores na história, a Chape não tinha muitas obrigações na competição. No grupo sete, estreou com vitória, derrotou, em casa, o vice-campeão da competição, o Lanús. Encerrou sua participação classificada às oitavas de final, mas, por conta da escalação irregular de Luiz Otávio, diante do time argentino, o Verdão do Oeste encerrou sua participação, de forma digna, na Copa Libertadores.

Oscilação e saída conturbada de Vagner Mancini

Com Mancini, a Chapecoense conquistou o Campeonato Catarinense e fez uma Libertadores de forma digna, como já destacado. O início do Brasileirão também superou expectativas. No entanto, não demorou muito para o Verdão do Oeste oscilar na tabela da competição. Após acumular cinco jogos sem vitória, Vagner Mancini foi demitido da equipe. A saída do técnico, entretanto, foi tumultuada. Mancini declarou que saía magoado com a forma que foi comunicado, e, que entendia que a demissão seria injusta.

"Toda felicidade que envolveu minha escolha para fazer a reconstrução, onde dei minha parcela, virou choque na saída. A decepção foi proporcional. Acertamos um projeto a ser desenvolvido que se paralisou. É um direito do clube, mas foi me dada a explicação de que futebol é resultado”, declarou o técnico.  

Jogos em homenagem às vítimas

Em homenagem às vítimas da tragédia em Medelín, a Chapecoense realizou amistosos internacionais e participou a Joan Gamper e Copa Suruga. Na primeira partida, válido pelo troféu simbólico Joan Gamper, o Verdão do Oeste foi goleado, no Camp Nou, por 5 a 0. No entanto, o placar ficou, sem dúvidas, em segunda instância. Isso porque, a partida marcou a volta de Alan Ruschel, um dos sobreviventes do acidente, aos gradados.

Em amistoso, diante do Lyon, a Chape abriu o placar, mas acabou sendo derrotada pelo time francês por 2 a 1. Por último, em partida válida pela Copa Suruga, a equipe catarinense enfrentou a Roma, na Itália, onde saiu derrotada por 4 a 1. Mas, novamente, o placar foi deixado em segundo plano e Alan Ruschel, mais uma vez, se tornou o destaque do jogo, ao marcar pela primeira vez após a tragédia.

(Foto: Paolo Bruno/Getty Images)
(Foto: Paolo Bruno/Getty Images)

Ascenção no Brasileirão e vaga na Libertadores

Se no início do ano a discussão era sobre isentar ou não a Chapecoense do rebaixamento durante três anos com a finalidade de dar tempo à equipe em se recuperar da tragédia, a Chape recusou o auxílio e deu o seu recado no Brasileirão. Comandada por Gilson Kleina, mais do que ficar na primeira parte da tabela, o Verdão do Oeste com a sua melhor colocação da história, em oitavo lugar, acumulando 54 pontos e alcançando a vaga para a Pré-Libertadores.

O fim da partida foi emocionante. Um ano depois da Arena Condá receber os corpos das 71 vítimas do acidente aéreo, aquele mesmo estádio vibrava com mais um feito histórico da Chape. Naquela mesma trave que Danilo levou o Verdão do Oeste à final da Copa Sul-Americana, Túlio de Melo, agora, levou a Chape à sua segunda Libertadores da América. Os sobreviventes Jackson Follaman, Alan Ruschel e Neto, puderam sorrir, comemorar a vida e mais uma conquista da Associação Chapecoense de Futebol. Marcada para sempre na história.