O dia 06 de janeiro de 2021 foi marcante para Danilo das Neves Pinheiro. Mais conhecido como Tchê Tchê, o volante, que estava no São Paulo à época, viu a equipe ser derrotada por 4 a 2 para o Red Bull, em Bragança Paulista, em jogo válido pela 28ª rodada do Campeonato Brasileiro 2020 - por conta da pandemia, o torneio invadiu o ano seguinte. Para o atleta, entretanto, a derrota foi ainda mais amarga por outro motivo.

Aos 24 minutos do primeiro tempo, quando a partida já estava 3 a 1 a favor do clube bragantino, Fernando Diniz, técnico tricolor, dirigiu palavras pesadíssimas ao atleta, que reclamava do fato de não conseguir repreender os companheiros como muitos faziam com ele:

"Seu ingrato do c******, seu perninha do c******, seu mascaradinho. Vai se f****".

As palavras marcaram a derrocada do SPFC no Brasileirão 2020, que começou o ano com sete pontos na liderança do certame e acabou o torneio na quarta colocação. Em entrevista nesta terça-feira (31) ao podcast PodPah, Tchê Tchê abriu o jogo sobre a situação.

Na visão dele, a longa relação que sempre teve com Diniz o deixou abalado. "Não foi um negócio saudável para mim. Eu fiquei com muita raiva, uma raiva incontrolável. O cara me conhecia, tinha uma ligação forte. Então acho que foi uma coisa desnecessária", pontuou o jogador. Antes do São Paulo, eles atuaram juntos no Audax, surpreendente vice-campeão paulista de 2016. 

Dando mais detalhes sobre o que aconteceu, ele seguiu. "Não fez mal só para mim escutar essas coisas. Beleza, eu escuto, já ouvi coisa pior. Entra por um ouvido e sai pelo outro. Eu sei quem eu sou. Mas, depois do jogo, você vê a proporção que o bagulho tomou, você chegar em casa todo mundo mal, seu pai te ligar chorando", pontuou. Ainda falando sobre a família, Tchê Tchê seguiu desabafando. "É totalmente na contramão dos princípios que eu fui criado. Não sou mala, não sou perna, não sou arrogante, não sou uma pessoa que ninguém pode falar comigo que eu vou virar de cara de feia", comentou.

Desculpas e "ação" da diretoria

A situação, de acordo com muitos, fez com que o ambiente no clube mudasse completamente. O atleta afirmou que o técnico pediu para que ele se desculpasse com a família do jogador - o que foi rejeitado: "Eu não vou chegar e eu pedir desculpas por ele", comentou. 

A falta de respaldo da diretoria, de acordo com o volante, também foi marcante - e negativa. "Eu não me sentia à vontade, ninguém me protegeu no clube. Ninguém tomou a frente do bagulho", finalizou.

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