Sempre é bom relembrar a trajetória de um craque. Gols marcantes, passagens de sucesso ou de fracasso, fase áurea, lesões, retorno, fim da carreira e o pós-profissão, todos esses períodos, passados com sucesso, constroem uma figura idolatrada em algumas torcidas. Por isso, a VAVEL Brasil traz de volta à tona alguns grandes jogadores que pisaram os gramados do país do futebol. Agora, vamos com um expoente vascaíno.

“Contra o River Plate, sensacional! ‘Gol de quem?’ Gol do Juninho, monumental”. Esta frase ecoa pelo bairro de São Cristóvão em dias de jogos do Vasco da Gama em São Januário. O cântico relata o gol de Juninho Pernambucano contra o Club Atlético River Plate em partida válida pela semifinal da Copa Libertadores da América de 1998, gol este que classificou o Vasco para a grande final, vencida posteriormente.

Desde então, Juninho entrou para a galeria de ídolos do Cruzmaltino e marcou seu nome não só no Vasco como no futebol nacional. Mas no início de sua carreira, o ‘reizinho’, como é carinhosamente intitulado pelos torcedores vascaínos, teve algumas dificuldades e foi até mesmo visto como contrapeso de outro jogador até conseguir alavancar a carreira profissional.

O início

Juninho Pernambucano dá seus primeiros passos no Sport (Foto: Reprodução / Arquivo pessoal)
Juninho Pernambucano dá seus primeiros passos no Sport Recife (Foto: Reprodução / Arquivo pessoal)

Nascido em 30 de janeiro de 1975 no Recife, capital do Pernambuco, Antônio Augusto Ribeiro Reis Junior, conhecido popularmente como Juninho Pernambucano, começou no futebol de salão e aos 12 anos foi para a escolinha de futebol do Sport Club do Recife.

Em 11 de novembro de 1993, aos 18 anos, deu seus primeiros passos na equipe profissional do Rubro-Negro. Foi no empate sem gols com o Fluminense. Juninho fez parte da chamada “Geração de Ouro” do Sport, equipe que também contava com o atacante Leonardo e o lateral esquerdo Chiquinho, e ajudou o Leão a conquistar o Campeonato Pernambucano e a Copa do Nordeste.

Pelo Sport, Juninho fez 24 partidas e marcou três gols. Suas atuações chamaram a atenção de grandes equipes do futebol brasileiro. Kalef João Francico, ex-diretor de futebol do São Paulo Futebol Clube, contou que estava acertando a contratação de Juninho Pernambucano, mas o treinador do Tricolor na época, Telê Santana, recusou o jogador. Foi aí que apareceu o Vasco no caminho do atleta.

Contrapeso?

Juninho chegou ao Vasco sendo visto como um contrapeso (Foto: Reprodução / Vasco)
Juninho chegou ao Vasco sendo visto como um contrapeso (Foto: Reprodução / Vasco)

Revelação do Campeonato Brasileiro de 1994, Juninho despertou o interesse do Vasco. A princípio, ele foi visto como contrapeso do atacante Leonardo, que também desembarcou no Rio de Janeiro.

O primeiro jogo oficial foi na vitória por 5 a 3 sobre o Santos na Vila Belmiro, quando o jovem Juninho marcou seu primeiro gol pelo Vasco. No ano de 1995, Juninho ainda teve que conviver com a reserva, entrando no decorrer das partidas. Mas em 1996 a titularidade veio e Juninho marcou 13 gols em 57 partidas.

Em campo, Juninho já deixava sua marca registrada: a cobrança de falta. Mesmo muito jovem, já demonstrava seus atributos e o que viria a ser sua principal arma. Mas foi em 1997 que o meia começou a receber a idolatria do torcedor. Dos torcedores, recebeu a alcunha de reizinho, com um grito que se tornaria tradicional nas arquibancadas de São Januário: “Ei, ei, ei, o Juninho é nosso Rei”.

Monumental

Juninho Pernambucano comemora gol ao lado de Odvan (Foto: Reprodução / Vasco)
Juninho Pernambucano comemora gol ao lado de Odvan (Foto: Reprodução / Vasco)

Em 1998 o Vasco chegava ao seu centenário após vencer o Campeonato Brasileiro no ano anterior. A meta era ambiciosa: conquistar a América.

E coube a Juninho Pernambucano o grande momento da competição. Pelas semifinais da Libertadores, contra o River Plate, no Estádio Monumental de Nunes em Buenos Aires, Juninho marcou aquele que é considerado por muitos o gol mais importante da história do Clube de Regatas Vasco da Gama. De falta, no ângulo, garantiu a vitória do Gigante da Colina e entrou de vez pra história do Cruzmaltino sendo protagonista do inédito título da Libertadores da América.

Juninho ainda conquistaria pelo Vasco a Taça Rio São Paulo, a Mercosul e o Campeonato Brasileiro de 2000, se firmando na galeria de maiores ídolos do clube. Na final do Brasileiro, em vitória por 3 a 1 sobre o São Caetano, Juninho marcou aquele que seria seu último gol pela equipe em sua primeira passagem por São Januário. Em seis anos foram 295 partidas, 55 gols e 10 títulos.

Rei da França e Seleção Brasileira

Juninho recebe homenagem do Lyon em sua centésima partida pela equipe (Foto: Reprodução / Lyon)
Juninho recebe homenagem do Lyon em sua centésima partida pela equipe (Foto: Reprodução / Lyon)

Juninho deixou o Vasco no início de 2001 em litígio com o clube. Foi contratado então pelo Olympique de Lyon. A passagem de Juninho Pernambucano pelo Lyon o marcou para sempre na galeria de grandes jogadores do futebol europeu. Pela equipe francesa, que até a sua chegada jamais havia conquistado um campeonato local, foram sete Campeonato Francês, seis Supercopa da França e uma Copa da França. Foram 343 partidas e 100 gols marcados o colocando como o maior ídolo da história do Lyon.

Juninho, que marcou dez gols em Champions League, o maior campeonato de futebol de clubes do mundo, virou referência em toda Europa pela sua especialidade em cobranças de falta, entrando até mesmo na biografia do meia Andrea Pirlo, como fonte de inspiração. Em Toda sua carreira foram 75 gols de falta, sendo 45 pelo Lyon.

Enquanto ganhava o mundo, Juninho também chegou ao ápice como jogador de futebol: foi convocado pelo técnico Alberto Parreira para disputar a Copa do Mundo em 2006. Ele fez três partida na Copa e marcou um gol, na partida contra o Japão. Ao todo pela seleção, Juninho fez 40 partidas e marcou seis gols.

O retorno do rei

Apresentação oficial de Juninho em seu retorno ao Vasco (Foto: Reprodução / Vasco)
Apresentação oficial de Juninho em seu retorno ao Vasco (Foto: Reprodução / Vasco)

Após uma breve passagem pelo Al-Gharafa, do Catar, Juninho retornou ao Vasco da Gama logo após o título da Copa do Brasil que tirou o Vasco de uma longa espera de 11 anos sem títulos nacionais, o último ainda conquistado com o meia em campo.

Em sua segunda passagem, Juninho aceitou jogar por um salário mínimo e foi o líder da equipe que ficou com o vice-campeonato brasileiro de 2011. Em sua premira partida, marcou de falta contra o Corinthians no Pacaembu. Juninho ficou no Vasco até o final de 2012, quando se transferiu para o New York Red Bulls. Nos Estados Unidos ficou seis meses e retornou ao Vasco para a sua terceira e derradeira passagem.

Aposentadoria

Juninho teve breve passagem pelo New York Red Bulls (Foto: Reprodução / NYRB)
Juninho teve breve passagem pelo New York Red Bulls (Foto: Reprodução / NYRB)

Novamente, marcou gol em sua estreia, dessa vez contra o Fluminense. Na 33° rodada do Campeonato Brasileiro de 2013, no empate por 2 a 2 com o Santos, Juninho sentiu uma contusão logo no início da partida e deixou o campo. Ali, chegava ao fim a carreira desse brilhante atleta, que por conta das dores, não retornou mais ao futebol. Entrou para sempre na história do Vasco da Gama e do futebol mundial.

Até hoje, o gol contra o River Plate é motivo de êxtase para os torcedores. Este gol é tão importante que é geralmente mais lembrado que a própria final contra o Barcelona-EQU. Dificilmente acharemos um torcedor do Vasco que não lembre ou não tenha visto esse gol que virou música de arquibancada.

Ao todo, pelo Vasco, Juninho fez 393 partidas e marcou 77 gols. Na carreira, foram 879 jogos e 208 gols.

Fora dos gramados: um cidadão consciente

Juninho Pernambucano com sua esposa e três filhas (Foto: Reprodução / Twitter oficial do ex-jogador)
Juninho Pernambucano com sua esposa e três filhas (Foto: Reprodução / Twitter oficial do ex-jogador)

Juninho ainda ingressou na carreira de comentarista esportivo no Grupo Globo após deixar os gramados. Após desentendimento, deixou a emissora e foi morar nos EUA com sua esposa Renata e suas três filhas, Giovana, Maria Clara e Rafaela. Em maio de 2019, Juninho Pernambucano aceitou o convite do Presidente do Lyon, Jean Michel-Aulas, e retornou a equipe francesa como novo  Diretor de Futebol, cargo que ocupa atualmente.

Juninho também se destaca nas redes sociais com suas declarações sobre o cenário político atual. Em entrevista contundente ao El Pais, Juninho disse que se revolta quando vê jogador ou ex-jogador de direita e também disse que sofreu censura ao vivo na TV. O agora ex-atleta tem colecionado uma legião de fãs e críticos, desta vez por conta de seus posicionamentos políticos, visto que ele tem fortes críticas ao atual Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, político de extrema-direita.

VAVEL Logo
Sobre o autor