A carreira de Rogério Ceni, tanto como jogador como treinador, é permeada de títulos e polêmicas. Nas últimas semanas as polêmicas relacionadas a permanência ou não do técnico no Cruzeiro têm dominado as manchetes e discussões. Uma crise com o elenco da Raposa emerge e adiciona mais um fator disruptivo na crise generalizada do clube.

Aposta arriscada vs. zona de conforto

Ceni veio de um Fortaleza que ajudou a recolocar na elite do futebol, ganhou três (Série B, Cearense e Copa do Nordeste) das quatro competições que disputou pelo tricolor. Virou ídolo e mostrou que a nova geração de treinadores pode colecionar troféus. Valeria a pena trocar esse projeto estável por um clube reconhecidamente maior, mas com tantos problemas financeiros e esportivos? A resposta é um frio e estatístico "não".

É totalmente compreensível o movimento de carreira que Rogério fez: voltar para um eixo do futebol no qual ele esteve a vida toda de jogador, em um clube com uma estrutura invejável. A questão é o momento bem específico e ruim do clube escolhido. O Cruzeiro tem dirigentes investigados, dívidas, gastos desnecessários, elenco cheio de egos e panelinhas (apesar da reconhecida qualidade). Para um profissional como Rogério que, mesmo como jogador, gosta de ter tudo sob (seu) controle, pareceu uma jogada arriscada demais. No Fortaleza tinha elenco, torcida e diretoria na mão.

Na curta carreira de treinador que tem, Ceni nunca enfrentou tamanha problemática. Jogadores que eram adversários em campo aparentemente guardaram alguma rixa com o eterno capitão São-paulino (Tiago Neves, por exemplo) e não aceitaram facilmente o comando do treinador. Agora deve ficar no Cruzeiro e administrar essa tempestade até o fim do campeonato, escapando do rebaixamento. Se o fizer, sairá com lastro maior ainda.

Foi um equívoco, amigo!

A decisão tomada de comandar o Cruzeiro foi equivocada, um erro, comum para um técnico ambicioso e em início de carreira. No entanto a volta para o Fortaleza, se for da escolha de Rogério, demonstra um recuo. Deu um passo maior que as pernas, agora precisa se sustentar. Se voltar para o conforto e segurança do Fortaleza (que também luta para se manter na elite) terá acusado o golpe. 

Não que a torcida do Fortaleza se incomode de forma alguma com essa situação. 

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