Nesta quinta (15), Santos e Nacional-URU se enfrentam pela segunda rodada do Grupo 6 da Copa Libertadores da América. Ambas as equipes são tricampeãs do torneio e buscam o tetra nessa temporada, porém, brasileiros e uruguaios se enfrentaram apenas duas vezes pela Libertadores na história, e ambos os confrontos aconteceram na mesma edição.

Peixe e Rey de Copas cruzaram entre si nas oitavas de final da competição continental de 2003. Na ocasião, o Santos era o atual campeão brasileiro e tinha no seu elenco nomes como Diego, Robinho e Elano. Já o Nacional também havia sido campeão do seu país no ano anterior e tinha em seu plantel nomes como o goleiro Gustavo Munuá e o volante Sebástian Eguren, destaque na partida de volta, na Vila Belmiro, e que no final de sua carreira atuou no futebol brasileiro, pelo Palmeiras. 

Campanha

Na primeira fase do torneio, o Santos havia sido líder do seu grupo de forma invícta, com quatro vitórias e dois empates. Foi a segunda melhor campanha geral da fase de grupos, ficando atrás apenas do Corinthians. Já o Nacional, se classificou como segundo colocado do Grupo 6, atrás do Racing/ARG, com três vitórias, um empate e duas derrotas. 

Na fase oitavas de final, o sorteio definiu o cruzamento entre as duas tradicionais equipes do futebol sul-americano pela primeira vez na história da competição. Antes disso, Santos e Nacional havia apenas se enfretado em partidas amistosas e em torneios menores como "Pentagonal" e "Supercopa Sul-Americana". Até a ocasião, o confronto havia acontecido nove vezes: com três vitórias do Santos, uma do Nacional e quatro empates. 

Jogo de Ida

A primeira partida das oitavas da Libertadores em 2003 aconteceu no dia 23 de abril no Estádio Centenário, em Montévideu/URU. A expectativa era que a equipe uruguaia complicasse mais a vida do Santos justamente no confronto de ida, pela dificuldade do clima e a pressão imposta pela torcida alba no Estádio Centenário. Porém, o Santos não tomou conhecimento dos uruguaios e virou a primeira etapa vencendo por 2 a 0, gols do zagueiro Alex, logo aos 6 minutos de partida, e do centroavante Ricardo Oliveira, no fim do primeiro tempo, aos 44 minutos. 

Na segunda etapa, o Nacional precisava sair ainda mais pro jogo, para buscar pelo menos um gol e diminuir a desvantagem. Sendo assim, aos 12 minutos do segundo tempo, o meia Guerrero descontou para o Nacional. Mas não demorou nem dez minutos pro Santos voltar a ter a vantagem de dois gols de diferença, já que Robinho marcou de cabeça o terceiro do Peixe aos 20 da etapa final. 

Após o terceiro gol, entretanto, o Santos diminuiu um pouco o seu rítmo e o técnico da equipe uruguaia, Daniel Carreño, ao perceber isso, acelerou as ações ofensivas do Nacional que passou a dar mais trabalho ao gol de Fábio Costa, que aplicou boas defesas, mas não o suficiente, já que o Rey de Copas empatou o jogo em dez minutos com gols de Peralta e Scotti - dois jogadores que sairam do banco de reservas - aos 26 e 36 do segundo tempo respectivamente.

Mas o próprio Scotti, que empatou a partida para o Nacional aos 36 minutos, cometeu pênalti em Diego aos 39 do segundo tempo. Ricardo Oliveira cobrou no canto esquerdo de Munuá que até pulou em direção a bola, mas não conseguiu defender, 4 a 3 para o Santos. 

Contudo, o árbitro argentino, Horácio Elizondo, deu cinco minutos de acréscimo naquela partida. No minuto 50, o Nacional chegou ao ataque e Fábio Costa faz uma bela defesa, colocando a bola para escanteio. Elizondo, ao invés de encerrar a partida, autorizou a cobrança do tiro de canto. Aos 51 minutos da etapa final, um minuto além do tempo de acréscimo, o meia Benoit desviou de cabeça para empatar a partida e dar números finais ao confronto de ida: Nacional 4 x 4 Santos.

Jogo de Volta

A partida de volta aconteceu no dia 7 de maio, na Baixada Santsita, na Estádio da Vila Belmiro, o verdadeiro alçapão do Santos, diferentemente da partida dessa quinta, que será sob mando do Peixe, mas acontecerá na capital paulista, no Estádio Municipal do Pacaembu.

Na ocasião do confronto em 2003, o técnico do Santos, Emerson Leão, improvisou Elano na lateral-direita e escalou Nenê no meio de campo. 

O Santos iniciou a partida indo pra cima. Logo aos 4 minutos o centroavante Ricardo Oliviera já acertou uma cabeçada na trave. 

E assim como no Uruguai, o Santos não demorou muito para abrir o placar. Aos 9 minutos do primeiro tempo, o próprio Ricardo Oliveira, que já havia feito dois em Montevidéu, fez o primeiro do Peixe, recolocando o Santos à frente no placar agregado. 

E o Alvinegro continou em cima dos uruguaios na partida, tanto que aos 18 minutos, em cobrança de falta, o zagueiro Alex acertou a segunda bola na trave do Peixe no jogo. 

Mas ainda no primeiro tempo, o Nacional contou com um apagão do Santos e virou a partida em menos de cinco minutos. Primeiramente com um golaço de bicicleta de Eguren, aos 38 minutos, após bate e rebate na defesa santista. Depois, aos 41 minutos do primeiro tempo, O'Neill em cobrança de falta fez o segundo, virando a partida. 

No segundo tempo o Santos vai todo pra cima e cria chances com Diego, Robinho, Renato e Nenê, mas todas desperdiçadas. Aos 20 minutos, Elano cobra falta pelo lado direito, Munuá sai mal do gol e o zagueiro André Luiz sobre junto com Eguren empata para o Santos, 2 a 2. 

O resultado agregado de 6 a 6, levaria o jogo para os pênaltis, já que em 2003 a Libertadores ainda não tinha a regra do gol qualificado, que dá a vantagem do empate ao time que fizer mais gols fora de casa (que, no caso, seria o Santos). E realmente é o que acontece, nenhuma boa chance é criada após o gol de empate do Peixe, e a partida vai para os pênaltis.

Na marca da cal brilhou a estrela do goleiro santista, Fábio Costa, que, havia feito uma grande partida em Montevidéu, praticando grandes defesas, mas que é até hoje lembrado pela sua atuação na disputa por pênaltis, onde defendeu a primeira cobrança, batida por Peralta, a segunda de Morales e a quarta de Juarez, sofrendo apenas o terceiro pênalti cobrado pelo goleiro Munuá. O Santos converteu as suas três penalidades, com Ricardo Oliveira, Elano e Renato, fechando a disputa em 3 a 1 e se classificando para as quartas de final da Libertadores em 2003.

Na sequência da competição o Peixe passou pelo Cruz Azul/MEX, nas quartas, e Independiente de Medellín/COL, na semifinal, mas acabou sendo derrotado pelo Boca Júniors/ARG, na decisão, ficando com o vice da Libertadores em 2003. O tricampeonato só veio a acontecer oito anos depois, em 2011, na "Era Neymar" com o Santos batendo o Peñarol, arquirrival do Nacional, na decisão.