A vitória por 2 a 1 sobre o Fortaleza foi a terceira seguida do Flamengo de Domènec Torrent neste Brasileirão. Atual campeão e na busca pelo bi, a equipe carioca começou mal nas mãos do técnico catalão, logo com duas derrotas nas duas primeiras rodadas, desde lá o time não perdeu mais. Além da boa sequência com triunfos seguidos, são seis partidas sem saber o que é perder. Então, a pergunta paira: "O campeão voltou?".

Taticamente, é correto afirmar que "o campeão mudou". Ele não voltou. Este é outro Flamengo. E, sim, já com a cara de Dome. No início do Brasileiro — quando o técnico assumiu na primeira rodada —, a fase de testes e de introdução era a bola da vez. Para mudar um pouco de postura em relação ao time e filosofia deixada por Jorge Jesus assim que chegou, o catalão precisou apanhar um pouco, vide as derrotas de 1 a 0 para o Atlético-MG e 3 a 0 para o Atlético-GO. No entanto, as coisas foram tomando forma e o 4-4-2 passou a ser 4-3-3, com rodízio implantado a fim de gerar competitividade e rodagem do elenco.

Nisso, veio a primeira vitória, contra o Coritiba, ainda tímida por 1 a 0. Em seguida, dois empates oriundos de pênaltis diante de Grêmio (1 a 1) e Botafogo (1 a 1). Já se via uma postura diferente do time, mas ainda exploradora por parte de Dome. Então veio o jogo contra o Santos na Vila Belmiro. Ali foi o marco e consagração da mudança positiva de ares. Além do triunfo de 1 a 0, as diversas chances criadas — cinco, para ser mais exato — escancarou que o Flamengo começava a tornar prática a teoria de jogo dominantes entre ambas as linhas de laterais, pegando toda a intermediária ofensiva, mas que também se mostrava ligeiro para jogar via contra-ataques.

Time alternativo jogou bem contra o Bahia e mostrou que a filosofia de Dome passa pelos
Time alternativo jogou bem contra o Bahia e mostrou que a filosofia de Dome passa pelos "reservas" (Foto: Alexandre Vidal / Flamengo)

Já nas duas últimas rodadas, o ataque embalou de vez. Contra o Bahia, com marcação altíssima num adversário que pecou bastante, o Rubro-Negro não falhou em algumas das nove chances que teve e mandou 5 a 3 fora de casa. E esses três gols sofridos mostrou que o time evolui bem no ataque mas ainda deixa a desejar na defesa. O principal motivo disso é um homem a menos no meio de campo, que foi deslocado para formar o trio de ataque. A recomposição é um pouco mais espaçada, o que abre alguns buracos para o adversário atacar. O mesmo se viu no último sábado (5), no Maracanã contra o Fortaleza.

Abrir um gol de vantagem logo no começo e seguir encurralando o rival é ótimo, mas há um preço para isso. Isla, que ainda pega seu ritmo físico e de jogo, tomou um baile do ponta Osvaldo por conta das linhas altas de marcação flamenguista. Isso, bem explorado pelo time de Rogério Ceni, comprovou que alguns ajustes precisam ser feitos por Dome. E, na parte ofensiva, a intensidade foi vista principalmente no primeiro tempo, porém, no segundo, encontrou dificuldades e faltou repertório dentro da fechada e aplicada marcação nordestina.

Por via das dúvidas, Gabigol voltou ao faro de artilheiro e, após sair do banco de reservas, carimbou mais três pontos para o Flamengo e continuidade da sequência de vitórias. Agora, o Campeonato Brasileiro já vê que o principal favorito ao título da competição já está de volta, ainda se reformulando taticamente, mas desenvolvendo dentro de si aquele instinto de "bicho papão". 

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