Vindo para o seu segundo ano seguido disputando a Série B do Campeonato Brasileiro, o Confiança sempre teve como objetivo bem claro a permanência na divisão, algo até afirmado pelo presidente Hyago França. Mas, a fraca campanha até aqui, com apenas três vitórias em 19 jogos e consequente vice lanterna, colocam o planejamento em xeque.

Porém, para compreender a situação atual do time proletário não basta apenas justificar com derrotas ou vitórias nos jogos. São muitos os motivos que levam a situação atual, preenchendo diversos requisitos da chamada "cartilha do rebaixamento". 

Obviamente esta cartilha não existe literalmente, mas é fato que, no mundo do futebol, diversos indícios são seguidos quase que em todos os casos de rebaixamento. Com o Confiança não está sendo diferente.

Mudança de comando e queda de qualidade no elenco

Para dar o pontapé inicial, não tem como deixar de lado a mudança de comando técnico. Daniel Paulista, cheio de moral em solo sergipano pelo acesso para a Série B e responsável direto por manter o clube na divisão na temporada passada, foi desligado da equipe após a perda do título do Campeonato Sergipano para o rival Sergipe.

É claro que a prioridade do Dragão não é o campeonato estadual. O título é sempre bem-vindo, claro, mas a disputa da segunda divisão nacional é onde está todo o planejamento de um ano inteiro. Portanto, a demissão de um técnico que conhece a casa e com totais condições de evoluir ao longo da temporada, foi sim precipitada.

Seguindo adiante, Rodrigo Santana foi o nome escolhido para substituir Daniel e não conseguiu acertar o time em momento algum. A estreia com vitória diante do Cruzeiro se deu muito em função de circunstâncias nada normais em uma partida, onde os mineiros tiveram dois jogadores expulsos. Após esta vitória, a dura realidade começou a bater na porta proletária.

Olhando para a tabela de classificação, a pior defesa do campeonato. São 31 gols sofridos e nove duplas de zagueiros diferentes até aqui (em uma das oportunidades o time jogou com três zagueiros). Em apenas quatro jogos o sistema defensivo não foi vazado.

Mais que isso: Em apenas duas vezes houveram dois jogos seguidos com a mesma escalação. Somente na primeira e na segunda rodada. Não há uma continuidade na escalação. Para complementar, tem o quinto pior ataque de toda a competição, com apenas 18 bolas nas redes.

Para grau de comparação, na 19ª rodada da Série B 2020 o Confiança ocupava a 11ª colocação, com 22 gols sofridos e 21 marcados. Ofensivamente a diferença não é tanta, mas defensivamente são 11 bolas nas redes contra a mais, uma diferença gritante. No número de derrotas, se compararmos com todas as 38 rodadas de 2020, foram 16. Só nesta edição, em 19 jogos, foram 12.

Por fim, a diferença de qualidade do elenco de 2020 para o atual é gritante. Jogadores como Thiago Ennes, Guilherme Castilho, Reis e Renan Gorne, que foram fundamentais para a manutenção anteriormente, foram substituídos por nomes como Marcelinho, Gilberto, Luidy e Willians Santana, que em nada agregaram até aqui.

Fato é que os proletários vem caminhando a passos largos rumo ao descenso para a Série C. Da cartilha de rebaixamento já cumpriu a mudança exagerada de técnico, má formação do elenco e total falta de continuidade em busca de um time titular. Parece ser apenas questão de tempo até que a aventura azulina na Série B tenha fim.