O sonho de ser jogador de futebol é almejado por vários garotos desde a infância. Apesar dos percalços ao longo do caminho, eles seguem em busca da realização da grande fantasia: ganhar a vida praticando o esporte mais popular do mundo.

Para muitos, a maior chance de ter reconhecimento é participando da Copa São Paulo de Futebol Júnior, o maior torneio de base do Brasil. Desde 1969, a competição visa dar visibilidade a jovens de todo o país e revelar novos talentos do futebol brasileiro. 

Ao fim de cada edição, é comum que vários desses garotos sejam aproveitados no elenco profissional de suas respectivas equipes ou as deixem para defender clubes maiores. No entanto, o futuro é incerto para alguns deles, que acabam buscando outros rumos. 

Educação como alternativa ao futebol 

Jordan participou da sua primeira e última Copinha (Foto: Divulgação/Red Bull Brasil)
Jordan participou da sua primeira e última Copinha (Foto: Divulgação/Red Bull Brasil)

Goleiro do Red Bull Brasil, Jordan Esteves participou da sua primeira Copinha. Nascido em Cachoeira de Minas, em Minas Gerais, o garoto deixou sua casa ainda cedo para dar início ao sonho de ser jogador de futebol. Aos 13 anos, foi morar em Limeira, junto a outros jogadores nas dependências do Independente de Limeira, clube no qual começou sua trajetória no futebol.

A mudança foi grande. Além de estar distante da família, o garoto passou a viver numa cidade muito maior. Cachoeira de Minas tem apenas 11 mil habitantes, enquanto Limeira conta com mais de 250 mil moradores.

"Foi um pouco difícil, pois eu estava saindo de uma cidadezinha pequena, com pouco mais que 11 mil habitantes, e estava indo para uma cidade bem maior, onde não conhecia ninguém", contou o jogador à VAVEL Brasil

Antes de chegar ao Red Bull Brasil, Jordan também passou pelo Mogi Mirim, onde atuou até 2014. No ano seguinte, o goleiro foi contratado pela equipe de Campinas e permanece no clube até hoje. No RB Brasil, Jordan foi campeão da Copa Del Agatha, na Holanda, e bicampeão do Torneio VolksBank, na Alemanha.

Jordan pegou o pênalti que deu a chance ao RB Brasil em avançar de fase (Foto: Divulgação/Red Bull Brasil)
Jordan pegou o pênalti que deu a chance ao RB Brasil em avançar de fase (Foto: Divulgação/Red Bull Brasil)

Neste ano, o garoto participou da sua primeira Copa São Paulo, onde se estabeleceu como um dos destaques da equipe do interior paulista. Na terceira fase da competição, Jordan defendeu um pênalti já no fim do jogo, que garantiu a classificação de sua equipe para a próxima etapa. Apesar da eliminação na fase seguinte, Jordan Esteves escreveu seu nome no torneio de base.

Apesar da boa atuação, o futuro para o jogador ainda é incerto. O arqueiro tem contrato com o Red Bull Brasil até maio de 2019 e espera dar continuidade à carreira para seguir seus sonhos. Precavido, Jordan deu início ao curso de Fisioterapia, na UniAnchieta, em São Paulo. 

"Quero jogar sempre em alto nível e jogar uma primeira divisão do brasileiro, para um dia realizar meu sonho de jogar na Europa. Mas depois que encerrar minha carreira como atleta profissional de futebol, eu pretendo abrir uma clínica própria e me dedicar integralmente à fisioterapia", comentou.

Caminho incerto nas bases do país

O caminho do atleta de base em busca de espaço no time profissional é difícil. De acordo com dados levantados pela Universidade do Futebol, o número de jovens que conseguem se firmar nas categorias de base das equipes estruturadas ou ascender ao profissional é cada vez menor. 

De acordo com o site da Federação Paulista de Futebol (FPF), o sub-15 e sub-17 das equipes de disputaram o Campeonato Paulista 2017 tem em média 1035 atletas, o sub-20 conta 730 jogadores e esse número cai ainda mais no elenco profissional: em média são 90 atletas formados nas categorias de base que ascenderam ao profissional. 

Foto: Divulgação/Universidade do Futebol
Foto: Divulgação/Universidade do Futebol

A fim de mudar essas estatísticas, o diretor das categorias de base do Cruzeiro, Quintilhiano Lemos, acredita que é preciso moldar o atleta para ter condições de atuar junto ao elenco profissional.

"Evidentemente que a visibilidade e a exigência no futebol profissional é maior que na base. Para se ter sucesso, as qualidades técnica e física são apenas dois dos elementos a serem considerados. Para mudar essa estatística, temos também que formar atletas bem informados e engajados na sua profissão, que sejam psicologicamente fortes para lidar com as cobranças do dia a dia e que não se percam no caminho com o 'glamour' que a profissão lhe oferece", declarou à VAVEL Brasil.

Segundo o dirigente, a transição para a equipe principal é uma missão árdua. Para ele, cada jogador tem sua especificidade e é necessário unir a condição técnica à física e psicológica para se obter uma condição necessária para subir ao time profissional.

"É importante salientar que a transição para a equipe profissional é peculiar a cada atleta. Temos casos de atletas que fizeram essa transição com 17 anos, no último ano na categoria Juvenil, mas também temos casos que somente com 19 ou 20 anos essa transição foi alcançada. A condição técnica, física e psicológica leva o
atleta a receber oportunidades, num momento específico e propício dentro das avaliações que fazemos constantemente na nossa categoria de base"
, ressaltou.

Do futsal à equipe profissional do Audax-SP

Cucato foi herói da classificação do Audax na Copa SP contra o Atlético-MG (Foto: Divulgação/RV Sports)
Cucato foi herói da classificação do Audax na Copa SP contra o Atlético-MG (Foto: Divulgação/RV Sports)

Arqueiro do Audax-SP, Henrique Cucato foi um dos destaques da equipe paulista na Copa São Paulo. O goleiro deu início a carreira no futsal, mas logo se transferiu para o futebol de campo. Assim como outros garotos, Cucato sonha em se tornar um grande jogador no futuro. 

Paulista, Henrique Cucato iniciou sua trajetória no futebol aos 12 anos, no Barueri-SP. Em 2013, o goleiro chegou ao Audax-SP, clube no qual defende as cores até hoje. No mesmo ano, Cucato se sagrou campeão do Campeonato Associação Paulista, competição na qual ganhou o prêmio de melhor goleiro. No ano seguinte foi campeão do torneio Brasil Japão e em 2016 venceu a copa Milk Cup, na Irlanda.

Neste ano, Henrique Cucato participou da Copa São Paulo de Futebol Júnior também pelo Audax-SP. O goleiro foi o herói da classificação paulista para as oitavas de final após eliminar o Atlético-MG nos pênaltis. A partida terminou empatada por 2 a 2 no tempo normal e nas penalidades máximas Cucato defendeu um e o Audax superou o Galo por 4 a 1. Apesar da eliminação na fase seguinte para o Flamengo, o arqueiro deixou boas impressões.

Após a boa atuação na competição, o goleiro passou a integrar o elenco profissional do time paulista. O goleiro também despertou o interesse de outras equipes do país. Apesar de subir à equipe principal, o arqueiro ainda possui contrato amador, mas logo assinará seu primeiro vínculo como atleta profissional.

"Estou integrado ao profissional. Meu foco está aqui, no momento. Estou absorvendo o máximo de informações com os outros goleiros, para melhorar minha técnica e me adaptar na categoria. Quando a oportunidade vier, preciso estar preparado e dar conta dela. Meu sonho é de melhorar a cada ano, ser reconhecido como um grande goleiro e jogar em um grande clube da Europa", disse.

Do Primavera para São Paulo: ascensão na Copa São Paulo

Foto: Divulgação/ São Paulo
Foto: Divulgação/ São Paulo

A Copinha é lugar de revelar vários talentos. Atacante de origem, Jonas Toró foi destaque do Primavera no ano passado e despertou o interesse do gigante da capital paulista. Com seis gols na última Copa São Paulo, Toró chegou ao Tricolor Paulista por empréstimo e se tornou o artilheiro da equipe sub-20. 

A rápida ascensão na carreira do garoto põe de lado os momentos difíceis em que passou. Em busca de um sonho, Toró deixou sua família para jogar no Comercial-SP. Com boas atuações na equipe de Salto, o atacante se transferiu ao Primavera e foi destaque mais uma vez. Com a proposta de empréstimo feita pelo São Paulo, Toró agora busca escrever seu nome no Tricolor Paulista.

"Eu cheguei um pouco tímido, tentei conhecer o lugar, as pessoas e me identifiquei bastante com elas e com o clube. Estou muito feliz por estar defendendo o São Paulo e para mim foi uma experiência nova, poder contar com a estrutura da base", indagou.

Apesar da boa fase, o contrato do jogador com a equipe paulista termina em 2019. Para permanecer no Tricolor, o clube deverá fazer a opção de compra total ou parcial dos direitos econômicos de Jonas Toró. Mesmo com a incerteza do futuro, o atacante reafirma sua vontade em continuar no São Paulo para seguir fazendo história e ascender ao profissional.