Aos 54 anos de idade, o carioca Marcelo Cabo comandará pela primeira vez em sua carreira um grande clube de seu estado: o Vasco. É ele quem será o responsável por levar o Cruzmaltino de volta à elite do futebol nacional na temporada 2021. Cabo deixa o Atlético-GO e assina contrato válido até dezembro deste ano com o clube de São Januário e chega com três profissionais, os auxiliares Gabriel Cabo (seu filho), Fábio Cortez (que estava no sub-16 vascaíno) e o preparador físico Tiago Melsert.

Todos trâmites da negociação foram fechados no sábado (27), com a proposta oficial do Vasco passada ao empresário Alex Fabiano e a Regis Marques, que intermediou as conversas com o treinador.

Cabo estava no Atlético-GO, clube do qual se despediu no mesmo sábado (27) ao conquistar o título estadual após empatar em 1 a 1 no tempo real e vencer nos pênaltis por 5 a 3 o Goianésia. E na coletiva de imprensa concedida depois da finalíssima do Goianão, Cabo explicou os motivos de aceitar o convite do Vasco e treinar um time de divisão inferior.

"Completo quatro meses de desafios alcançados, com melhor campanha da história e Sul-Americana. Fui convidado para um grande desafio, vou dirigir um gigante do futebol brasileiro e da minha cidade. Há 12 anos que não moro no Rio. Resolvi aceitar o projeto da diretoria do Vasco, talvez fosse mais confortável ficar no Atlético. Conversei com o presidente algumas horas, coloquei para ele as minhas razões, e ele entendeu. Saio em comum acordo."

Escolhido pela diretoria esportiva dos cariocas, o treinador não fez elogios apenas à instituição Vasco da Gama, mas também ao presidente cruzmaltino Jorge Salgado e ao executivo de futebol, Alexandre Pássaro.

"Estou indo para um gigante do futebol brasileiro, que me deu essa oportunidade e acreditou no meu trabalho. Passa por uma reestruturação e confiou a mim esse trabalho técnico. Sempre tive uma meta profissional de voltar para um grande clube com o Vasco da Gama. Sei de todo o carinho e o amor que o Atlético tem por mim. Minha relação com o Atlético é diferente. Acredito na reestruturação do Vasco, na seriedade do presidente e do seu diretor. Quando saí do Rio, falei que voltaria a um dos quatro grandes. E o Vasco me abraçou, e eu abracei o Vasco. Eu mais escolhi o Vasco do que o Vasco me escolheu."

Cabo foi o preferido em decisão colegiada do departamento de futebol, que é liderado pelo executivo Alexandre Pássaro. O Vasco também estudou outros nomes, como Lisca (América-MG), Fernando Diniz (sem clube), Pintado (Ferroviária) e Umberto Louzer (Chapecoense).

O maior trabalho de Marcelo Cabo foi em 2016, quando conquistou a Série B comandando o Atlético-GO. No CSA também foi muito bem, tirando o time de uma fila de 10 anos no estadual com um bicampeonato e o recolocando na primeira divisão, competição que o clube alagoano não disputava há 31 anos.

Nada do rótulo "treinador de Série B"

"A gente trabalha todo dia para evoluir, para crescer. Tenho certeza que saio do Atlético bem mais preparado. Esse rótulo de treinador de Série B... Eu conheço bem a Série B, mas posso trabalhar em qualquer série do mundo. Fiz quase que um turno completo e com um número muito expressivo. Enfrentei adversários com muito potencial no Brasil. Minhas reuniões com o Adson e com a comissão me fizeram crescer."

Desafio grande em assumir o Vasco?

"Desafio de um clube que vai passar por reestruturação. Dirigir o Vasco da Gama é o sonho de todo treinador, todo mundo trabalha para isso. É um prazer muito grande dirigir o Vasco da Gama, um gigante no futebol mundial. Orgulho muito grande e me sinto muito lisonjeado com esse convite. O Vasco tem uma grande torcida em todo o país. Agora vou arregaçar mangas para trazer a mesma alegria para o torcedor do Vasco da Gama da que eu trouxe para o Atlético nessas duas passagens."

Carinho pelo Dragão

"Decisão muito difícil. Se fosse com o coração, jamais seria do Atlético, mas a gente avaliou bastante a circunstância. Minha vida sempre foi pautada por desafios. Prometi ao presidente que não sairia no meio da temporada. Deixo aqui meu coração, minha relação com o Adson é de amigos. Peço desculpas ao torcedor. É muito difícil para um profissional falar isso. O torcedor do Atlético sempre estará no meu coração. Ciclo terminou, mas tenho certeza que é um até breve. Com certeza vou voltar ao Dragão. Tinha a certeza que voltaria para conquistar um estadual."