Na tarde desta quinta-feira (18), o STJD devolveu ao Brusque os três pontos que havia tirado pelo caso de injúria racial sofrido pelo atleta Celsinho, do Londrina, em partida pela Série B. O caso ocorreu em 28 de agosto, no estádio Augusto Bauer, em partida que terminou sem gols. O Tribunal aplicou multa financeira, além de perda de mando de campo.

Há cerca de dois meses, no dia 24 de setembro, o Supremo Tribunal de Justiça Desportiva julgou um caso de racismo na Série B. O acusado, O presidente do Conselho Deliberativo do BrusqueJulio Petermann, teria se referido a Celsinho, jogador do Londrina, com xingamentos e a seguinte frase: 

"vai cortar esse cabelo seu cachopa de abelha"

Além disso, os julgadores haviam levado em consideração uma nota oficial emitida pelo Brusque rechaçando que tivesse havido racismo contra Celsinho. No dia seguinte, o Quadricolor fez outro posicionamento público pedindo desculpas.

O julgamento acarretou na perda de três pontos para o Brusque, que agora luta contra o rebaixamento na segunda divisão. No entanto, nesta quinta-feira (18), o recurso do Quadricolor foi julgado e a pena máxima (a perda dos pontos) foi retirada. A multa financeira foi mantida para o clube e também para o presidente do Conselho Deliberativo da equipe.

O julgamento inicial

O Brusque foi enquadrado no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) por "praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito". A regra diz que "caso a infração prevista neste artigo seja praticada simultaneamente por considerável número de pessoas vinculadas a uma mesma entidade de prática desportiva, esta também será punida com a perda do número de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da competição, independentemente do resultado da partida, prova ou equivalente".

A defesa do clube catarinense entendeu que foi um caso isolado e de não extremidade gravíssima, além da punição injusta e decidiu recorrer.

Decisão final do STJD

Às vésperas do Dia da Consciência negra (20 de novembro), o julgamento foi marcado e o Brusque conseguiu reverter a punição para medidas financeiras. 

No julgamento desta quinta-feira (18), o Quadricolor teve seis votos favoráveis para recuperar a pontuação perdida e apenas dois votos contra (sendo um deles o do relator). Não há mais possibilidades de recurso na esfera esportiva.

Como fica a tabela

Recuperados os pontos, o time catarinense fica bem mais tranquilo em relação à luta contra o rebaixamento para a Série C. O time agora soma 44 pontos, subindo para a 14ª colocação e se distanciando do Z-4.

O Londrina, time de Celsinho, não faz um bom campeonato e é apenas o 17º com 41 pontos. O primeiro time fora da zona de rebaixamento é o Remo, que também tem 41 pontos. Restam apenas duas rodadas para o fim da competição.

A VAVEL Brasil acompanhou e produziu conteúdos sobre o caso desde o ocorrido. Para entender mais, você pode acessar estes links:

 

Nota oficial do STJD:

O Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol julgou nesta quinta, dia 18 de novembro, o recurso do Brusque por injúria racial cometida por um dirigente do clube contra o atleta Celsinho, do Londrina. Por maioria dos votos, os auditores devolveram os três pontos retirados em primeira instância e puniram o Brusque com a perda de um mando de campo, mantendo a multa de R$ 60 mil ao clube e a pena de 360 dias de suspensão mais a multa de R$ 30 mil ao dirigente Júlio Antônio Petermann.

Diante do Pleno, os atletas do Brusque, a Ponte Preta e o Vitória, além das Federações Paranaense, Catarinense e Bahiana ingressaram como terceiros interessados no processo.

O atleta Celsinho acompanhou o julgamento desde o início e falou sobre o episódio.

“Não se trata de um torcedor, uma pessoa que não tenha controle, trata-se de um presidente do conselho, de uma pessoa que deveria dar o exemplo e fazer o melhor. Uma pessoa que estava no estádio e que o clube autorizou. Sou pai de dois filhos, tenho que dar esclarecimentos por conta dessa e de outras situações. Tenho um filho que me pergunta se já acabou esse problema do meu cabelo e das pessoas me xingarem. Como presidente do conselho ele deveria dar o exemplo”, disse o atleta, que ainda falou sobre os desdobramentos do caso em sua família e vida pessoal.

“Quando cheguei já me deparei com a situação. Meu filho de 14 anos já entende e a repercussão e o peso que causa isso. Me deparei com meu filho chorando e o de cinco anos tentando entender e perguntando se a gente deveria cortar o cabelo. Isso me causou um dano muito grande não só no profissional, mas no pessoal também. A nota do clube também foi absurda. Não fui para o Brusque pedir para passar por isso. Não sou dessa maneira e não quero ficar vinculado e ser motivo de chacota em todos os estádios que eu vá”, concluiu afirmando ter tomado as medidas criminais e cíveis cabíveis.

A nota completa está no site do STJD.