Desde a demissão de Roger Machado, que pouco agradou os tricolores devido ao futebol feio e marcado pela “mesmice”, o Fluminense conseguiu algo que até então parecia impossível: evoluir. O elenco, embora muito mal montado pelo presidente Mário Bittencourt e o líder do futebol Paulo Angioni, ganhou a famosa oxigenação típica da troca de treinadores e começou a mostrar leves melhoras.
Porém é muito pouco. Marcão, que mais uma vez assume o comando após a demissão de um treinador, teve pouca herança de Roger e está aplicando seu trabalho praticamente do zero. Quando Fernando Diniz foi demitido, Marcão usou a base do “toque de bola” e iniciou a partir disso. Quando Odair Hellmann trocou o Fluminense pelas altíssimas cifras do mundo árabe, o ídolo tricolor se pautou na bela defesa deixada por Hellmann e solidificou o time, que conseguiu a classificação para a Libertadores.
A partida desta terça-feira (7) contra a Chapecoense, em Chapecó, deixou claro que ainda há muito trabalho a ser feito. Pela primeira vez em muito tempo, o Tricolor fez 2 a 0 em 18 minutos e dominou a partida com movimentação, saída de bola qualificada e compactação no meio campo.
A animação e esperança dos torcedores, mesmo que contra um dos piores times do continente, deu lugar a boa e velha mesmice. Se a Chapecoense fosse ligeiramente melhor, poderia ter virado o jogo ainda antes do intervalo, esbarrando em belas defesas do contestado (com razão!) goleiro Marcos Felipe. Marcão fez mexidas terríveis e os tricolores se viram implorando para o relógio passar contra o lanterna do campeonato. Coisas da vida (ou melhor, coisas do Fluminense de 2021).
Dando destaque ao que merece
Uma das críticas dos torcedores sempre foi a presença de jogadores considerados pesados e de pouca movimentação. É o caso de Fred, Nenê, Egídio e companhia, que de fato estão claramente em fim de carreira. Fred, um dos grandes ídolos da história do Fluminense, foi poupado no duelo da última terça-feira e deu lugar a Bobadilla, que finalmente teve a chance de jogar uma partida desde o início e o resultado foi positivo: pivô, dominância física e gol.
Além disso, os torcedores foram agraciados por mais uma bela atuação de André, cria de Xerém que chamou o meio campo de seu desde que conquistou a vaga de titular. O atleta de 20 anos tem uma primeira bola de muita qualidade, movimentação nos três terços do campo e visão de jogo diferenciada, coisa que os veteranos Wellington e Hudson jamais fizeram.
Vale lembrar que se dependesse da cúpula do futebol do Fluminense, André estaria emprestado ao Botafogo ou CRB, preterido pelos jogadores mais velhos (ficou no elenco graças a lesão grave de Hudson). O erro de avaliação é só mais um que permeia as Laranjeiras desde o início da temporada.
Chance de recomeço e esperança de Libertadores
Como bem diz o título desse texto, enfim o tricolor pode olhar para cima e pensar no “recomeço” dentro do Campeonato Brasileiro. Na parte de cima da tabela, Marcão sabe o que precisa fazer para melhorar o time e a volta de Caio Paulista, que ficou lesionado por 44 dias, e a contratação de Jhon Arias, que vem se mostrando uma bola dentro da diretoria, pode ser o gás que faltava. A pergunta é, isso vai acontecer? Marcão tende a “sentar no resultado” sempre que sai na frente e isso se mostra tão útil quanto as mexidas do jogo vs. Chapecoense.
Alô, Marcão! Vamos deixar de lado os veteranos que em nada somam e colocar a molecada para jogar? Menos “jogadores táticos”, que no futebol brasileiro é uma forma carinhosa de chamar alguém de ruim e mais jogadores de FUTEBOL. Futebol, esse esporte que tanto amamos, mas que cada vez mais o Fluminense faz questão de não praticar.
O que vem pela frente?
Classificar para a Libertadores é obrigação por 1) investimento (mal) feito nesse elenco e 2) G4, G5, G6, G7, G8. Só os deuses do Futebol sabem até onde vai. Será que o Fluminense não consegue mesmo ficar na parte de cima da tabela?
Eu acho que consegue. O Marcão, pelas entrevistas, também. Cabe aos jogadores entenderem que precisam repetir os 20 minutos iniciais contra a Chape, não os outros 70.
Obs: 70, camisa de Caio Paulista, que até ontem era odiado e hoje é amado. Fluminense tem dessas: tirar de onde se acha que não tem. Dessa vez tem: 19 rodadas para esquecer a mesmice e jogar futebol.