Sempre é bom relembrar a trajetória de um craque. Gols marcantes, passagens de sucesso ou de fracasso, fase áurea, lesões, retorno, fim da carreira e o pós-profissão, todos esses períodos, passados com sucesso, constroem uma figura idolatrada em algumas torcidas. Por isso, a VAVEL Brasil traz de volta à tona alguns grandes jogadores que pisaram os gramados do país do futebol. Agora, vamos com o "Canhotinha de Ouro".

Nascido em 11 de janeiro de 1941, em Niterói, Gérson de Oliveira Nunes (79), é um ex-futebolista que atuava como meio-campista e encantava por seus belos lançamentos onde colocava a bola onde queria com facilidade. O ex-jogador soma passagens com destaques no Clube de Regatas do Flamengo, Botafogo de Futebol e Regatas, São Paulo Futebol Clube, Fluminense Football Club e também na Seleção Brasileira.

O Canhotinha de Ouro, como é conhecido no meio futebolístico, nasceu em Niterói e costumava jogar peladas na praia de Santa Rosa, quando foi reconhecido por suas habilidades e convidado a jogar futebol de campo. Iniciou a carreira aos 16 anos, em 1957, jogando pelo clube Canto do Rio, time da cidade de Niterói, onde disputou o Campeonato Carioca.

Início de carreira na Gávea

Foto: Reprodução/Revista Esporte
Foto: Reprodução/Revista Esporte

Em meio aos jogos, começou a se destacar e chamar atenção de olheiros, quando foi convidado por Modesto Bria, paraguaio que foi tricampeão pelo Flamengo e depois virou técnico, para treinar no clube da Gávea em 1958 e logo no início ganhou vaga no ataque dos juniores. No de ano de 1959, Gérson, foi bicampeão carioca no Rubro-Negro logo no início quando fez parte do time profissional. Os títulos foram em 1959, quando entrou para os profissionais e 1963 quando estava prestes a sair do clube para o Botafogo. Pelo Rubro-Negro, disputou 147 partidas. Venceu 86, empatou 23 e perdeu 38 vezes. Marcou 83 gols.

Gérson marcou também um momento atípico no Flamengo, quando o saudoso Flávio Costa, o técnico que mais comandou a equipe rubro-negra na história, com 784 jogos, decidiu colocar o Gérson para marcar Garrincha numa final de Campeonato Carioca em 1962. O final era premeditado, Garrincha não abaixou a cabeça para Gérson e fez tudo o que sabia. O Canhotinha de Ouro saiu muito vaiado e acusado de ser um dos motivos que deixaram o título escapar, além de ter brigado com o técnico por ter recebido uma função diferente da que desempenhava dentro de campo.

Passagem marcante pelo Botafogo

Foto: Reprodução/Revista Esporte
Foto: Reprodução/Revista Esporte

No alvinegro, foi novamente bicampeão carioca nos anos de 1967 e 1968, além do Campeonato Brasileiro, conquistado também em 1968. Atuou ao lado de craques como Garrincha, Jairzinho, Roberto Miranda, Paulo Cézar Caju, goleiro Manga, além de outros excelentes jogadores com quem fez parceria no Botafogo. Disputou a final da Taça Guanabara contra o Flamengo, que não mediu esforços ao se lembrar da época que saiu escorraçado da Gávea após os episódios anteriores, e jogou tudo que tinha para jogar concretizando o resultado de 4 a 1 para o alvinegro.

A volta de títulos no São Paulo

Foto: Reprodução/Revista Esporte
Foto: Reprodução/Revista Esporte

Em 1969, foi negociado com o São Paulo aos 30 anos de idade e, chegou ao clube em 1970, já campeão do mundo pela Seleção Brasileira. Durante a trajetória no São Paulo, ajudou a conquistar o bicampeonato paulista nos anos de 1970 e 1971. Gérson foi muito importante para o clube paulista quando ajudou a quebrar a seca de treze anos sem títulos. E nesse meio tempo, sobrou oportunidades para enfrentar jogadores emblemáticos e companheiros de seleção, Rivellino e Pelé. Com o uniforme são paulino, Gérson disputou 75 jogos. Venceu 40, empatou 15 e perdeu 20 vezes. Marcou 11 gols.

Sonho de infância realizado

Foto: Reprodução/Revista Esporte
Foto: Reprodução/Revista Esporte

Gérson voltou ao Rio de Janeiro em 1972, agora para atuar e encerrar a carreira no Fluminense, o seu time do coração. O ex-jogador apesar de ter assumido ser tricolor, também tem um grande carinho pelo Botafogo, que diz torcer pelos dois clubes quando se enfrentam. Um dos motivos cruciais para a transferência para o tricolor carioca ser concretizada, foi o desejo de jogar pelo clube do coração e também porque não gostava do clima da capital paulista, que começou a fazer mal para uma das suas filhas que tinha alergia. Em 1973, ganhou o título do Campeonato Carioca, o último de sua carreira. No ano seguinte, encerrou a carreira de jogador profissional, no momento da chegada de Rivellino ao tricolor carioca.

História de superação na Seleção Brasileira

Reprodução/Revista O Cruzeiro
Reprodução/Revista O Cruzeiro

Pela Seleção Brasileira, na equipe juvenil, Gérson estreou em 1959 com apenas 18 anos na partida do Brasil por 4 a 2 contra a Costa Rica, que disputou os jogos Pan-americanos em Chicago, nos Estados Unidos e, em 1960 as Olimpíadas. Na época, Gérson foi criticado por fazer corpo mole e não enfrentar a Seleção de Portugal. Mais tarde, foi diagnosticado posteriormente, que a causa da indisposição foram pedras nos rins. Alguns anos depois, Gérson já recuperado, mostrou que disposição tinha de sobra, marcando uma geração de craques vestindo a amarelinha, com belas atuações. O ídolo e marcante Pelé, afirmou com todas as linhas que Gérson foi um dos responsáveis pela conquista do tricampeonato.

Gérson emocionou durante o campeonato com lançamentos geniais, um deles que proporcionou o gol de Pelé ao matar a bola no peito e marcar um dos gols na goleada por 4 a 1 contra Checoslováquia. Com a camisa amarelinha, disputou 85 partidas. Venceu 62, empatou 13 e perdeu 10 vezes. Marcou 19 gols. Rendeu títulos na carreira como a Taça Bernardo O’Higgins em 1961, Copa Roca em 1963 e 1971, Copa Rio Branco em 1968, Taça Sesquicentenário da Independência do Brasil em 1972, e o título mais importante e marcante da carreira, a Copa do Mundo de 1970 no México

Desentendimento fora de campo

Foto: Reprodução/Revista Placar
Foto: Reprodução/Revista Placar

Após encerrar a carreira profissional em 1974 pelo Fluminense, Gérson marcou também fora das quatro linhas, mais precisamente em 1976, quando participou de um comercial de cigarros, a Vila Rica, onde a frase publicitária dita pelo ex-jogador não caiu bem na época. “Você também gosta de levar vantagem em tudo, certo?”. Em entrevista a UOL Esporte, em 2019, 43 anos depois da propaganda que originou a Lei de Gérson, “princípio que determinada pessoa ou empresa obtém vantagens de forma indiscriminada, sem se importar com questões éticas ou morais”, Gérson explicou que tudo isso não passou de um filme que foi criado e proposto para ele participar da campanha publicitária, e que infelizmente a frase tomou um tom pejorativo que encaminhou diversas opiniões acerca da marca de cigarro e do próprio ex-jogador.

“A frase tomou um tom pejorativo, alegando que eu queria levar vantagem em alguma coisa, mas a intenção do comercial era dizer que o cigarro, Vila Rica, era igual aos outros. Porém, com um preço mais barato, poderia ser levado em vantagem a escolha pelo cigarro. Por isso eu dizia, leve vantagem e compre Vila Rica. Essa foi a história”.

Família vencedora

Foto: Reprodução/Revista Placar
Foto: Reprodução/Revista Placar

Casado com Maria Helena, tiveram duas filhas, uma delas, a mais nova, morreu em um trágico acidente de carro, com apenas 24 anos. Gérson também é conhecido, além de Canhotinha de Ouro, como Papagaio, por gostar de falar bastante. Dentro de campo, era valente e um líder nato, ganhando bastante respeito e admiração entre os adversários. Em sua carta de despedida ao Fluminense no momento que se aposentou, Gérson disse “Sou o que sou graças ao Deus Futebol, esporte que me proporcionou muitas alegrias e, tudo o que tenho devo a ele”.