Campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 1991, Écio Pasca comandou o nosso cometa no seu primeiro título importante da carreira ainda nas categorias de base da Portuguesa. Com um sistema tático revolucionário, conhecido como “Losango Flutuante”, o treinador foi um dos principais responsáveis por potencializar o futebol do Dener e muito mais.

Paschoal Roberto Benvenuto, o Écio Pasca, falou sobre seu primeiro contato com o ainda adolescente Dener, as dificuldades, o seu polêmico comportamento e sua, principalmente, sua habilidade com a bola. No quesito futebol, o técnico é cirúrgico:

“Depois de Pelé, Dener foi o melhor”

Confira a entrevista exclusiva com Écio Pasca na íntegra: 

VAVEL Brasil: Écio, quando foi o seu primeiro contato com o Dener? Quais foram suas primeiras impressões dele?

Écio Pasca: Eu fui treinador da seleção brasileira, que disputou o Mini Mundial em Montegui na França. Fui em vários clubes e foi em uma quadra de futsal na Vila Ede que vi o menino Dener. Fiquei muito feliz e empolgado, mas não pude convocá-lo, pois a seleção seria formada por jogadores nascidos em 1969-70. Ele era de 1971. E tinha outro problema: eu não poderia levar um número acima de 16 jogadores para uma viagem internacional para a França. As minhas primeiras impressões foram ótimas.

VAVEL Brasil: Na lista de melhores jogadores que o senhor treinou, o Dener estaria em qual posição da lista, mais ou menos? E escalaria o Dener no seu time titular dos melhores jogadores treinados pelo senhor?

Écio Pasca: Treinei várias seleções e clubes no Brasil e lá fora, joguei contra e ganhei a camisa do Pelé. Acho que depois dele, Dener foi o melhor até hoje. Aliás, em três anos treinando com o Dener nos juniores, ele sempre foi o titular, nunca o substitui. 

VAVEL Brasil: O senhor poderia contar alguma história engraçada de bastidor sobre o Dener?

Écio Pasca: Dener era um moleque e adorava brincar com todos. Em todos os lugares: nos vestiários, nos ônibus, nos almoços, nos jantares, nos cafés da manhã. Eu tenho três fatos que gostaria de relatar sobre o comportamento dele.

Confira os relatos inéditos:

Arte: Breno Astolfi, Luísa Pessoa Luca Reverdy; Edição: Isabella Molina

VAVEL Brasil: Muito se especulava que o Dener já estaria pronto para a Copa do Mundo de 1994. O senhor, que acompanhou ele tão de perto, acha que ele já estaria pronto?

Écio Pasca: Com certeza. E se Deus permitisse, ele seria titular na Copa do Mundo de 1998 e na de 2002.

VAVEL Brasil: Hoje, muito se compara o Dener com Neymar e Robinho. Muito pelo estilo de jogo de sempre partir pra cima do adversário, sem medo, buscando o drible. O que o senhor acha dessa comparação?

Écio Pasca: Na realidade do futebol brasileiro, Dener foi o primeiro a realizar dribles em alta velocidade e alta rotatividade. Gostaria de dizer que tive uma responsabilidade muito grande. Ficávamos no Canindé com refletores acesos até por volta de 22h, porque ele fintava os adversário mas não chutava a gol. De tanto eu insistir para completar a jogada com finalização, ele entendeu. Em escala menor, o estilo e a velocidade mais parecido com o Dener seria o Messi, porque o argentino dribla em sentido ao gol. Então, por questão de rotatividade, o Messi é o jogador que mais se assemelha ao eterno Dener. 

VAVEL Brasil: Quando se fala no Dener, a maioria lembra dele pelas seus dribles e gols dentro de campo. O estilo de jogo dele era um futebol alegre com a famosa ginga brasileira. Mas, e pro senhor que conviveu com o Dener nas categorias de base, como era a pessoa, o cidadão Dener fora das quatro linhas

Écio Pasca: Com o estilo de futebol menino, de rua, composto pela ginga brasileiro, o Dener foi sensacional. Nos três anos que convivi com ele, nunca tive problema disciplinar. Tanto dentro quanto fora de campo, sempre tive orgulho dele. 

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